Leandro Alvares – Le Castellet (França)
U m automóvel, em geral, não chega nem perto da velocidade atingida por aviões. Mas um ruído muito semelhante ao de turbinas pode ser ouvido em um veículo de quatro rodas. E com direito à sensação de estar voando baixo. Afinal, a versão elétrica do Mercedes-Benz SLS AMG, que começa a ser vendida em julho no mercado europeu e deve ter ao menos uma unidade trazida ao Brasil em 2014, acelera muito!
O superesportivo é o modelo elétrico produzido em série mais potente do mundo. São nada menos do que 750 cv gerado pelos quatro motores a eletricidade desse alemão, cuja estreia mundial ocorreu no Salão de Paris do ano passado. Como comparação, é a potência de um carro de Fórmula 1.
Outro destaque fica por conta de seus absurdos 102 mkgf de torque, que são entregues de forma instantânea. Basta pisar firme no acelerador.
Para mostrar do que o SLS AMG Electric Drive é capaz, a Mercedes-Benz escolheu o circuito de Paul Ricard (França), que tem traçado seletivo e técnico, composto por curvas velozes e grandes trechos de reta para mostrar o novo modelo.
Antes de contar como é a sensação de guiar o superesportivo sustentável, vale destacar algumas de suas particularidades. Os motores (dois por eixo), por exemplo, são alimentados por 12 módulos, cada um contendo 72 células de baterias de íons de lítio.
Assim como as versões com motor a combustão dos SLS AMG, basta pressionar um botão no console central para dar a partida. Mas aí vem a surpresa: não há ruído. Se o motorista quiser escutar um som semelhante ao emitido pela versão a gasolina do modelo, terá de habilitar um sistema que faz ecoar um barulho artificial dentro da cabine.
Depois de ligar o esportivo e posicionar a alavanca do câmbio na posição D (dirigir), a única preocupação é acelerar, já que não há marchas. A transmissão tem uma única relação.
Curiosamente, há hastes para supostas trocas sequenciais atrás do volante. No SLS elétrico, elas servem para modular a dose do freio motor gerado pelos propulsores elétricos. Quando esta no nível máximo, o carro para se o motorista tira o pé do pedal da direita.
DE CARRO DÓCIL A CUPÊ SELVAGEM
Tal como em outros veículos de alto desempenho, o SLS AMG Electric Drive traz um seletor no console para ajuste do tipo de pilotagem. E, como se trata de um elétrico, o recurso faz o temperamento do carro mudar drasticamente – da água para o vinho -, arrancando suspiros de quem aprecia fortes emoções.
Na posição C, de conforto, ideal para a primeira volta – quando o motorista ainda está se familiarizando com o carro -, o SLS é dócil e calmo como um sedã de luxo. Na S, de Sport, fica valente, ágil e veloz, mas ainda assim à mão, principalmente por causa do sistema de tração nas quatro rodas.
Mas a brincadeira pode ir além disso. No modo S+ (Sport Plus), o cupê vira “o bicho” e entrega o que tem de melhor, como as marcas expressivas de desempenho anunciadas pela fabricante: vai de 0 a 100 km/h em 3,9 segundos. A velocidade é limitada a 250 km/h.
Os mais de 100 quilos de torque são um capítulo à parte. Surgem de imediato ao pisar no acelerador até o fundo e são distribuídos eletronicamente para cada uma das rodas, conforme o estilo de pilotagem.
Ao entrar forte em uma curva, por exemplo, é possível sentir a força puxar o veículo para a trajetória a ser seguida. O condutor, no entanto, também dispõe de um botão para distribuir o torque da maneira mais apropriada à sua tocada, especialmente se estiver em um circuito.
Por causa da alta dose de recursos de segurança (controles de tração e estabilidade, entre outros), é possível abusar da sorte sem perder o domínio do carro. A direção, como em todo SLS, é extremamente direta e as suspensões, firmes e muito eficazes. A da dianteira, sofisticada, é do tipo “push-rod”, igual à de monopostos, projetando-se para cima do monocoque. Nos demais SLS, ela é multibraço independente.
Apesar da sensação eletrizante que o cupê superesportivo transmite, é difícil dizer se ele é mais empolgante que as versões a combustão do SLS – equipadas com motor V8. Mas o modelo elétrico conseguiu provar algo importante: além de não emitir poluentes, a eletricidade pode criar situações bem divertidas em veículos de quatro rodas.
(Viagem feita a convite da Mercedes-Benz)
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