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Teste: Volvo XC40 elétrico mostra que novo carro de luxo não emite gases
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Teste: Volvo XC40 elétrico mostra que novo carro de luxo não emite gases

Volvo XC40 Recharge elétrico começa a ser entregue aos clientes brasileiros e mostra que a eletrificação é realidade para os carros de luxo

Vagner Aquino, especial para o Jornal do Carro

17 de set, 2021 · 14 minutos de leitura.

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Ranking volvo
Volvo XC40 tem mais de 100 unidades vendidas e fica na frente do Renault Zoe
Crédito:Vagner Aquino/Jornal do Carro

Até pouco tempo atrás, um bom relógio se destacava pela confecção, grife e materiais nobres. Hoje, esse tradicional acessório virou um pequeno computador de pulso. No mundo dos carros, não é tão diferente. Quando se pensava em um carro de luxo, o poder financeiro e mecânico logo vinham à cabeça. Entretanto, a realidade mudou. Os clientes dos veículos de marcas premium agora exigem muitas tecnologias avançadas, desde faróis inteligentes `à assistente virtual. E agora eles também são elétricos. É o caso do Volvo XC40 Recharge Pure Electric, que, por R$ 389.950, começou a ser entregue aos clientes brasileiros nesta semana.

Achou caro? Para alguns, não é. Afinal, o SUV da marca sueca esgotou seu primeiro lote (aberto em maio), de 300 unidades, em duas semanas. E já tem mais 150 unidades com entregas previstas para janeiro de 2022. Ou seja, vendeu tudo.

Volvo
Vagner Aquino/Jornal do Carro

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Hoje, de acordo com a Volvo, isso representa 15% das vendas do XC40. Número que, aliás, deve aumentar para 100% nos próximos anos, já que a marca terá apenas modelos elétricos a partir de 2030. Sim, até mesmo os híbridos estão com os dias contados na empresa, e servem apenas para fazer a transição da matriz energética.

Visualmente, o SUV de luxo segue a cartilha da conhecida versão R-Design, com rodas de 20 polegadas e teto solar elétrico panorâmico. A inscrição “Recharge” vai nas colunas traseiras. A princípio, as medidas são as mesmas de outrora. Em comprimento, largura e altura tem, respectivamente, 4,42 metros por 2,03 m e 1,64 m.

O porta-malas, por sua vez, tem 413 litros e, devido à ausência do motor a combustão, sobra ainda um espaço com 31 litros sob o capô. Total, portanto, de 444 litros para cargas.


Volvo/Divulgação

Tecnologia como protagonista

Se por fora o XC40 elétrico é reconhecido apenas pela grade dianteira fechada, tecnologicamente, a história é outra. A começar pelo novo sistema operacional Google Automotive Services, para entretenimento. São 30 aplicativos disponíveis na plataforma. Em síntese, o carro virou a extensão do telefone celular, literalmente.

Nesse sentido, a vantagem é que todos os recursos têm reconhecimento de voz, sem a necessidade de apertar botões. Se quiser trocar de música, acionar o ar-condicionado ou definir um destino no GPS, nada de apertar botões. De acordo com a Volvo, isso não tira o foco da estrada. Basta dizer ao sistema o que fazer, e pronto.


Quem comprar o SUV até o fim do ano, leva, na faixa, quatro anos de serviços online (o total de dados não é divulgado pela Volvo). Bem como o wallbox para recarga doméstica com a devida instalação. Ao todo, são necessárias 7 horas para 100% de recarga das baterias do carro. Só o equipamento custaria R$ 8.950.

Volvo
Vagner Aquino/Jornal do Carro

Caso precise recarregar pelo caminho, o carro tem um mapa que exibe todos os pontos de recarga rápida disponíveis no Brasil. Até o fim de 2021, serão mais de 1.000 pontos de recarga, afirma a Volvo. Nestas estações de carga rápida, as baterias do XC40 Recharge recarregam 80% em apenas 40 minutos plugado na tomada.


Segurança

Uma novidade ´é o que a Volvo chama de ADAS. Basicamente, o Advanced Drive Assist System consiste em um pacote de assistência à condução. Na lista – com a ajuda de radares, sensores e câmeras – tem alertas de colisão com frenagem automática, de saída e de manutenção de faixa (o volante corrige o trajeto sozinho), assim como de fadiga.

Sistema de alerta de ponto cego, informações de sinais de trânsito e câmera 360 graus também estão disponíveis. O City Safety – capaz de reconhecer pedestres, ciclistas e animais de grande porte – pode frear e até esterçar o volante para evitar ou minimizar uma colisão. O controle de cruzeiro adaptativo (ACC) também é incluso. Nada é opcional.

