Em 1994, a Audi fez história com a RS2 Avant, primeira perua superesportiva do mundo, cujo motor 2.2 de cinco cilindros com turbo e 315 cv foi feito em parceria com a Porsche. Quase 25 anos depois, a fabricante de Ingolstadt volta a contar com agora “irmã” de Stuttgart (as duas pertencem ao Grupo Volkswagen) no desenvolvimento do 2.9 V6 biturbo de 450 cv da quarta geração da RS4 Avant, que chegará ao Brasil no fim do ano por cerca de R$ 500 mil.
O legado da RS2, que era baseada no Audi 80 Avant, está também em uma das opções de cor para a nova perua. Trata-se da Nogaro Blue, a mais cobiçada pelos fãs do carro dos anos 90 e presente na primeira geração da RS 4, de 1999. O visual da nova perua traz ainda detalhes inspirados no Audi 90 Quattro IMSA GTO, modelo de competição do final dos anos 80.
Entre os destaques estão as enormes grade e entradas de ar na dianteira e os faróis de LEDs Matrix, que modulam a intensidade e alcance do facho de acordo com a velocidade do carro. Atrás, os destaques são os difusores de ar na parte superior da tampa do porta-malas e sob o para-choque. A estrutura feita de fibra de carbono emoldura as duas ponteiras ovais do escapamento, posicionadas nas extremidades da carroceria, que seguem uma linha imaginária abaixo das lanternas de LEDs.
Nas laterais, chamam a atenção os arcos das rodas, que são 3 cm mais largos que os da versão “normal”. De série o carro vem com pneus 265/35 R19, mas o pacote oferecido no Brasil deverá incluir pneus 275/30 e rodas de 20”. Os retrovisores também são de fibra de carbono.
Motor poderoso
O uso intensivo de materiais leves na construção permitiu uma redução de 80 kg no peso total do carro (agora são 1.790 kg). O regime inclui o novo seis-cilindros em “V”, que tem a mesma potência do 4.2 V8 biturbo da terceira geração da perua, mas é 31 kg mais leve e 17 mkgf mais forte. São 60 mkgf de torque entregues a partir das 1.900 rpm – trata-se do mesmo motor que está nas versões de entrada dos Porsche Panamera e Cayenne.
Os dois turbos ficam posicionados no meio do motor, montados a 90º entre as bancadas de cilindros, e têm pressão de 1,5 bar. Na prática, o seis-cilindros responde prontamente à mais leve pressão no pedal da direita, proporcionando acelerações brutais quando exigido.
Ainda assim, o V6 é cerca de 17% mais econômico que o V8, segundo dados da fabricante. O segredo, de acordo com a Audi, é creditado aos sistemas de injeção direta de gasolina, de abertura variável das válvulas e de gerenciamento térmico, que tem circuitos separados de refrigeração e modula o arrefecimento do motor de acordo com o regime de aceleração.
O câmbio é automático de oito marchas, com opção de trocas manuais por meio de uma pequena alavanca no console ou hastes atrás do volante. A tração, permanente nas quatro rodas, distribui 40% da força para o eixo dianteiro e 60% para o traseiro. Dependendo da situação (curvas muito rápidas, por exemplo), o sistema pode enviar até 70% de torque para as rodas da frente e 85% para as de trás.
Desempenho
Com esse conjunto a RS4 Avant pode acelerar de 0 a 100 km/h em 4,1 segundos e chegar aos 250 km/h, de acordo com dados da Audi. A velocidade máxima é limitada eletronicamente, mas opcionalmente é possível “liberar” a cavalaria para chegar aos 280 km/h. Para segurar tamanho ímpeto, essa Audi vem de série com discos de freio ventilados nas rodas dianteiras e perfurados nas traseiras – os de carbonocerâmica na dianteira são opcionais.
Independentemente da situação, um ótimo aliado do motorista é o Dynamic Raid Control, que atua nos amortecedores para manter a carroceria sempre nivelada. O resultado é notável: a dianteira não “levanta” em acelerações bruscas nem mergulha em frenagens de emergência. O dispositivo se mostra muito eficiente também em curvas feitas no limite de aderência.
