O brasileiro adora versão esportiva de carro. Normalmente, esses modelos nem precisam entregar o desempenho prometido. Basta que tenham estilo. Mas, no caso do Pulse Abarth (R$ 149.990), temos uma bela combinação de visual e temperamento. Após meses de voltas em pistas fechadas, finalmente recebemos no Jornal do Carro um exemplar vermelho do SUV compacto. O modelo tem uma série de modificações da divisão esportiva da Fiat.
Por isso, o Pulse Abarth sequer tem escudo da montadora italiana. Todos os emblemas, bem como o nome na chave e na tampa traseira são da marca simbolizada pelo escorpião. Para quem curte carro com visual esportivo, o SUV da Abarth é um colírio. A dianteira é a mesma do Fiat Pulse, mas o para-choques é diferente e mais aerodinâmico, com fendas verticais nos cantos. Além disso, grade e molduras são pintadas de preto brilhante, com detalhes que imitam fibra de carbono.
Nas laterais, o Pulse Abarth é claramente rebaixado em relação ao Pulse “comum”. A suspensão é 10 milímetros mais baixa e o vão livre do solo tem 21,7 centímetros. Mas as rodas de liga leve de 17 polegadas, também pintadas de preto brilhante e calçadas com pneus 215/50 Dunlop SP Sport Maxx, preenchem bem as caixas laterais. Estas trazem arcos pretos como um “carro de rali”. O toque final fica com as faixas adesivas nas portas com o nome Abarth.
Pulse Abarth e o divertido botão “Veneno”
Além do estilo e dos ajustes feitos no chassi, na suspensão e nos freios, o Pulse Abarth tem como diferencial a mecânica. A versão com o escudo do escorpião é a única da gama do SUV compacto com motor 1.3 turbo flex T270. Ele gera até 185 cv de potência com etanol, 180 cv com gasolina e um torque máximo de 27,5 mkgf a partir de 1.750 rpm com ambos os combustíveis. O câmbio é automático CVT com sete marchas virtuais e tração dianteira.
Trata-se do mesmo conjunto disponível no Fiat Fastback, na picape Toro e nos SUVs da Jeep (Renegade, Compass e Commander). Entretanto, nenhum deles tem o botão “poison” (“Veneno” em português). Ao acionar o “Modo Veneno” pelo botão vermelho no volante, o Pulse Abarth muda de comportamento. O câmbio com marchas virtuais estica e faz trocas notavelmente mais dinâmica, e deixa o motor 1.3 litro encher os cilindros à vontade.
Além disso, com a suspensão rebaixada em 10 mm, temos um SUV alto, mas com centro de gravidade mais baixo. Esse é outro ajuste sensível ao volante. O Pulse Abarth não só acelera mais forte, como também é mais firme e estável em retas e curvas. Além disso, com o modo Veneno em ação, a direção ganha peso e realça o ajuste de carro esportivo. O resultado não poderia ser melhor: o modelo entrega o que promete e o faz de forma envolvente.
O que o Pulse Abarth tem que o Fiat Pulse não tem
Para começar, como dito, não há emblemas da Fiat. Além disso, a versão esportiva do SUV tem freio eletrônico de estacionamento, algo que o restante da gama Pulse não tem. Assim, não há alavanca do freio de mão e o console central se prolonga por entre os bancos dianteiros, com um baú central. O acabamento se diferencia com um friso vermelho que percorre o painel de ponta a ponta. E com a plaquinha com o nome Abarth no canto direito.
O couro ecológico que cobre os bancos tem costuras vermelhas aparentes e traz o símbolo do escorpião em baixo relevo nos encostos. Mas a cereja do bolo é o volante com o botão poison e o escudo da Abarth. Com essa simples troca de emblemas, o motorista se sente em um modelo da divisão esportiva – ou seja, com preparação. O detalhe da chave com o nome Abarth é outro elemento legal. Como produto, a versão capricha nessa diferenciação.
Já em relação a tamanho e conteúdos, não há diferenças em relação ao Pulse Impetus. A versão mais cara com motor 1.0 turbo flex de 130 cv tem, por exemplo, o multimídia com tela de 10 polegadas, internet e conexão sem fio com Android Auto e Apple Carplay. Além disso, tem carregador de celular por indução e sistemas semiautônomos do pacote Adas, como farol alto automático, frenagem automática de emergência e assistente de permanência em faixa.
Vale a compra?
O Pulse Abarth surpreendeu por ser competente no que se propõe. Não é só um SUV com visual esportivo e motor potente, mas um modelo que entrega outro temperamento. O modo Veneno é uma grata surpresa para quem gosta de acelerar. A arrancada de zero a 100 km/h feita em 7,6 segundos comprova essa capacidade de aceleração do modelo, que alcança velocidade máxima de 215 km/h – ambos os números com etanol.
Para comparação, o VW T-Cross com motor 1.4 turbo flex de 150 cv e 25,5 mkgf faz a mesma tomada de aceleração em 8,7 segundos. Mas nem tudo é perfeito no Pulse Abarth. Por exemplo, o SUV compacto tem tambores em vez de freios a discos nas rodas traseiras. Da mesma forma, traz apenas quatro airbags (duplos frontais e laterais dianteiros), enquanto o rival da marca alemã, por exemplo, tem seis bolsas infláveis – e incluí duas do tipo cortina.
O espaço a bordo e o porta-malas de 370 litros também não um ponto forte e equivalem ao tamanho de um hatch compacto. Ou seja, o Pulse Abarth é compacto por dentro. Mas, apesar disso, como produto de imagem, o visual e o desempenho contam muito mais. E nesse sentido, o primeiro SUV da história da marca do escorpião tem tudo para conquistar o público nesse mercado com poucos SUVs realmente esportivos.