Tião Oliveira
O enorme conversível aponta na esquina, dobra a rua e desce a Sena Madureira em direção ao Parque do Ibirapuera, na zona sul da capital. Todos os veículos – automóveis, motos e ônibus – abrem passagem. Em comum, nos rostos de motoristas e pedestres, há sorrisos de admiração – alguns acenam. Essa é a reação causada pelo Excalibur Phaeton Série 4, réplica do clássico Mercedes-Benz SSK, importado dos EUA por um empresário paulista.
Raríssimo no Brasil, o carro foi trazido pela Automotriz Import e custou R$ 300 mil. Da escolha ao desembarque aqui, foram quatro meses de espera.
NA PONTA DOS DEDOS
Guiar o Excalibur não é uma tarefa simples. Primeiro é preciso “entender” que são mais de 5 metros de comprimento e 1,84 metro de largura, dimensões similares às de uma picape Mitsubishi L200 Triton.
A diferença é que, da ponta do capô ao para-choque dianteiro, há cerca de 50 centímetros. E o motorista não enxerga essa imensidão à frente.
Como os pedais ficam muito próximos, é grande o risco de se pisar no acelerador na hora de frear. Isso quase resultou em uma colisão contra a traseira do carro do jornal, onde estava o fotógrafo Sergio Castro.
O motor V8 de 155 cv alimentado por um carburador Quadrijet dá conta do recado. Já os freios, a disco na frente e a tambor na traseira, são “borrachudos” e requerem cuidado.
O espaço é bom para duas pessoas, mas para entrar no Excalibur é preciso se contorcer um pouco. O acabamento é ótimo.
Entre os mimos há ar-condicionado, direção assistida e trio elétrico, além de revestimento de couro e madeira.
CARRO SURGIU PARA SER UM ‘VINTAGE MODERNO’
A Excalibur Automobile foi criada em Wisconsin, nos Estados Unidos, no início dos anos 50. A empresa produzia réplicas dos luxuosos Mercedes-Benz SSK dos anos 20.
As linhas dos carros da marca foram criadas pelo desenhista Brooks Stevens. O primeiro protótipo – um roadster – surgiu em 1951 com a proposta de ser um “vintage moderno”.
O modelo que daria origem à produção em série só foi revelado em 1963. Seu chassi, assim como o motor V8 de 290 cv, eram da Studebaker. Com o fim das operações da marca, a Excalibur passou a utilizar o vê-oitão de 300 cv do Corvette.
Entre 1965 e 1989, foram produzidas pouco mais de 3.100 unidades das séries 1, 2, 3, 4 e 5, além da 35X, J e Limited Edition. Havia três opções de câmbio: manual de quatro velocidades e automático de três e quatro marchas.
Como a carroceria é feita de fibra de vidro e o chassi é tubular de alumínio, os carros são muito leves. Alguns podiam acelerar de 0 a 60 mph (cerca de 96 km/h) em menos de 5 segundos e passar dos 250 km/h, de acordo dados da fabricante.
Mas o tempo passou e veio a crise do petróleo. O resultado é que os motores grandes foram trocados por versões menores e menos beberronas.
REQUINTE
A Excalibur recebeu o apelido nos EUA de “Rolls-Royce americana” e seus carros ficaram conhecidos pela extravagância.
Entre os proprietários famosos de modelos da marca estão os cantores Frank Sinatra e Rod Stewart e o ator e ex-governador Arnold Schwarzenegger.