Embora já tenham circulado ofertas pela internet, a ID.Buzz não é vendida oficialmente no Brasil. Por estratégia, a Volkswagen prefere manter a van elétrica – carinhosamente chamada de Kombi – apenas na modalidade de assinatura. Os planos partem de R$ 12.990, com duração de 48 meses e 1.500 km mensais. Isso, porém, não significa que a compra seria um mau negócio. Mas, no mercado brasileiro, poderia fracassar. Afinal, a fabricante cujo nome significa “carro do povo” vender uma van por mais de meio milhão de reais seria, no mínimo, controverso.
Até então, esse seleto público que vem adquirindo a ID.Buzz por assinatura ainda não foi contabilizado pela VW. O que se sabe, por ora, é que serão 70 unidades disponíveis. E esses modelos estão chegando gradativamente ao País.
O que tem e o que faltou?
Embora seja basicamente o mesmo carro vendido na Europa (salvo a calibração de suspensões), a ID.Buzz é diferente de qualquer outro veículo presente no mercado nacional. Portanto, não tem concorrentes diretos. E isso não se dá apenas pelo saudosismo provocado no visual. Até porque, nesta releitura, só sobrou a pintura saia-e-blusa (a cor da metade de cima difere da parte de baixo) usada em meados do século passado.
Aqui, a exclusividade fica por conta de alguns pontos como formato da carroceria, proposta e, principalmente, espaço interno. Com quase 3 metros de entre-eixos, a van oferece aos cinco ocupantes (ainda não existe o modelo com sete bancos) conforto de sedã de luxo. Para se ter ideia, o BMW i7 tem apenas 20 cm a mais de espaço.
Claro que, mesmo com todo esse vasto ambiente (de piso plano), a ID.Buzz deixa a desejar em alguns aspectos. Por exemplo, não tem saídas traseiras de ar-condicionado (que é dual-zone). E, embora tenha se preocupado em espalhar sete entradas USB por todo o carro – inclusive, têm em todas as portas dos passageiros -, a marca preferiu não oferecer carregador de smartphone por indução. Uma gafe nos tempos de hoje, onde até modelos populares possuem a tecnologia.
Tecnologia de ponta
Apesar desses pequenos percalços, a plataforma modular elétrica (MEB) do Grupo Volkswagen traz para a van várias tecnologias de última geração, como sistemas de condução e de estacionamento semiautônomos, por exemplo. Na lista, há controle de cruzeiro adaptativo, frenagem automática de emergência com detecção de pedestres e ciclistas, sensores de obstáculos na dianteira e traseira e assistente de mudança de faixa de rolagem, entre outros. A lista ainda dispõe de motor com acionamento por botão, bancos com função massagem e câmera 360º.
A iluminação, a princípio, é feita totalmente por luzes de LEDs. Nos faróis, a tecnologia LED Matrix. Tem quadro de instrumentos com tela de 5,3 polegadas e central multimídia com 12″ e espelhamento de celulares com Android Auto e Apple Carplay sem uso de fio. Tem, por fim, vidros com isolamento térmico e acústico (menos ruído e raios solares dentro da cabine), luz ambiente com 30 opções de cores e volante multifuncional. Entretanto, as teclas do volante são sensíveis ao toque. Talvez não caia no gosto do brasileiro. Aliás, tem montadora que precisou repensar tal solução.
Motor, baterias e test-drive
A ID.Buzz tem um motor elétrico capaz de gerar 204 cv de potência e 31,6 mkgf de torque. A tração é traseira e a velocidade máxima é de 145 km/h, limitada eletronicamente. Ademais, a Kombi elétrica tem bateria de 77 kWh capaz de recarregar em estações de até 170 kW. Com carga completa, alcança até 337 km de autonomia, de acordo com o Inmetro.
Baterias carregadas e lá vai o Jornal do Carro botar o pé na estrada. As primeiras impressões foram bem breves, 15 minutos, aproximadamente. Mas tempo suficiente para entender o quanto o modelo chama a atenção nas ruas. O centro de Itu (cidade do interior paulista onde aconteceu o teste) praticamente parou. Olhares fixos e pescoços retorcidos surgiam a cada esquina. Sem contar que, além de se tratar de uma releitura moderna da saudosa Kombi, a van tem a cor de lançamento, o Lime Yellow.
Dirigindo, o comportamento das suspensões (recalibradas para o Brasil), em síntese, agrada bastante. Na dianteira, a van adota o sistema independente, McPherson com mola helicoidal. Já na parte de trás, o sistema independente Multilink dá conta do recado. Apesar de alto (1,91 m de altura), e consequentemente de ser um veículo bem vertical, nada de inclinações excessivas para as laterais, por exemplo. Graças, também, ao centro de gravidade baixo e ao peso de quase 2,5 toneladas.
Como é a aceleração da VW ID.Buzz
O desempenho é outro ponto importante na ID.Buzz. Com a premissa de contar com o torque instantâneo (como em todo carro elétrico), a van acelera rápido, tem boas ultrapassagens e retomadas e fôlego de sobra. No breve contato que tivemos, além de vigor, chamou a atenção o silêncio a bordo. A visibilidade também merece elogios. A enorme área envidraçada e a posição alta de dirigir lembram bastante os carros mais antigos e até algumas minivans de décadas passadas (como Renault Scenic e Citroën Xsara Picasso, por exemplo), que também tinham foco no espaço e conforto a bordo.
A posição de dirigir, dessa forma, é perfeita para a proposta. Nada daquela folga no volante da antiga Kombi. Seja como for, na ID.Buzz, o componente (com raio de giro amplo, o que facilita as manobras) tem empunhadura excelente e regulagem de altura e profundidade – quando se move, o quadro de instrumentos de 5,3″ vai junto. Afinal, trata-se da mesma peça do SUV ID.4, com quem divide plataforma. A alavanca de marchas, por fim, também fica na coluna de direção. Simples de operar, por meio de um seletor giratório. Há apenas as posições D (Drive), N (Neutro) e R (Ré). Como no restante da família, para ampliar o espaço no console central.
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