
Híbrido é um ser com características distintas de duas “espécies”. Mas, no caso do sedã BMW ActiveHybrid 3, baseado no avassalador 335i e vendido no País por R$ 299.750, dá para chamar de Quimera. Ele não chega a soltar fogo pelas “ventas”, como a besta mitológica, mas é uma fera que despeja o poder de seu seis-cilindros em linha para as rodas traseiras como se não houvesse amanhã.
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Trata-se, porém, de um modelo contraditório. Com motor a gasolina combinado a um elétrico, se propõe a pensar em um futuro com menos consumo de combustível e emissões de poluentes. Mas faz de média (marcada no computador de bordo) apenas 8,9 km/l – em ciclo urbano.
Estamos falando de um propulsor 3.0 biturbo que, junto com o elétrico de 55 cv, gera 340 cv e 45,9 mkgf. E de um comportamento de direção com o pé embaixo, sem aliviar.
Mas, mesmo assim, apesar de ser um excelente carro, essa versão híbrida do Série 3 serve mais às artimanhas do marketing que às da engenharia. Prova disso é que ele custa cerca de R$ 10 mil a mais que o 335i e consume cerca de 2 litros a menos de gasolina, apenas.
Como produto, no entanto, o modelo é impecável. O torque do motor elétrico já está disponível desde a hora que se aperta o botão de partida, o que garante desempenho excelente, um pouco melhor que o do 335i (ah, se não fossem os 120 quilos a mais das baterias).
O Active Hybrid 3 ganha velocidade com facilidade e o ronco grave do motor agrada, principalmente na queda de giro da subida para a terceira marcha (a eficiência do câmbio automático de oito marchas impressiona).
Sem jamais perder fôlego, o carro só é parado pelo Código de Trânsito Brasileiro, que funciona como Belerofonte montado em seu Pégaso e elimina o poder desta Quimera ao permitir rodar a velocidades de apenas 120 km/h nas estradas.
Mas, em um trecho de pista fechada, chegar aos 230 km/h não foi tarefa difícil. Nesta condição, o carro permanece sob total controle do motorista, com a direção mais rígida e freando muito bem.
A BMW informa que o sedã consegue andar por até 4 quilômetros só com eletricidade, mas, na avaliação, ele não passou de 2,5 km nesse modo.
Os 90 litros a menos no porta-malas, que agora tem 390 litros por causa das baterias colocadas lá, não eliminam a capacidade de o sedã servir à famílias. Mas a suspensão esportiva pode tirar o conforto de quem viaja no banco de atrás.