MILENE RIOS
O Brasil encerrou 2010 como o quarto maior mercado da indústria automobilística mundial, mas em março deste ano foi “atropelado” por Inglaterra, Alemanha e França, de acordo com dados da Jato Dynamics. Com a quarta, quinta e sexta posição, respectivamente, eles empurraram o País para o sétimo lugar.
“Com as medidas de restrição ao crédito, a tendência é de que haja uma redução na velocidade de crescimento do setor no Brasil”, afirmou o presidente da Associação Nacional das Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini. Em entrevista ao JC, o executivo, que também está à frente da Fiat, falou sobre esse cenário.
Apesar de alguns novos recordes registrados, o volume de produção e vendas vem caindo mês a mês neste ano. Qual segmento mais preocupa o setor?
A situação é mais crítica entre os automóveis e comerciais leves. O crescimento foi de 3,8% nos quatro primeiros meses do ano, o que é considerado fraco. Em 2010, a média era de 10% . As fabricantes nacionais já estão preocupadas com isso.
Inglaterra, Alemanha e França devem continuar à frente do Brasil no ranking mundial?
O ranking não é tão relevante. A preocupação a longo prazo é com o controle da inflação, a estabilidade econômica e o fortalecimento da infraestrutura. Outro fator preocupante é a alta nas vendas de veículos importados. Se continuar no patamar observado (em abril, 22,2% dos emplacamentos foram de carros estrangeiros), esses carros podem chegar a 25% do mercado.
Em qual aspecto essa invasão de veículos importados é mais prejudicial ao Brasil?
A grande preocupação é não perder a inteligência do setor no desenvolvimento de novos veículos e tecnologias, além da geração de mais postos de trabalho dentro do País.
Nesse cenário, é possível manter a previsão de crescimento do mercado nacional (nos últimos meses, a Anfavea vem estimando alta de 5% ante 2010)?
Ainda é cedo para mexer nas estimativas, mas é fato que estamos perdendo força e a minha intuição diz que o volume atual deverá ser revisto para baixo. Vamos esperar a resposta do mercado brasileiro em relação às medidas para conter a inflação. Devemos ter uma posição mais consolidada no meio do ano.