A história da C.R. Patterson & Sons’ começa como uma montadora com destino similar a outros tantos pequenos negócios em cidades do interior dos EUA. Entretanto, durou 74 anos abrangendo três gerações. Isso mesmo apesar de mudanças nos negócios durante o período de desenvolvimento tecnológico e enorme discriminação racial.
Na época do presidente Woodrow Wilson havia até segregação nos banheiros do país e filmes que exaltavam a Klu Klux Klan eram considerados entretenimento aceitável. Desse modo, é notável que uma fabricante de carros de propriedade de negros tenha prosperado em meio a tanto preconceito.
História de sucesso com um começo improvável
Criada em Greenfield, Ohio, a CR Patterson & Sons de Greenfield, produziu o automóvel Patterson-Greenfield entre 1915 e 1918. Embora a fabricante seja pouco conhecida nos dias atuais, sua importância histórica não pode ser esquecida. Afinal, foi a única (e continua até hoje) empresa automobilística de propriedade e operação afro-americana.
O fundador Charles Richard Patterson nasceu em 1833 na Virgínia – já na condição de escravo. Mas pouco se sabe sobre sua história de vida até se estabelecer em Ohio, se ele comprou a liberdade ou apenas escapou. Mas aprendeu habilidades de ferreiro e começou a trabalhar na fabricação de carruagens até finalmente fundar a CR Patterson & Sons em 1893.
A era dos automóveis
Quando Patterson morreu, em 1910, seu filho Frederick passou a tomar conta da fábrica. Formado na universidade, foi o primeiro atleta negro a jogar futebol americano pela Ohio State University. Ao assumir o negócio de seu falecido pai, Frederick entendeu que a era das carruagens estava chegando ao fim.
Assim, a empresa começou a oferecer serviços de reparo e restauração para automóveis, que começavam a proliferar nas ruas. Inicialmente, o trabalho envolvia repintura de carrocerias e estofamento de interiores, mas conforme a loja ganhava mais experiência com motores e transmissões, começaram a oferecer atualizações e melhorias para sistemas elétricos e mecânicos.
Essa experiência permitiu que a CR Patterson & Sons desse o próximo passo em sua própria história. Em 1915, lançaram o Patterson-Greenfield com preço de US$ 685 (cerca de R$ 4.200). Com os pedidos entrando, a CR Patterson & Sons se tornou oficialmente uma fabricante de automóveis.
Ao longo dos anos, criou modelos cupês e sedãs. Os carros eram equipados com motor Continental de quatro cilindros com 30 cv de potência, eixo traseiro flutuante, partida e iluminação elétricas e para-brisa dividido para ventilação.
Fim de linha
Mas o sucesso inicial acabou se mostrando passageiro. Isso porque outras montadoras começaram a mecanizar suas linhas de produção, então lojas artesanais independentes não conseguiam competir – tanto em volume quanto em preço. Assim, peças e suprimentos eram caros e difíceis de encontrar para comprar em pequenas quantidades, enquanto os principais fabricantes tinham acesso a esses itens por valores bem menores. Além disso, as horas de trabalho por carro eram muito maiores que em grandes linhas de montagem. Como resultado, a margem de lucro em cada Patterson-Greenfield era baixa.
Por fim, em 1918, a CR Patterson e Sons interrompeu a produção de carros e voltou a focar em serviços de reparo. Nos anos 1920, começou a fazer carrocerias de caminhões e ônibus para serem instaladas em chassis de outras montadoras. Entretanto, com a Grande Depressão, em 1929, os negócios ficaram mais escassos por conta da queda no mercado de ações e dificuldade de obter empréstimos. Mesmo assim, a empresa – agora administrada pelos filhos de Frederick – durou ainda mais 10 anos, fechando definitivamente as portas em 1939, após 74 anos.
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