O mercado de picapes nunca esteve tão em alta no Brasil. Por isso, a Ford lançou a Maverick no País logo no começo de 2022 como opção abaixo da Ranger. Pelo tamanho, o modelo veio desafiar a Toro. Mas até agora não abalou as vendas da picape da Fiat. Entretanto, a partir desta quinta-feira (25), a marca norte-americana passa a disponibilizar a Maverick Hybrid. O preço é exatamente igual ao da versão Lariat FX4: R$ 244.890.
O principal atrativo do modelo mexicano é ser a primeira picape com mecânica híbrida no País. Assim, no lugar do potente motor 2.0 turbo EcoBoost a gasolina de 253 cv, a Maverick Hybrid traz o 2.5 de quatro cilindros – também a gasolina – conectado a outro motor elétrico. Juntos, desenvolvem potência de 194 cv e 21,4 mkgf de torque máximo. Além disso, ao contrário da configuração FX4, que tem tração integral, a picape híbrida tem tração dianteira.
Já que começamos pela mecânica, vamos às vantagens do modelo da Ford frente à Fiat Toro Ultra a diesel. Na Maverick Hybrid, um dos destaques é a autonomia de 800 km. Mas não tem mágica. Para conseguir economizar combustível e energia, o motorista evidentemente precisa acelerar de forma moderada, sobretudo na cidade. Assim, vai aproveitar melhor a regeneração de energia a partir das frenagens e constantes paradas.
De acordo com a Ford, são 15,7 km/l na cidade, 13,6 km/l na estrada e 14,6 km/l de consumo combinado. O tanque de combustível tem 57 litros. Já a bateria de células de íons de lítio tem potência de 27 kW e capacidade de 1.1 kWh.
Números de aceleração
Apesar do foco na economia de combustível, a Maverick Hybrid tem números interessantes. A aceleração de zero e 100 km/h, por exemplo, leva 8,7 segundos. Portanto, um pouco mais lenta que a configuração 2.0 EcoBoost, que realiza o feito em menos de 8 segundos. Acelerações e retomadas são vigorosas na picape da Ford. O torque aparece inteiro a 4.000 rpm.
Quem ajuda no desempenho é o câmbio e-CVT. À primeira vista, algumas pessoas podem estranhar o seletor giratório no lugar da alavanca. Mas é bem prático. De acordo com a Ford, a transmissão faz as trocas de tração entre elétrica e a combustão de forma automática. Inclusive, a tecnologia permite adaptação ao modo de condução escolhido. São cinco: Normal, Rebocar, Escorregadio, Eco e Esportivo. Assim, alteram as respostas da picape ao volante.
Neste primeiro contato, agradou o isolamento acústico e o silêncio a bordo, principalmente na cidade, onde se prioriza o uso do motor elétrico. O sistema de suspensões (independente McPherson na frente e eixo de torção atrás) tem amortecedores hidráulicos, para moderar os chacoalhões. A direção tem respostas rápidas e a ergonomia é ótima.
Nada de controles semiautônomos
A Maverick Hybrid não tem recursos semiautônomos, como controle de cruzeiro adaptativo (ACC), assistente de manutenção de faixa e farol alto automático. Além disso, também não tem sensor de ponto cego. A Ford, entretanto, tenta compensar com espelhos mistos – com uma área convexo nas extremidades. Na prática, até dificulta a visibilidade. Mas, como é comum no mercado norte-americano, a Ford não mexeu nisso e trouxe o modelo assim
Dimensões e capacidades
Na parte externa, a Maverick híbrida não muda praticamente nada na comparação com a versão FX4. A pegada urbana é a mesma. As linhas que seguem o DNA da Ford, com grade (que tem comando ativo) e faróis full LEDs em formato de “C”. As rodas têm acabamento diamantado. As medidas também são iguais. Portanto, tem 5,07 metros de comprimento, 3,08 m de entre-eixos, 1,74 m de altura e 1,84 m de largura. Assim, é um pouco maior que a Toro.
Já a altura em relação ao solo é de 211 milímetros. Com isso, o centro de gravidade é mais baixo e a picape é bastante estável ao volante. Sem contar que, quanto mais baixo, mais fácil o acesso à cabine e à caçamba. Mas pode ser mais fácil raspar em valetas e buracos.
Na caçamba, são 938 litros de volume. Dentre as vantagens, o compartimento tem cobertura plástica, dois compartimentos (um em cada lado), oito pontos de fixação e uma tampa leve – faltou amortecedor. Entretanto, a Ford poderia oferecer capota marítima que, aliás, é fundamental nesse tipo de veículo – sobretudo, com esse preço. Mas não há (apenas como acessório).
Na paleta de cores há 10 opções. A novidade é o azul Atlas, que substitui o azul da FX4. No mais, tem opção de pintura vermelho Aurora, laranja Délhi, azul Lyse, azul Malacara, cinza Dover, prata Orvalho, cinza Torres, preto Astúrias e Branco Ártico (sólidas).
Interior
Da porta para dentro, nada de diferença na comparação com a Maverick FX4. Continua abusando dos plásticos, mas com ótimo acabamento e alta tecnologia. Destaque para a telinha de 6,5″ no meio do quadro de instrumentos – o restante é analógico – e o multimídia com tela de 8″. Perde para concorrentes como a Toro, por exemplo, que tem tela de 10,1″, mas é funcional e permite espelhamento (com cabo USB) com Android Auto e Apple CarPlay. Ao lado, há um nicho pequeno de pouca utilidade.
Na tecnologia, aliás, a Ford destaca o sistema Sync e o Ford Pass Conect. O aplicativo para smartphones permite comandar funções de forma remota. Por exemplo, dá para travar e destravar as portas, dar partida no motor (ou agendar), acionar o alarme e ver dados de bordo. Por meio do App também é possível checar a pressão dos pneus, agendar serviços na rede autorizada e até monitorar a vida útil do óleo. O manual do proprietário está nele.
Ademais, a lista de equipamentos tem ar-condicionado de duas zonas, chave presencial, volante multifuncional com assistência elétrica e regulagem de altura e profundidade. Os bancos dianteiros também têm regulagens. Entretanto, só o do motorista conta com comandos elétricos.
Compartimento menor
Na parte de trás, o assento tem aquela posição mais vertical que é comum em picapes e incomodam em longas viagens. No entanto, a Maverick traz um trunfo: há um compartimento de 58 litros sob o assento. Na versão são 73 litros e, de acordo com a Ford, isso se deve ao tamanho e posicionamento da bateria – que fica sob o assoalho e tem 27 kg.
Na segurança, a Maverick Hybrid oferece sete airbags, frenagem automática com detecção de pedestres e ciclistas, frenagem pós-colisão, farol com acendimento automático, câmera de ré, entre outros recursos. Controles de estabilidade e de tração também são de série.
Por fim, a Ford pretende que o lançamento da Maverick híbrida aumente as vendas da picape. Entretanto, a montadora guarda a expectativa a sete chaves. As primeiras unidades serão entregues aos compradores nas próximas semanas. Tem 3 anos de garantia e 8 anos de cobertura da bateria.