Com um projeto de 14 anos, a Volkswagen Amarok passou por uma reestilização e chegou ao mercado brasileiro de cara nova. Quem tinha expectativa de ter uma nova geração da picape por aqui, no entanto, pode tirar o cavalinho da chuva. Existe, sim, uma segunda geração do modelo feita na África do Sul e que compartilha a plataforma com a Ford Ranger – referência hoje no segmento de picapes médias.
Acontece que Ford e Volkswagen não entraram em acordo para que o mesmo ocorresse em General Pacheco, na Argentina, onde as caminhonetes são produzidas em fábricas vizinhas. O problema? Dinheiro, claro. As marcas não entraram em acordo financeiro, então enquanto a Ford apostou na nova geração da Ranger, a Volkswagen achou que não valia a pena gastar tanto e deu apenas um tapa no visual da Amarok.
Mas será que vale a pena? Depende do ponto de vista. Realmente a VW pode ter achado muito dinheiro para gastar em uma picape que não é seu carro-chefe – ao contrário da Ford. Além disso, na era da eletrificação, talvez a ideia seja investir de verdade em produtos com novas fontes de energia. Quem sabe até uma picape elétrica no futuro (coisa que a rival já tem…), por que não?
O que mudou na Amarok 2025
Bom, mas deixando o histórico de lado, vamos entender o que a nova Amarok traz como novidade na linha 2025. As principais diferenças estão mesmo na dianteira para entregar aquele ar de renovação, mas sem mudanças estruturais profundas. Assim , o capô ficou mais musculoso, há uma faixa prateada que cruza o logotipo na grade dianteira e a parte externa do para-choque tem desenho em “C” para abrigar as luzes de neblina.
A grade inferior também ficou mais agressiva e o farol agora é dividido em três partes que culminam em um formato bumerangue. Mas o que mais chama a atenção é a barra luminosa que atravessa toda a parte frontal acima dos farois – diferentemente da encontrada no Taos, onde a iluminação é interrompida pelo VW no centro. Há ainda novos desenhos de rodas e apliques cromados no para-choque traseiro. Isso é tudo o que muda no visual da picape por fora.
Já no interior… quase tudo na mesma também. Como de praxe, há novos revestimentos, bancos com novas cores e texturas e uma nova central multimídia com tela de 9” com navegação e conectividade para Apple CarPlay e Android Auto. Contudo, só com fio. A cabine mostra bem a idade do modelo, que não tem itens mais modernos oferecidos pelas concorrentes, como chave presencial, partida por botão, carregador de celular por indução ou freio de estacionamento eletrônico, por exemplo.
Lista de equipamentos
Aproveitando a deixa, vamos falar sobre a lista de equipamentos. Entre os itens de série de versão testada Extreme estão ar-condicionado digital de duas zonas, indicador de perda de pressão dos pneus, câmera de ré, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, controle automático de velocidade, farois de LED e rodas de 20”.
Há ainda recursos para enfrentar trechos de terra, como ABS off-road, sistema de estabilização de reboques e trailers, engate removível, controle automático de descida e assistente para partida em subida. Na parte de segurança, a picape afinal recebe seis airbags (eram quatro no modelo anterior), sistema de frenagem automática pós-colisão e o chamado Safer Tag.
Esse assistente de condução passiva consiste em uma câmera para coleta de dados que traz as informações em um pequeno visor ao centro do painel. O equipamento lê a velocidade das placas, avisa sobre a saída de faixa e a distância dos carros à frente, tanto em movimento quanto parado. Mas não há uma frenagem automática como em outros carros com sistema de condução semiautônoma, então quem freia é sempre o motorista. É basicamente um sistema de alertas.
Motorização e desempenho
Sob o capô, nada muda. A Amarok mantém com exclusividade o motor 3.0 V6 turbodiesel de 258 cv (que chega a 272 cv com a função overboost) e 59,1 mkgf de torque. O câmbio é automático de oito marchas e a tração segue a famosa integral permanente 4Motion. Essas credenciais a elegem como a picape a diesel mais potente do mercado.
Em termos de desempenho, a aceleração de 0 a 100 km/h acontece em 8 segundos – mais que os 7,4 segundos do modelo anterior. Isso graças aos 66 kg extras por conta das novas peças utilizadas na reestilização. Isso também explica o leve aumento no consumo. De acordo com o Inmetro, a caminhonete roda 8,7 km/l na cidade e 9,3 km/l na estrada. Já a velocidade máxima chega aos 190 km/h.
