Com a pandemia do novo coronavírus, muita gente passou a alugar veículos. Um dos motivos é o medo do transporte público, por causa do maior risco de contágio. Outro fator importante é que boa parte da população passou a trabalhar em casa e percebeu que não compensa manter um carro próprio. As recentes novidades implementadas no setor, como aplicativos que permitem aluguel por algumas horas, também contribuem com a alta.
É o caso da analista financeira, Amanda Miranda, que desde abril, quando vendeu seu Ford Fiesta, passou a recorrer à essa modalidade em situações pontuais. “Para equilibrar o orçamento, meu marido e eu resolvemos ficar sem carro, afinal, por conta da pandemia, ele ficava parado, apenas gerando custos”, conta.
Amanda conta que, no início, recorreu aos serviços oferecidos por motoristas de aplicativo. “Mas não tinha liberdade. Em determinadas situações, como compras e idas ao pet shop, os motoristas nem sempre gostavam de esperar, então, acabei buscando outra alternativa na internet”.
Como veio a ideia do aluguel?
Dentre as 10.812 locadoras ativas no Brasil – dados da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla) -, eis que Amanda encontrou a Turbi. Ao contrário dos modelos tradicionais de aluguel, a empresa, que atua no mercado desde 2017, investe em serviços online que possibilitam empréstimos por períodos mais curtos.
“Atendeu perfeitamente a minha necessidade, com variedade de modelos de carros e facilidade de acesso. Sem contar o preço baixo. Ganhei cupom de desconto e aluguei um Mitsubishi ASX por R$ 10”, lembra Amanda.
É fácil
Para utilizar o serviço de carsharing da Turbi é necessário baixar o app da empresa e fazer um breve cadastro. Após a inclusão de dados pessoais, documentos de identificação, CNH e cartão de crédito, é preciso esperar a aprovação. Na sequência, basta escolher o modelo do veículo e o local de retirada.
“Todo o processo de locação do veículo é feito digitalmente, via aplicativo, e para usar o carro, é só destravá-lo, também via app, e pegar a chave no porta-luvas, sem qualquer contato humano”, explica Diego Lira, CEO da Turbi. A frota da empresa fica em estacionamentos 24 horas. O aluguel pode ser por hora de uso ou por pacote de horas.
Atuante nas cidades de São Paulo, Guarulhos e Barueri, a Turbi reúne uma frota de 2.000 carros. Tem desde os mais populares, como Chevrolet Onix e Hyundai HB20, até o conversível Mini Cooper Cabrio. Os preços variam entre R$ 10 e R$ 35 a hora. Soma-se aí R$ 0,50 a cada quilômetro rodado. A devolução do carro precisa ser feita no mesmo local da busca. O pagamento é feito de maneira online, por meio de cartão de crédito.
Vantagens e parceria em cine drive-in
Por falar em pagamento, esse tipo de serviço é visto com bons olhos pela clientela. Tem menor custo e algumas vantagens. A gasolina, por exemplo, é custeada pela empresa, que oferece seguro e assistência 24 horas.
“Nossa rede de parcerias inclui ações com o Cine Drive-in Belas Artes, oferecendo carro para quiser curtir o evento”, explica Lira. Para quem gosta de cinema e não tem carro, a parceria permite aluguel mais barato. Clientes Belas Artes contam com R$ 60 de desconto no primeiro uso. E quem já é cliente Turbi tem R$ 10 de abatimento no preço de ida ao Belas Artes Drive-in, que fica no Memorial da América Latina, Zona Oeste da capital paulista.
Locação convencional
Apesar de sair mais barato, a desvantagem das locadoras convencionais é, justamente, precisar passar um dia inteiro com o carro. Na Unidas, por exemplo, o período mínimo é de 24 horas. Em termos de preços, a empresa oferece por R$ 123,05, o aluguel de modelos populares com motor 1.0, como Fiat Mobi e Renault Kwid.
Para locações entre uma e 20 diárias, a quilometragem é livre. Já quem alugar por período entre 21 e 30 dias, é estipulado um limite de 4.500 quilômetros rodados. É preciso, ainda, ficar atento ao valor da franquia para, por exemplo, evitar prejuízo.
