A resposta da Fiat para o mercado das picapes médias tem nome: Titano. No mercado há alguns meses, a picape tem entre seus principais atributos o preço, que na versão topo de linha Ranch, custa R$ 259.990, valor menor que as versões equiparáveis de rivais como Ford Ranger e Chevrolet S10. Mas o baixo preço tem seus prós e contras. Para isso, passamos uma semana com o modelo, e te contamos como foi.
Com pouco mais de 3 mil vendas acumuladas desde seu lançamento, em março desse ano, o modelo amarga na lanterna entre as picapes médias mais vendidas do Brasil. Um dos problemas seria o atraso na liberação alfandegária, uma vez que a picape vem importada do Uruguai, onde é montada, algo que atrasou sua chegada aos concessionários. Algo que a concorrência não tem de lidar, por exemplo.
A picape, derivada da irmã Peugeot Landtrek, que por usa vez é um projeto da chinesa Changan (Kaicene F70), pode até ter emblemas e nomes vindos da Fiat, mas não esconde suas raízes. Debaixo do capô e em etiquetas espalhadas pelo modelo, é possível ver sua real origem. Fabricada pela Nordex no Uruguai, tem suas peças vindas da China. Seu projeto original é de 2019.
Visual e boa distância do solo agradam
No primeiro contato, o visual empolga. Com proporções bem resolvidas e cromados pontuais, a picape tem visual agradável e chama a atenção por onde passa, atraindo olhares de curiosos que pensam se tratar de uma nova Toyota Hilux, por exemplo. Joga a seu favor também a maior caçamba da categoria, com 1.314 litros – na Ranch, cai para 1.220 litros, em razão do protetor de caçamba. Em uma pequena viagem para a Região dos Lagos (RJ), a picape comportou bem demais bagagens, e pouco se escuta da carga deixada lá atrás.
Além disso, outro ponto positivo é a boa altura do solo. Com 23,5 cm de distância, vence buracos, meios-fios e quebra-molas com facilidade, e até com certa maciez da suspensão, que aparenta estar trabalhada para pisos ruins mesmo. Outra dica que facilita a análise são os pneus de uso misto, de medida 265/60 R18, que mostram mais vocação para a terra do que para o asfalto, por exemplo.
Titano Ranch peca na convivência diária
Nisso, há alguns pênaltis a comentar. A suspensão parece mais voltada para o uso “bruto”, e falta refino em condução urbana, por exemplo. Em piso ruim, muito da vibração passa para a direção, ainda hidráulica. Nossa unidade de teste, com pouco mais de 5 mil km, também rangia na suspensão traseira sempre que provocado o conjunto, algo inesperado em uma unidade tão nova.
Além disso, o motor turbodiesel, ainda que interessante aos entusiastas e saudosos de picapes do passado, invade a cabine trazendo barulho e vibrações, e pode incomodar o público mais acostumado com modelos mais silenciosos e modernos. Por dentro, o interior tem suas decepções, como botões e a alavanca de mudança de marchas, que parecia frouxa.
Além do excesso de plástico, a picape ainda não conta com saídas modernas para carregamento celular, seja via USB-C ou indução (algo já existente na concorrência), restando apenas a boa e velha saída USB comum (os itens podem ser adquiridos opcionalmente, e juntos, custam R$ 1096,05). A multimídia de 10 polegadas, por sua vez, é lenta e ainda requer o pareamento do sistema Android Auto/Apple CarPlay via cabo, por exemplo. Trocar estações de rádio é difícil e exige disposição. Na caçamba, a tampa não trancava com o acionamento das travas elétricas, exigindo a remoção da chave do controle sempre ao estacionar.
Motor 2.2 Turbodiesel é suficiente e robusto
Entre os pontos positivos, destaca-se a boa posição de dirigir, favorecida pelo ajuste elétrico do banco do motorista, e 6 airbags para motorista e passageiros. Apesar dos entraves, a multimídia é bem posicionada e distrai pouco o motorista. Em pequenas manobras, a câmera 360° aciona automaticamente e facilita a vida do motorista. Além disso, o acionamento da função ‘Sport’ na transmissão tornava a picape bem mais esperta, e até prazerosa de guiar.
Falando em desempenho, o 2.2 Turbodiesel de 180 cv e 40,8 mkgf de torque a 2 mil rpm é suficiente e oferece bons níveis de consumo (8,5 km/l/9,2 km/l na cidade e estrada, respectivamente). Robusto, tem a seu favor a ampla rede de concessionárias da marca, habituadas a tratar das vans Ducato (e suas irmãs do grupo Stellantis). Além da transmissão automática de seis marchas, o botão de acionamento da tração 4×4 (incluindo 4×4 com reduzida) é bem posicionado e de fácil operação.
Conclusão
Em suma, apesar dos entraves, a Titano Ranch é, ao menos, honesta ao que se propõe. Uma picape de chassi sobre longarina, que apesar do projeto antigo e necessitado de atualizações, oferece itens como assistentes de condução (controle de partida em aclive e assistente de descida), bons itens de série e um preço competitivo frente às rivais que encabeçam o segmento.
Para se ter uma ideia, a Titano Ranch se coloca entre rivais (4×4 e AT) como Toyota Hilux SR AT (R$ 277.890) e Chevrolet S10 WT (R$ 272.790). Na Ford, a rival mais próxima da Ranch é a Ranger XLS 2.0 AT, por R$ 264.990, colocando a opção da Fiat como um modelo a se considerar. Entretanto, a Titano também disputa espaço contra modelos menos tradicionais como VW Amarok e Mitusbishi L200, e precisa melhorar para ultrapassar as rivais.
Prós:
Visual acertado, boa posição de dirigir, consumo e robustez no fora de estrada
Contras:
Ruidosa, multimídia datada e pouco prática, vibrações excessivas, qualidade dos materiais internos pode melhorar
Ficha técnica: Fiat Titano Ranch
- Preço: R$ 259.990
- Motor: 2.2, turbodiesel, 4 cilindros em linha, 2.179 cm3
- Potência: 180 cv
- Torque: 40,8 mkgf
- Câmbio: Automático, 6 marchas; tração 4×4 com reduzida
- Peso: 2.150 kg
- Comprimento: 5,33 m
- Altura: 1,86 m
- Largura: 1,96 m
- Entre-eixos: 3,18 m
- Caçamba: 1.109 litros (1.020 kg)
- Consumo cidade/estrada: 8,5 km/l/9,2 km/l
- Suspensão: Independente (D); eixo rígido (T)
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