Atração é uma palavra forte que designa um tipo de sensação poderosa e, ao mesmo tempo, difícil de explicar que pode ser despertada por algo desejável, como um carro esportivo, por exemplo. A Jaguar sempre soube disso, mas parecia ter abandonado essa faceta nos últimos anos em detrimento de produtos mais conservadores – ao menos até 2013, quando lançou o F-Type.
O modelo que devolveu a marca britânica ao seu devido lugar ganhou tração integral na linha 2016, que chega ao Brasil até o fim do ano – ainda não há informações sobre preços. Avaliado na versão de topo, com motor V8 de 550 cv, o sistema de tração AWD cumpre bem a missão de impedir escapadas no relacionamento entre o felino esportivo e seus ávidos fãs.
Embora os puristas não encarem o 4×4 com bons olhos, no F-Type a tração caiu como uma luva. O comportamento do Jaguar, que sai bastante de traseira, principalmente no modo de condução Racing – que libera vários controles eletrônicos -, é divertido de guiar, mas exige uma perícia ao volante que nem todos os motoristas têm.
Na versão AWD há itens tecnológicos que mantêm o dinamismo do esportivo sem comprometer a diversão. O torque por demanda libera mais força para as rodas dianteiras em saídas de curva – um sistema antecipa as situações-limite de modo a equilibrar as forças enviadas a cada um dos eixos.
Há também controle de “damper” que não deixa a traseira do F-Type muito solta. Assim, o carro retoma as acelerações em curvas fechadas mesmo se quicar em ondulações da pista.Com isso, ficou fácil aproveitar os quase 70 mkgf do vê-oito Supercharged da versão R Coupé – o 4×4 é oferecido também na configuração V6.
O inglês acelera de forma monstruosa, a ponto de a cabeça do condutor grudar no encosto. Para ir de 0 a 100 km/h, bastam 4,1 segundos – a velocidade máxima, de 300 km/h, é alcançada sem que os pneus desgarrem do piso um só momento.
No trajeto de 150 km entre a engarrafada Nova York e o circuito de Monticello, no Estado de mesmo nome, foi difícil respeitar os limites de velocidade, muitas vezes de 25 mp/h (cerca de 40 km/h). A recompensa pelo autocontrole foi poder levar o F-Type ao limite na pista.A tração integral mostrou a que veio – deixou o carro escorregar levemente nas curvas mais rápidas e garantiu um baita equilíbrio para retomadas.
Ao mesmo tempo, o câmbio automático fazia seu trabalho de forma impecável ao distribuir as oito marchas conforme eram solicitadas. No modo manual, o esportivo fica ainda melhor, pois dá para usar as hastes para fazer as trocas sem tirar as mãos do volante.
Assim é possível abusar do freio-motor para fazer o que quiser com o carro, o que, invariavelmente é acelerar forte. De volta à realidade das ruas monitoradas por radar, o F-Type traz um bom extra para amenizar o sofrimento: o ronco que sai do escapamento em qualquer acelerada. Mesmo que seja para fazer de 0 a 60 km/h de um semáforo até o outro, vale a pena ouvir esse canto de sedução.
VIAGEM A CONVITE DA JAGUAR LAND ROVER