No segmento de extremo luxo, em que os clientes não estão muito preocupados com economia, os carros com motor a diesel têm outro apelo: a autonomia. No caso do XC90 e do Q7, é possível rodar 900 km sem reabastecer. Repletos da mais avançada tecnologia, os utilitários grandes de Volvo e Audi se enfrentam nesse comparativo.
O Q7 sai na frente em preço. Vendido no Brasil em versão única, Ambition, o alemão a diesel parte de R$ 417.290, ante os R$ 475 mil do sueco. Mas se receber todos os opcionais disponíveis no País, para ficar equiparado ao XC90, a tabela do Audi vai a R$ 510.790.
Por isso, apesar de ter nota maior em preço (veja quadro na próxima página), o Q7 é pior no quesito equipamentos. Além de trazer menos itens de série, as tecnologias eletrônicas de ponta disponíveis no Volvo têm funcionamento mais eficiente. A vantagem do XC90, porém, termina aí. O Audi vence o duelo por ser superior em conforto, dirigibilidade e desempenho. Seu motor 3.0 turbo é V6 e gera 258 cv.
Não é uma vantagem tão ampla ante os 235 cv do XC90 (2.0 de quatro cilindros), mas, no torque, a superioridade é colossal. São 61,3 mkgf a 1.250 rpm, ante os 49 mkgf do rival, força que chega em rotação um pouco mais alta (1.750 rpm).
Com peso mais de 200 kg inferior ao do XC90, o Q7 é vigoroso nas arrancadas – vai de 0 a 100 km/h em 6,5 segundos. O Volvo é correto e eficiente em acelerações e retomadas, mas não empolga. Para acelerar de 0 a 100 km/h, leva 7,8 s. O Audi é silencioso. Para quem está a bordo, o Volvo deixa claro que seu motor é a diesel.
A estabilidade também é superior no Q7. Mesmo grandalhão e com centro de gravidade alto, o Audi faz mudanças de trajetória como se fosse um veículo leve e pequeno. A carroceria não oscila em curvas nem balança em alta velocidade.
Um de seus trunfos é o eixo traseiro direcional (opcional vendido em pacote a R$ 32 mil). As rodas de trás podem virar em até 5°. Isso também facilita bastante as manobras de estacionamento.
O XC90 é mais difícil de manobrar e menos estável nas mudanças de direção. Sua carroceria balança muito e a dirigibilidade lembra a de utilitários feitos sobre chassi (embora o Volvo utilize monobloco).
Tecnologia e luxo são destaques da dupla. O acabamento desses utilitários é primoroso. O XC90 investe mais na sofisticação e o Q7, na jovialidade. Os dois modelos trazem painel de instrumentos virtual. O do Audi é mais fácil de configurar e ler.
Já a tela da central multimídia do Volvo, vertical, é um espetáculo à parte. Sensível ao toque, concentra o comando de todas as tecnologias do carro e projeta imagens bem nítidas das câmeras de 360°.
O monitor do Audi é mais “careta”, e controlado por botões no console central. Em ambos há sete lugares. Os dois bancos da terceira fila acomodam apenas crianças. Os do Audi são opcionais e têm rebatimento elétrico – manual no XC90.
Nos dois carros, o espaço traseiro é amplo, graças aos entre-eixos de quase 3 metros. Os túneis centrais altos até podem atrapalhar o passageiro do meio, mas não chegam a comprometer o conforto a bordo.
OPINIÃO. Visão do futuro. Usar sistemas semiautônomos de condução no Brasil configura infração de trânsito, pois, por lei, o motorista deve manter as duas mãos no volante enquanto dirige. Por isso, esses recursos não tiveram peso na pontuação. Por ora, são só uma demonstração do futuro da mobilidade.
Talvez não valha a pena adquirir o Traffic Jam Assist, da Audi, que faz parte de um pacote de R$ 13 mil. O problema é que esse kit inclui dois itens importantes: controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo e assistente e auxílio para manutenção na faixa de rolamento.
No XC90, o Pilot Assist é de fábrica e funciona a até 130 km/h, em qualquer situação. O sistema freia e acelera o carro conforme o fluxo e faz curvas sem interferência do motorista. Bem preciso, pede que se assuma o volante a cada dez segundos. No Q7, a tecnologia atua em congestionamentos. Como leva em consideração vários parâmetros para identificar tráfego intenso, acaba sendo bem confuso.