As ruas de Águas de Lindoia ficaram mais coloridas no fim de semana prolongado, na maior festa de veículos antigos do País. Esgueirando-se entre milhares de carros, motos, ônibus, caminhões e até barcos antigos, pelo menos 500 mil pessoas circularam pelas ruas da cidade do Circuito das Águas Paulista no fim de semana prolongado, estimam os organizadores do 2.º Encontro Paulista de Autos Antigos.
Cento e quarenta clubes se inscreveram e muitos deles montaram tendas na Praça Adhemar de Barros, ponto central do encontro. Barracas de peças e antiguidades e de alimentação completaram o cenário.
Entre os 700 carros inscritos, cerca de 100 foram premiados por 20 juízes. Mas o evento reuniu pelo menos outros 500 veículos colocados à venda e, espalhadas pelas ruas, centenas de raridades de apaixonados por antigos que foram apenas participar da festa em volta do lago, no coração de Águas de Lindoia.
Expostos em destaque em frente ao Hotel Monte Real, o imponente italiano Isotta Fraschini 1927 verde e o americano Cord L 1929 vermelho foram os destaques do evento. Ao lado deles reluzia o lendário Willys Interlagos Berlineta número 22, amarelo com detalhes em verde, que ganhou corridas emblemáticas como os 500 Km de Interlagos com Bird Clemente ao volante. “É sempre uma alegria poder falar de carros e de corridas num ambiente como esse, disse Bird, de 77 anos. Lenda do automobilismo brasileiro e inspirador de uma geração de pilotos brasileiros que começou a brilhar no exterior nos anos 70. Bird deu palestra no sábado e falou de sua experiência nas pistas.
O francês Le Zebre Type A amarelo importado pela família de Santos Dumont em 1909 se destacou no gramado da praça. O carro, integrante do acervo do Museu do Automóvel de São Paulo, tem faróis a carbureto, para-brisa em forma de monóculo, volante do lado direito e buzina em forma de serpente.
Entre carros americanos e europeus dos anos 60 e hot rods, os caminhões importados também brilharam. “Quanto vale um desses?”, perguntou um curioso apontando para o caminhão Peterbilt 359 1980 impecável e repleto de acessórios, luzes e cromados. “Vale um sonho”, respondia o motorista – o dono do caminhão, um empresário do setor de insumos para construção civil, levou ao encontro outro truck americano, um International LoneStar 2015. Um Chevrolet Gigante 1934, na mesma família desde zero quilômetro, foi um dos premiados do evento.
As barracas de peças e antiguidades e de alimentação, além de apresentação de grupos musicais, ajudaram a entreter o público. “Calculávamos 500 mil pessoas, mas, pelo movimento nos quatro dias, acho que esse número foi superado, o que prova mais uma vez o interesse do brasileiro pelo antigomobilismo”, disse Roberto Suga, presidente da Federação Brasileira de Veículos Antigos.
À beira do lago, o aposentado Erineu Cicarelli, de 74 anos, fazia a alegria de quem queria dar uma volta pelo lago em seu Schwimmwagen 1944, carro anfíbio com mecânica Volkswagen usado pelo exército alemão durnte a II Guerra Mundial. “Você sabe nadar?”, perguntava para quem pedia para dar uma volta no lago. “Já entrei umas 30 vezes no lago neste fim de semana, e ele não afundou”, brincava. O Schwinnwagen não afundou.