Altos e baixos: eles têm estatura fora da média

Por 24 de mai, 2013 · 5m de leitura.

Thiago Lasco

Para o corretor de imóveis Guilherme Toaldo (foto), entrar no carro tem pitadas de contorcionismo. “Primeiro eu jogo a perna direita e piso no acelerador. Aí passo o tronco para dentro da cabine e recolho a outra perna.” Dono de um Fiat Mille, o ex-jogador de basquete tem 2,04 metros de altura e 165 quilos. Assim como ele, pessoas com medidas fora da média se viram como podem na hora de dirigir.


Os ajustes disponíveis no banco e volante nem sempre são suficientes para garantir uma posição confortável. Os altos têm dificuldade para acomodar os joelhos, que ficam raspando na direção. Mas o maior problema é a pouca distância em relação ao teto. “Se o carro é baixo, você tem de inclinar a cabeça e fica com dor nas costas”, diz o estudante de comércio exterior Renan Gonçalves, de 2,01 metros, que roda a bordo de um Honda Fit.

Toaldo improvisa reclinando o encosto do banco. “Só assim a cabeça não raspa no teto, consigo esticar os braços e também acomodar a barriga.”

Com tantos percalços, a escolha do carro vira um jogo de tentativa e erro. “Alguns vendedores tentam empurrar modelos caros, como jipões”, diz o empresário Celso Finck, de 2,03 metros, que é dono de um Fiat Uno. “É raro achar em carros grandes o mesmo espaço interno de alguns pequenos.”


Embora pareça um contrassenso, a avaliação é compartilhada por Toaldo. Após experimentar vários carros, ele optou pelo Mille. “É o nacional que me dá mais conforto.”

No outro extremo, motoristas como Poliana Andrade, de 1,49 metro, preferem os carrões pelo porte e a posição alta, que permite melhor visibilidade. “O carro é como uma armadura. Meu C4 tem ajustes perfeitos, mas com o EcoSport eu era mais respeitada.”


A funcionária pública Camilla Bemergui, de 1,53 metro (dona de um Ford Fiesta, na foto acima), leva o banco lá para a frente. “Vejo se meus pés alcançam os pedais com conforto. Às vezes preciso deixar o encosto totalmente reto, o que é incômodo. Pelo menos faço a alegria dos que viajam atrás”, brinca.

Ela confessa que já teve de recorrer à almofadinha. “Não para ganhar altura, e sim como apoio do encosto, para ficar mais próxima do painel.”

PADRONIZAÇÃO
Professor de engenharia automobilística da FEI, Ricardo Bock diz que não é fácil projetar carros para a maioria. “Um homem de 1,70 metro tem pernas mais longas que uma mulher da mesma altura”.


Ele afirma que as novas gerações estão mais altas, e isso se reflete nos projetos dos veículos, que passaram a ter teto elevado. “Mas há limites. Se houver exagero, o comportamento dinâmico será alterado e o veículo ficará instável.”

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