Assim como em outros RS, dá para escolher entre quatro modos de condução, do econômico ao individual. Neste, o motorista pode programar suas preferências de respostas de câmbio, acelerador e suspensão (7 mm mais baixa que a da Avant convencional), por exemplo. O ajuste é feito por meio de um seletor no painel, localizado logo abaixo do controle de temperatura do ar-condicionado do lado do motorista e próximo ao botão de partida do motor.
No modo esportivo, as passagens de marcha ocorrem de forma muito rápida e são acompanhadas de estampidos vindos dos escapamentos. A direção fica mais firme, assim como a suspensão, e qualquer imperfeição do piso é transmitida à cabine.
Interior completo
Aliás, o interior da RS4 Avant é pura esportividade. Os bancos, com ajustes elétricos e memória, são revestidos de couro e têm largas abas, que seguram bem o corpo dos ocupantes em curvas rápidas. Confortáveis, ajudam a reduzir o cansaço do motorista mesmo após longos períodos ao volante (de base reta e revestido de Alcantara).
O acabamento é caprichado. De tom escuro, traz um bom contraste de materiais, como fibra de carbono, metal escovado e couro, que o deixam esportivo e, ao mesmo tempo, elegante. Graças ao aumento do entre-eixos (13 mm) e da altura do teto (11 mm), a perua acomoda bem mesmo pessoas com mais de 1,8 metro de altura. Ainda assim o espaço é ideal para quatro ocupantes – um eventual terceiro passageiro atrás viajará um tanto apertado.
O painel é totalmente digital e configurável, conforme a escolha do freguês. Trata-se do mesmo quadro que estreou na atual geração do TT RS e vem sendo gradativamente incorporado aos demais modelos da marca alemã.
O sistema de entretenimento inclui um touch-pad por meio do qual é possível, por exemplo, escrever com os dedos o destino desejado no navegador GPS. O dispositivo é compatível com as plataformas Android Auto e Apple Car Play.
O som, da marca Bang & Olufsen, tem 755 watts de potência. São 19 alto-falantes e dois subwoofers que permitem ouvir música a bordo sem distorções. Aliás, o ótimo revestimento acústico isola o interior da RS4 Avant dos ruídos externos.
Há também vários recursos de segurança, como detectores de obstáculos e câmeras na dianteira e traseira, frenagem automática de emergência, manutenção da distância do veículo à frente e da posição do carro na faixa de rolamento, etc, etc, etc.
Viagem feita a convite da Audi
História
A quarta geração da RS4 Avant coroa uma história de sucesso das peruas esportivas da Audi, iniciada com a RS2, em 1994. Confira alguns dos destaques da linha.
1994 – Lançamento da Audi RS2 Avant, primeira perua superesportiva do mundo. Seu motor 2.2 de cinco cilindros com turbo, assim como o sistema de freios, é fruto de uma parceria com a Porsche e gerava 315 cv de potência. Para acelerar de 0 a 100 km/h bastavam 5,4 segundos e a velocidade máxima era de 262 km/h.
1999 – Chega às ruas a primeira geração da RS4 Avant. Entre os destaques, o modelo incorporava a tecnologia recém adquirida da britânica Cosworth, que resultou no desenvolvimento do motor 2.7 V6 biturbo de 380 cv. A perua, que acelerava de 0 a 100 km/h em 4,9 segundos, fez tanto sucesso que a Audi teve de dobrar a produção prevista inicialmente para atender à demanda.
2005 – A segunda geração da linha RS4 chegou com dois tipos de carroceria: sedã e perua. O motor, então um V8 de 520 cv, tinha injeção direta de gasolina e podia acelerar o três-volumes de 0 a 100 km/h em 4,8 segundos. Entre as opções, havia tração nas quatro rodas com distribuição dinâmica de torque e discos de freio de fibrocerâmica.
2012 – Apresentada no Salão de Genebra (Suíça), em fevereiro de 2012, a terceira geração teve apenas versão Avant. Assim como na RS4 anterior, o motor era um 4.2 V8, mas de 450 cv.
2017 – Após 18 anos do lançamento da primeira RS4 Avant, a Audi lança, no Salão de Frankfurt (Alemanha), a quarta geração da perua. E, assim como ocorrera com a RS2, precursora da linha, a perua volta a ter em seu DNA traços da Porsche, representados no novo motor V6 de 450 cv de potência e 60 mkgf de torque.