Motor e comportamento

O Volvo XC40 Recharge Pure Electric tem dois motores elétricos – um no eixo dianteiro, outro no eixo de trás. São, no total, 300 kW, o equivalente a uma potência de 408 cv. O propulsor é chamado de P8 – “P” vem de “Pure” e “8”, dos quase 80 kWh da bateria. Em suma, o carro é alimentado por baterias de 78 kWh que rendem autonomia declarada de 418 km.


Volvo/Divulgação

Curiosamente, esse dado é mostrado em porcentagem no painel de instrumentos (vide canto inferior direito da foto acima) . Faz todo sentido, porque a autonomia depende do modo de condução. Por exemplo, dá para medir a duração da bateria de um celular em horas? É evidente que não. Afinal, o consumo de energia é diferente para cada tipo de usuário. Da mesma forma, é o que acontece com cada motorista.

Ao volante

São inegáveis as diferenças em arrancadas e na estabilidade. Os trechos urbanos quase não existiram durante o trajeto de test-drive estipulado pela Volvo (de Porto Alegre a Osório, no Rio Grande do Sul). Porém, não é difícil entender que se trata de um baita carro em termos de agilidade e silêncio. Dentro dos limites e com toda a segurança disponibilizada, ponto também para o conforto das suspensões.


Outra coisa interessante no XC40 elétrico é a possibilidade de ativar ou desativar a função One Pedal. Com ela, é possível frear e acelerar apenas com o pedal da direita. É um pouco estranho de início, mas, depois, o motorista se acostuma. Precisa de sensibilidade – tirar o pé de uma vez é o mesmo que frear bruscamente. O lado bom é que isso dá eficiência à regeneração de energia. E, assim, amplia a autonomia.

Trajeto

Pelas estradas do Rio Grande do Sul, bastou a primeira acelerada para entender porque o carro elétrico é o futuro da Volvo. A marca, pioneira na eletrificação de sua gama (não tem mais nenhum modelo só a combustão), quer chegar ao topo das vendas da categoria de elétricos. E se depender da excelente dirigibilidade do XC40, o caminho está livre.



O centro de gravidade baixo – por causa das baterias que ficam sob o assoalho – grudam o SUV no chão. Sem contar os méritos da tração integral AWD (tem motores nos dois eixos), que corrige qualquer deslize – mesmo nas estradas de terra batida. A capacidade de fazer curvas faz a diferença no SUV, que transmite total segurança ao condutor.


Desempenho de esportivo

Aos que ainda se perguntam sobre as vantagens dos carros elétricos em comparação com os modelos a combustão, fica aqui uma delas. O XC40 Recharge Pure Electric tem 67,3 mkgf disponíveis quase instantaneamente. Enquanto isso, as versões híbridas (são três, no catálogo) geram 43,3 mkgf. Sem contar que, no elétrico, basta acionar o pedal da direita que o carro dá aquele salto para frente, sem titubear e sem depender das trocas de marcha para entregar máxima aceleração.

Volvo/Divulgação

Para se ter ideia, o XC40 elétrico chega até os 100 km/h em apenas 4,9 segundos – são 7,3 segundos no híbrido. É praticamente tão rápido quanto muitos esportivos tradicionais. O Ford Mustang Mach 1, que realiza o feito em 4,3 segundos, é um exemplo.


Por falar em velocidade, a máxima é de 180 km/h. Não deu para atingir essa marca porque as estradas brasileiras não permitem, mas é difícil se manter a 120 km/h sem acionar o controlador de velocidade, afinal, o pedal te convida a pisar cada vez mais fundo.

Interior

Faltou mencionar a excelente qualidade do acabamento. Há materiais de primeira, como black piano e peças de superfície macia para todos os lados. Inclusive, há uma preocupação com o meio ambiente. Os bancos são revestidos com microtech, um revestimento ecológico. Outro exemplo é o material do assoalho, feito de plástico 100% reciclável.

Volvo/Divulgação

Quem já entrou no Volvo XC40 deve se lembrar do ótimo isolamento acústico. No elétrico, o silêncio é ainda maior.

Quase não tem botão

No mais, o XC40 Recharge é quase totalmente digital. E é tudo tão minimalista que não tem sequer botão de partida ou freio de estacionamento. Para arrancar com o carro, basta colocar o Joystick (não tem câmbio) em “D” (de Drive). Afinal, a chave presencial já faz o carro entender que é hora de dar a partida.

Volvo
Volvo/Divulgação

Quer mexer no rádio? Recorra à central multimídia de 9″. Tem, claro, algumas funções agrupadas no volante, mas, de resto, só por voz ou por modo touch screen. Isso, em contrapartida, às vezes, atrapalha um pouco no momento da condução. Vale ressaltar que nem sempre o comando de voz nos entende ou obedece os comandos. Esse é um dos preços da revolução na indústria. De início, sempre apresenta problemas.