O custo, dependendo da situação, pode não ser tão baixo. Porém, se levar em conta a comodidade, alugar carro é vantagem, afinal, não há gastos com manutenção, como no caso de veículo próprio. A locadora se encarrega também de despesas como IPVA, licenciamento, entre outros custos. A única preocupação do cliente, além das taxas do aluguel, é o combustível e a lavagem, se necessário.
O comerciante Guilherme Arantes abriu mão de ter carro depois que descobriu a praticidade do aluguel. Em 2018, trabalhou como motorista de aplicativo e, à época, passou a utilizar planos mensais. Além do estado de conservação do carro, aponta como pontos positivos a praticidade da quilometragem livre oferecida pela empresa VAI. “Rodava 270 km por dia e, com 15 dias trabalhados, já pagava o aluguel integral”, esclarece. Na ocasião, optou pelo Renault Logan.
Mesmo mudando de ramo, Arantes não quer saber de carro próprio tão cedo. Trabalhando perto de casa, o comerciante compra praticamente tudo pela internet. “Quando quero fazer passeios em família (tem esposa e duas filhas), alugo um carro. É muito mais barato e prático do que ter um boleto com prestações diluídas ao longo de três, quatro anos”, argumenta.
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De acordo com o Anuário Brasileiro do Setor de Locação de Veículos, organizado pela Abla, e com informações da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), no final de 2019, o Brasil contava com 997.416 veículos para aluguel. Deste total, o contrato diário corresponde a 48% da frota. Dentro do montante, 20% (cerca de 200 mil) é destinado à motoristas de aplicativo.
Desde a segunda quinzena de março – início da pandemia – até a primeira semana de maio, houve queda de 80% do volume, resultando em cerca de 160 mil carros devolvidos. Entre junho e agosto, a retomada foi acelerada – 90% voltou à normalidade.
“Agora, com o afrouxamento das medidas de isolamento social, a alta está sendo percebida e até o primeiro trimestre do ano que vem, devemos voltar ao patamar do período pré-pandemia”, estima Paulo Miguel Júnior, presidente da Abla.
O executivo também fala sobre a modalidade de aluguel de veículos de pessoas para pessoas. Essas plataformas são diferentes das empresas de carsharing, que trabalham com frotas próprias de automóveis para locação, mas “é válida, afinal, é uma possibilidade de fazer renda para quem está com o carro parado e, ainda, ajuda quem precisa se locomover, mas não quer ter despesas com a compra de um automóvel”, defende.
A moObie, por exemplo, conecta (via app) pessoas que querem compartilhar o carro à outras que desejam alugar um veículo de maneira segura e sem burocracia. Mas é necessário ficar atento ao modelo e à aparência do carro, que pode não ser tão novo.
Alugueis para test-drive
De acordo com a Kinto Share (antes chamada de Toyota Mobility Services), boa parte da clientela não se satisfaz com os test-drives feitos em concessionárias e acabam querendo ir além dessas poucas voltinhas no quarteirão. Por isso, é comum, por exemplo, que o cliente interessado em comprar um Corolla Hybrid alugue o modelo por uma semana para conhecer sua tecnologia e decidir a compra. Modelos Lexus também estão no portfólio.
A empresa, que chegou ao Brasil em julho, está sob o guarda-chuva da Kinto Brasil e é fruto de uma joint venture entre a Toyota Financial Services Corporation (TFS) e a Mitsui & Co. Seu serviço de compartilhamento de carros é realizado por aplicativo. Na Kinto Share, são oferecidas comodidades como seguro, veículos conectados com telemática, e suporte da rede de concessionárias da montadora japonesa.
A companhia afirma que suas principais prioridades são a segurança e a saúde dos consumidores. Para isso, devido ao novo coronavírus, foi estabelecido um rigoroso protocolo de limpeza e higienização de cada veículo antes e depois das locações. A intervenção é realizada em mais de 40 pontos de contato do automóvel – por dentro e por fora.
Para colaboradores
A Nissan tem dois programas em curso. Um, lançado no início de 2019, apenas para funcionários. O outro, datado de fevereiro último, é um projeto piloto de locação de veículos destinado aos funcionários de fornecedores e prestadores de serviços que atuam na Nissan. Apenas Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná têm o serviço.
