Quando o ponteiro do velocímetro bateu nos 220 km/h, um aviso soou no painel, enquanto no quadro de instrumentos virtual apareceu a mensagem de que a velocidade estava limitada, por causa dos pneus de inverno. Na verdade, o Polo GTI avaliado pelo Jornal do Carro na Alemanha estava com pneus normais. Assim, não fosse a programação eletrônica (facilmente alterável, no painel), o pequeno hatch poderia ir muito além, mais precisamente a 237 km/h – e, o que é melhor, sem nenhum peso na consciência.
Na Alemanha, em vez de consciência pesada, pode-se usar pé pesado, em grande parte das autobahnen, as autoestradas sem limite de velocidade. E foi em uma delas que a versão mais potente do Polo acompanhou o ritmo de modelos da Audi, Mercedes-Benz e BMW, por quilômetros e mais quilômetros.
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O novo Polo GTI foi lançado na Europa no início do ano. A boa notícia é que ele anda muito e tem nervos à flor da pele: basta ser provocado pelo motorista que a resposta é imediata. A má notícia é que não há previsão de lançamento da versão no Brasil. A explicação está no preço: na Alemanha, ele custa a partir de 23.950 euros. Fazendo-se apenas a conversão direta, isso equivale a pouco mais de R$ 104 mil. Com impostos e lucro, provavelmente ele brigaria com o próprio Golf GTI, produzido no País, e que custa a partir de R$ 143.790.
Motor do Polo GTI é o mesmo do Golf
Se é impossível tê-lo no Brasil, o consolo é aproveitar algumas horas com o carro na Alemanha, e sempre que possível abusando do acelerador. O que o credencia a ultrapassar até carros que estejam acima de 200 km/h é o motor 2.0 turbo, o mesmo do Golf GTI. A diferença é que o Polo tem 200 cv, 30 cv a menos do que o Golf. Quanto ao torque, são 32,6 mkgf, igualmente um pouco abaixo da força do Golf (35,7 mkgf).
Andando, a potência um pouco mais contida não fez falta, até porque o Polo é menor e mais leve. As respostas são rápidas, e não só do motor. A suspensão é firme, a direção elétrica é direta e basta uma cutucada no freio para o carro parar com segurança. A propósito, mesmo que o motorista retarde a decisão de frear, o sistema aciona automaticamente os freios se detectar alguma situação de risco adiante.
Além de descobrir na prática que a unidade avaliada estava com velocidade limitada eletronicamente a 220 km/h, outra coisa que só uma avaliação na Alemanha permite descobrir é que, a partir de 180 km/h, o vento na carroceria provoca um ruído audível pelos ocupantes.
É o tipo de sintoma que não se verifica no Golf, por exemplo. E a prova comparativa foi feita no mesmo dia. Saímos de Munique rumo ao sul do país com o Polo. E na volta trocamos pelo Golf. Em termos de esportividade, o Polo não passa vergonha, mas no que diz respeito a conforto a conversa muda. O hatch maior trata bem melhor os ocupantes.
O Polo GTI foi lançado apenas com transmissão automatizada de dupla embreagem e seis marchas (DSG), que garante as costumeiras trocas rápidas de marcha. Ao menos por enquanto, não há opção de câmbio manual, ao contrário do que ocorre com o Golf GTI (na Europa, pelo menos).
O modelo avaliado estava com vários opcionais, entre os quais as rodas aro 18 (pela primeira vez no modelo) e o quadro de instrumentos virtual. Além disso, a unidade trazia a bela padronagem quadriculada no revestimento dos bancos, marca registrada das versões esportivas de Polo e Golf. Eles oferecem bom apoio lateral para o corpo, mas os ajustes são manuais.
Já o painel tem revestimento macio, muito mais agradável ao tato do que o do modelo produzido no Brasil. Além disso, o painel tem uma larga faixa com acabamento fosco, na mesma cor da carroceria.
Por meio da tela multimídia, pode-se selecionar entre quatro modos de condução, do ajuizado ao atrevido. A tração é dianteira, e o freio de estacionamento é mecânico, feito por alavanca.
Modelo antigo foi vendido no Brasil
Se ele faz falta no Brasil? Respondendo como fã de esportivo, é fácil dizer que sim. Quanto mais (bons) esportivos, melhor. Mas no passado a montadora já ofereceu por aqui o Polo GTI de quarta geração. Lembram-se? O modelo, lançado em 2006, tinha carroceria de duas portas e motor 1.8 turbo de 150 cv. Ainda hoje me lembro com saudades dos momentos que passamos juntos. Mas era caro e – como seria de se esperar – vendeu pouco.
Para remediar, a montadora espera suprir a lacuna com a versão GTS, a ser lançada ainda este ano (provavelmente no Salão do Automóvel), com motor 1.4 turbo de 150 cv.
Viagem feita a convite da Volkswagen