E justamente para resolver e evitar esses probleminhas que a marca conta com técnicos certificados para trabalhar apenas com carros elétricos. E não é só isso. A marca oferece um pacote de serviços agregados com 3 anos de garantia (ou 100 mil km), e 8 anos para a bateria.

Em síntese, o novo XC40 Recharge sinaliza que o mercado de carros de luxo já é elétrico. Esse movimento vem sendo profundamente acelerado e, no futuro, certamente dominará o mercado, assim como foi com o câmbio automático, com os modelos 4 portas, e os próprios SUVs. Chegam de mansinho e, em pouco tempo, conquistam seu espaço.


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Prós

  • Desempenho acima da média
  • Tecnologia abundante
  • Silêncio a bordo

Contras

  • Preço bastante elevado
  • Ausência de botões físicos para alguns comandos básicos
  • Tecnologia One Pedal causa estranheza de início

Ficha Técnica

Volvo XC40 Recharge Pure Electric

Motor

2 elétricos, um no eixo dianteiro e um no eixo traseiro

Potência

300 kW (408 cv)

Torque

67,3 mkgf

Bateria

78 kWh

Autonomia

418 km

0 a 100 km/h

4,9 segundos

Porta-malas

413 litros (+ 31 litros sob o capô dianteiro)

Peso

2.118

Dimensões

Comp. 4,42 m; Larg. 2,03 m; Alt. 1,64 m; E-e. 2,70 m

Tração

AWD (integral)

Preço

R$ 389.950

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Oficina Mobilidade

Sistemas de assistência do carro podem apresentar falhas

Autodiagnóstico geralmente ajuda a solucionar um problema, mas condutor precisa estar atento

22 de abr, 2024 · 2 minutos de leitura.

Os veículos modernos mais caros estão repletos de facilidades para a vida do motorista e, dependendo do nível, podem até ser considerados semiautônomos. Câmeras, sensores, radares e softwares avançados permitem que eles executem uma série de funções sem a intervenção do condutor.

As tecnologias incluem controlador de velocidade que monitora o carro à frente e mantém a velocidade, assistente para deixar o veículo entre as faixas de rolagem, detectores de pontos cegos e até sistemas que estacionam o automóvel, calculando o tamanho da vaga e movimentando volante, freio e acelerador para uma baliza perfeita.

Tais sistemas são chamados de Adas, sigla em inglês de sistemas avançados de assistência ao motorista. São vários níveis de funcionamento presentes em boa parte dos veículos premium disponíveis no mercado. Esses recursos, no entanto, não estão livres de falhas e podem custar caro para o proprietário se o carro estiver fora da garantia.

“Os defeitos mais comuns dos sistemas de assistência ao motorista estão relacionados ao funcionamento dos sensores e às limitações do sistema ao interpretar o ambiente”, explica André Mendes, professor de Engenharia Mecânica da Fundação Educacional Inaciana (FEI). 

Recalibragem necessária

O professor explica que o motorista precisa manter sempre os sensores limpos e calibrados. “O software embarcado deve estar atualizado, e a manutenção mecânica e elétrica, ser realizada conforme recomendações do fabricante”, recomenda.

Alguns sistemas conseguem fazer um autodiagnóstico assim que o carro é ligado, ou seja, eventuais avarias são avisadas ao motorista por meio de mensagens no painel. As oficinas especializadas e as concessionárias também podem encontrar falhas ao escanear o veículo. Como esses sistemas são todos interligados, os defeitos serão informados pela central eletrônica.

A recalibragem é necessária sempre que houver a troca de um desses dispositivos, como sensores e radares. Vale também ficar atento ao uso de peças por razões estéticas, como a das rodas originais por outras de aro maior. É prudente levar o carro a uma oficina especializada para fazer a checagem.

Condução atenta

A forma de dirigir também pode piorar o funcionamento dos sensores, causando acidentes. É muito comum, por exemplo, o motorista ligar o piloto automático adaptativo e se distrair ao volante. Caso a frenagem automática não funcione por qualquer motivo, ele precisará agir rapidamente para evitar uma batida ou atropelamento.

Então, é fundamental usar o equipamento com responsabilidade, mantendo sempre os olhos na via, prestando atenção à ação dos outros motoristas. A maioria dos carros possui sensores no volante e desabilita o Adas se “perceber” que o condutor não está segurando a direção.

A desativação ocorre em quase todos os modelos se o assistente de faixa de rolagem precisar agir continuamente, sinal de que o motorista está distraído. Alguns carros, ao “perceber” a ausência do condutor, param no acostamento e acionam o sistema de emergência. “O usuário deve conhecer os limites do sistema e guiar o veículo de forma cautelosa, dentro desses limites”, diz Mendes.