O primeiro Mercedes-Benz Classe C chegou ao Brasil em 1994, menos de um ano após estrear na Europa. Na época, era chamado de “Baby Benz”, por ser o menor sedã da marca. Pois logo fez sucesso por aqui, seja pela estrela de três pontas na grade, seja pelo refinamento ao volante. Agora, 27 anos se passaram e o Classe C chega à sexta geração. Mudou tudo de novo.
O novo Classe C está mais potente, mais tecnológico e, consequentemente, mais interessante. Ou seja, a nova geração tem tudo para atrair a clientela brasileira. De acordo com a Mercedes-Benz, o sedã já chegou a representar cerca de 50% das vendas da marca no País. Entretanto, há um ano, o modelo deixou de ser feito localmente, na fábrica de Iracemápolis (SP) – vendida neste ano aos chineses da Great Wall Motors.
Dia de conhecer a versão 2022
À convite da Mercedes-Benz, o Jornal do Carro acelerou a linha 2022 do sedã em primeira mão no Brasil. Por ora, em circuito fechado. Vale destacar que o modelo começou a ser vendido na Europa em março deste ano. Agora na sexta geração, foi completamente reformulado e traz até itens do Classe S, o maior e mais caro sedã da marca da estrela de três pontas.
São 65 cv de diferença entre as versões de 1994 e a atual. No modelo 2022, o quatro cilindros em linha, de 2,0 litros, entrega potência de 258 cv e um torque de 40,8 mkgf. E não é só isso. O sistema híbrido leve adiciona um elétrico de 48 Volts, chamado de EQ Boost. Por meio dele, o Classe C desenvolve até 27 cv extras, bem como 20,4 mkgf a mais de torque. A tração é traseira e o câmbio automático tem 9 marchas.
Preço e conteúdo
Por R$ 399.900, a versão C 300 AMG Line já está em pré-vendas no Brasil. Mas, aos concessionários, chega só na segunda quinzena de janeiro. Notou que o modelo é bastante caro quando comparado à concorrência? O arquirrival BMW Série 3, por exemplo, parte de R$ 279.950 na versão de entrada. Ou seja, uma diferença que supera R$ 100 mil.
Mas o alto preço praticado no Brasil é justificado pelo pacote escolhido pela Mercedes-Benz. Entre os mimos, oferece – pela primeira vez na linha – ar-condicionado de quatro zonas. Os bancos da frente têm memória e aquecimento. E o novo Classe C será o primeiro modelo da marca a trazer a última versão da multimídia MBUX com assistente virtual. Disponível por ora apenas no novo Classe S (que ainda não chegou aqui), o sistema de Inteligência Artificial está mais esperto que nas gerações anteriores.
Outra novidade é a tela central do Classe C, que, enfim, é sensível ao toque. E que tela! Afinal, são 11,9 polegadas em disposição vertical, tem excelente resolução e comandos fáceis. O Apple CarPlay e o Android Auto tem conexão sem uso de fios. Além disso, há carregador de smartphone por indução. No mais, tem a nova geração do Mercedes-Benz User Experience (MBUX). Ou seja, o carro obedece aos comandos de voz e tem até realidade aumentada da navegação por GPS.
Tanto conteúdo é a explicação para o atraso do modelo em chegar ao Brasil. Era para outubro, mas a crise dos semicondutores possibilitou a chegada dos primeiros carros somente agora em dezembro.
O interior, em síntese, é completamente novo. Desde o volante até o painel e os revestimentos das portas abrigam teclas sensíveis ao toque. Contudo, na prática, os comandos não são tão fáceis de lidar. Neste primeiro contato, simples ações como aumentar o volume do rádio ou ajustar os retrovisores exigiram maior atenção. Todavia, o acabamento é primoroso.
Primeiro contato
O encontro no Haras Tuiuti, no Interior de São Paulo, estava agendado para o período da manhã. Após as devidas apresentações, hora de admirar um pouco o sedã, que conta com o pacote AMG Line nesta linha 2022 – inclusive, com opção de cor fosca para a carroceria. Assim – como sugere o sobrenome -, o novo Classe C ganhou ares esportivos da AMG. A versão C63 deve vir ao Brasil, mas ainda não se sabe quando, diz a fabricante.
Em linhas gerais, o para-choque dianteiro tem novos contornos, os faróis estão mais alongados e as lanternas – pela primeira vez no Classe C sedã – invadem a tampa do porta-malas. A iluminação é Full LEDs. As rodas têm 19″ e, com tampa traseira mais alta (onde há um spoiler traseiro no estilo AMG), o porta-malas foi de 450 para 455 litros.
Entretanto, a cereja do bolo é a nova grade. Não pelo friso cromado que ladeia o famoso logotipo da marca, mas pelas diversas estrelinhas que compõem a grelha e dão um acabamento esportivo.
Uma vez a bordo, hora de dar a partida por meio do botão no painel. Ao assumir o volante, é completamente compreensível o motivo de o Classe C já ter conquistado 40 mil brasileiros desde 1994 – e vendido mais de 10 milhões de unidades em todo o mundo.
A aceleração progressiva e os engates quase imperceptíveis do câmbio – que ganhou mais rapidez e conforto, garante a Mercedes-Benz – tornam a condução extremamente prazerosa. A única ressalva é o pedal do freio, que é demasiadamente leve. A princípio, causa estranheza. Mas é algo que o motorista do Classe C vai se acostumar.
6 segundos até os 100 km/h
Com 1.675 quilos, o sedã não se faz de rogado quando pisamos no pedal da direita. Até os 100 km/h são 6 segundos. De acordo com a Mercedes-Benz, são 250 km/h de velocidade máxima. Não deu para chegar ao limite, mesmo na pista, mas não foi por receio, afinal, há assistentes de frenagem e ativo para manobras de evasão. O que, aliás, recarrega o motor de 48V.
Assistentes de faixa e de ponto cego também estão no pacote. Assim como os cinco modos selecionáveis de condução, que vão do mais econômico ao mais esportivo. Um adendo: ao contrário de alguns modelos, o modo Eco não gera perda de potência do ar-condicionado.
No Sport, entretanto, a grande sacada é a mudança de faixa de pressão da turbina. Inclusive, o som do motor pode ser ouvido por meio dos alto-falantes. O ronco do motor muda. E nada de comprometer o conforto. Ponto para a suspensão Comfort, que está longe de ser molenga – tem rigidez na medida certa, entregando excepcional equilíbrio dinâmico.
Ao volante, para acompanhar as informações do painel de instrumentos (neste caso, uma tela de 12,3″ com sete opções de personalização), é possível contar com o head-up display. Dessa maneira, não é necessário tirar os olhos da pista. E foi uma pena não estar de noite, afinal, os faróis – com assistente adaptativo de luz alta – tem alcance de 600 metros.
Findo o trabalho, hora de estacionar (tem Park Assist e câmera 360 graus), fechar o teto solar panorâmico e, por fim, tiro o celular de uma das entradas USB espalhadas pela cabine. Antes, aquela última fuçada no pacote de luz interior, que oferece 64 tons. O Mercedes-Benz Classe C nunca esteve tão moderno e cheio de eletrônicos.