Preços e concorrentes
A nova Amarok mantém os preços da linha 2024. Pode parecer um ponto positivo à primeira vista, mas dado o peso da idade, os valores altos acabam pesando contra o modelo. Isso porque apesar de suas vantagens como o motor potente e a dinâmica bem acertada, a picape não oferece evoluções tecnológicas que muitas das rivais já trazem no catálogo, como sistemas de condução semiautônomas, por exemplo. Além disso, as concorrentes que se atualizaram nos últimos anos também evoluíram na questão da dirigibilidade, portanto esse trunfo da Amarok vem caindo por terra.
Mas vamos às versões. A de entrada Comfortline parte de R$ 309.990 e pode receber como opcionais capota marítima e estribo lateral (R$ 4.170) e assistente de condução passiva Safer Tag (R$ 2.430). Essa configuração não tem a barra iluminada na dianteira. Já a intermediária Highline sai por R$ 328.990 e também pode receber opcionalmente a capota marítima e o estribo lateral por R$ 4.170 (os assistentes são de série). Cores metálicas e perolizadas acrescentam ainda R$ 1.750 aos preços.
Por fim, a Extreme, de R$ 350.990, pode receber como novidade dois pacotes exclusivos, além da capota marítima (R$ 1.650). No Hero, a picape traz emblemas traseiros e maçanetas das portas na cor preta, rodas de liga leve de 20″ escurecidas, santantônio preto e pintura exclusiva cinza Oliver. Já o pacote Dark também vem com emblemas e maçanetas pretos e rodas escurecidas, além de para-choque traseiro preto. Está disponível em todas as cores, exceto no cinza Oliver. Ambos custam R$ 1.550.
Impressões ao dirigir
Mesmo estando defasada quando se fala de recursos de segurança ou equipamentos com tecnologias mais recentes, o ponto alto da Amarok se revela quando sentamos atrás do volante. Com dirigibilidade de carro de passeio, ela brilha tanto na terra quanto no asfalto. Continua sendo uma das picapes mais gostosas de dirigir do mercado, trazendo equilíbrio e robustez nas mais diversas situações. O que para muitos consumidores desse segmento pode ser um ponto decisivo de compra.
No primeiro trecho de test-drive percorremos trechos de estradas de terra, onde o desempenho agrada principalmente por conta do ajuste refinado da suspensão. E por mais que os anos pesem, a caminhonete não tem aquela vibração típica dos motores a diesel de antigamente. Além disso, fizemos exercícios típicos de off-road para testar a inclinação lateral e a capacidade da tração 4Motion, todos superados sem dificuldades.
Mas a grande sacada foi levar a picape para fazer acelerações e frenagens na terra, assim como fazendo slalom. Impressiona como uma grandalhona consegue se sair tão bem em atividades mais desafiadoras, mantendo sua dinâmica notável e força de sobra na hora de pisar fundo, seja no pedal do acelerador quanto no do freio. Na estrada essas características ficam ainda mais evidentes, entregando toda a potência do motorzão para fazer ultrapassagens ou arrancadas sem sustos.
É uma pena que a nova geração não tenha vindo, porque a Amarok merecia mais destaque na linha da VW. Contudo, o valor alto se torna um empecilho para que o modelo tenha mais destaque nas vendas. Sem renovações significativas ou reduções na tabela de preços, vai ser difícil tirá-la da lanterna do segmento de picapes médias.
Pontos positivos
O motor potente e a boa dinâmica da picape, com acerto de suspensão bem feito, fazem da Amarok uma das picapes mais gostosas de dirigir
Pontos negativos
Por conta do projeto antigo, modelo não tem capacidade para atualizações tecnológicas já disponíveis em outras concorrentes do mercado
Ficha técnica
Volkswagen Amarok Extreme
- Motor – 3.0, V6, 24V, turbo, diesel
- Potência – 258 cv entre 3.250 rpm e 4.000 rpm
- Torque – 59,1 mkgf entre 1.400 rpm e 3.000 rpm
- Câmbio – automático de oito marchas; tração integral permanente
- Comprimento – 5,35 metros
- Largura – 1,95 m
- Altura – 1,85 m
- Entre-eixos – 3,10 m
- Peso (ordem de marcha) – 2.191 kg
- Caçamba – 1.280 litros
- Tanque – 80 litros
- Consumo urbano – 8,7 km/l
- Consumo rodoviário – 9,3 km/l
- Aceleração 0 a 100 km/h – 8 segundos
- Velocidade máxima – 190 km/h
- Preço – R$ 350.990
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