Nos anos 70 e 80, ter um carro da Puma era para poucos. A marca nacional produzia esportivos de forma artesanal, que fizeram muito sucesso em uma época de mercado fechado aos importados.
No final da década de 80, mesmo antes da abertura das importações, a empresa não resistiu à crise e fechou as portas. Após algumas trocas de comando ao longo dos anos e tentativas de recomeço, agora a marca anuncia um renascimento. Sob nova direção, a Puma Automóveis pretende lançar no mês que vem um lote inicial de dez unidades, a R$ 150 mil.
Dirigimos um protótipo, ainda em desenvolvimento, e foi possível constatar que, mesmo após mais de três décadas, algumas características que fizeram a fama do Puma permanecem, caso do motor Volkswagen na traseira, das dimensões compactas, das linhas esportivas e da carroceria de fibra de vidro.
Assim que o botão de ignição foi acionado, o ronco forte denunciou que uma das novidades é o motor 1.6 transversal traseiro refrigerado a água, no lugar do tradicional 1.6 boxer a ar dos Puma GT e GTE do passado. Primeira engrenada, o modelo de dois lugares arranca com agilidade.
As boas acelerações podem ser creditadas mais ao baixo peso do veículo do que à potência do motor. A estrutura tubular de aço e a carroceria de fibra de vidro resultaram em um carro de somente 570 quilos. Com os cerca de 118 cv do motor EA111 (do Fox e família Gol), o conjunto ficou com relação peso-potência de apenas 4,8 kg/cv.
O circuito em que avaliamos o carro é uma pista particular bem travada, com poucas retas e muitas curvas, no interior de São Paulo. Foi um traçado insuficiente para engatar além da terceira marcha, mas o bastante para atestar a boa estabilidade em curvas fechadas.
O chassi é equilibrado e a suspensão, independente nas quatro rodas. Os amortecedores (dois verticais na frente e dois a 65º atrás) são da Bilstein. Os pneus largos e de perfil baixo (235/40 R18 na frente e 245/40 R18 atrás) colaboram bastante para o bom comportamento nas curvas.
De acordo com o diretor Luiz Gasparini da Costa, a receita desenvolvida nas pistas deverá ser aplicada no modelo de rua, mas o motor VW será substituído por um propulsor 2.4 aspirado, da própria Puma. Além disso, a carroceria deverá lembrar as linhas do modelo original, e será fechada ou do tipo targa (com teto removível).
Origem nos anos 60. O Puma foi projetado por Genaro “Rino” Malzoni em meados dos anos 60. Após um início vitorioso nas pistas, passou a ser produzido pela DKW Vemag. Tinha motor a dois tempos e três cilindros. Em 1967, a Vemag foi comprada e fechada pela Volkswagen.
Assim, saiu de cena o Puma DKW, ao mesmo tempo em que iniciou-se o projeto do Puma VW, em uma fazenda na cidade de Matão, interior de São Paulo. Inicialmente, o modelo recebeu motor 1.5 refrigerado a ar de 60 cv e chassi de Karmann-Ghia, encurtado em 25 cm.
Como a carroceria era de fibra de vidro, o esportivo pesava apenas 700 kg, o que resultava em boa relação peso-potência. O modelo recebeu o nome de Puma GT e mais tarde foi rebatizado de GTE (para enfatizar a intenção da empresa de exportá-lo).
Nos anos 70, a montadora chegou a vender o modelo na Europa. Com o carro de mecânica VW consolidado no mercado, em 1974 a Puma lançou o GTB, um esportivo maior, com motor de Opala. Em 1986, devido a dificuldades financeiras, a empresa foi vendida, mas nunca mais voltou a viver seus dias de glória.