O programa interno para funcionários está prestes a começar sua quarta fase. Na lista de veículos, estão Kicks, March e Versa. Os contratos de locação têm duração de 12 meses, com direito à revisões periódicas, seguro, assistência 24h e opção de compra do veículo com desconto após o término do período. O programa disponibiliza plataforma 100% online. Lá, os os usuários podem consultar, por exemplo, infrações e histórico de serviços realizados em concessionárias.
E não está descartada a hipótese de o programa chegar ao público em geral. A Nissan afirmou ao Jornal do Carro que tem reunido o maior número de informações possíveis e avalia novas possibilidades e públicos para expansão do programa.
Veículos por assinatura
Para quem não quer gastar com um veículo próprio, o mercado oferece contratos de carro por assinatura . Na Porto Seguro, por exemplo, o interessado pode optar por contratos de 12 a 24 meses. Para ter à disposição um Renault Kwid, por exemplo, com pacote de quilometragem de 6.000 km anuais (isso varia de acordo com a necessidade do motorista), o custo mensal é de R$ 999. Se a preferência for pelo Volkswagen T-Cross 1.4 Highline, o valor parte de R$ 2.749 por mês.
Para aderir, é possível baixar o aplicativo e assinar contrato com o modelo desejado. Tudo, por meio online. No pacote estão inclusos custos com IPVA, suporte 24h e carro reserva ilimitado. As despesas com combustível ficam por conta do assinante. Dentre os benefícios, serviços residenciais da Porto Seguro ficam disponíveis durante o tempo de contrato.
Lá fora
De uns anos para cá, a Volvo lançou um programa exclusivo de aluguel para sua linha de SUVs (XC40, XC60 e XC90). Quem puder/quiser, pode comprar, mas há opção de aderir ao programa Care by Volvo. Funciona no estilo assinatura de TV a cabo, e é voltado aos mercados dos EUA e Europa. A ideia permite ao cliente pagar um valor mensal (parte de US$ 700, ou R$ 3.700) e utilizar o carro por dois anos. Findo o prazo, é possível trocar o carro por um mais novo.
Nenhum contato com vendedores ou ida à lojas é necessário. Segundo a Volvo, a inscrição é online e o processo é fácil e sem burocracia. Há opção de entrega em domicílio. O valor, aliás, engloba revisão, manutenção e até pequenos consertos, como riscos na lataria. Tem até cobertura de seguro para os motoristas.
Fiat 500
No Velho Continente, onde é normal abrir mão do carro próprio em prol de soluções mais sustentáveis, o aluguel será realidade também na FCA. Quem comprar o novo Fiat 500 elétrico poderá usar qualquer outro carro do grupo. O programa My Dream Garage (minha garagem dos sonhos, em português) permitirá o uso de 13 diferentes modelos por períodos pré-estabelecidos. Os carros podem ser das marcas Abarth, Alfa Romeo, Jeep e, claro, da própria Fiat. Tem até Maserati.
Para ter acesso, basta instalar um aplicativo no smartphone e desfrutar das máquinas. A FCA exige um valor mensal entre 99 e 299 euros (de R$ 620 a R$ 1.800, na conversão direta). Por contrato, o usuário poderá usar a frota por um total de 60 dias ao ano. E não vale para a Europa toda. O serviço será lançado no mês que vem, na Itália, em paralelo à chegada do compacto.
E a Citroën foi ainda mas longe. Em março, lançou um carro destinado para três fins: compra, aluguel e compartilhamento. Trata-se do Ami. Um compacto elétrico que custa quase 20 euros por mês ($ 125,55, na conversão direta). Há, também, pacotes adicionais.
Nele cabem duas pessoas e as portas são configuradas com aberturas opostas. A bateria de 5,5 kWh garante autonomia máxima de 70 quilômetros. A recarga pode ser feita em até 3 horas em tomadas convencionais, de 220 volts. O pequenino (2,41 metros de comprimento) pode ser comprado por 7.300 euros (R$ 46 mil, na conversão direta, sem impostos).