O Ford Mustang é aquele tipo de carro que cativa logo que o motor é ligado. O ronco do V8 de 5 litros e 466 cv estremece a cabine e chama atenção de quem está em volta. Por R$ 299.990, o cupê entrega desempenho e refinamento técnico comparável ao de carros bem mais caros.
No Brasil, onde está sendo vendido pela Ford pela primeira vez, só há a configuração GT com o Perfomance Pack – opcional em alguns mercados. O câmbio automático, desenvolvido em parceria com a rival Chevrolet, tem dez marchas, a tração é traseira e a lista de itens de série é imensa.
O Mustang trazido ao País tem equipamentos como diferencial com deslizamento limitado e suspensão adaptativa com amortecedores magnéticos, além de freios e arrefecimento do motor mais poderosos que os do GT “normais”.
O V8 também é novo e estreia na linha 2018 do modelo. O motor teve o deslocamento ligeiramente aumentado e ganhou injeção direta de gasolina, em complemento ao sistema indireto, que foi mantido. Há novas partes internas e a taxa de compressão foi aumentada. Segundo informações da Ford, isso melhorou a eficiência do propulsor, deixando-o ligeiramente mais econômico.
Ainda de acordo com dados da fabricante, esse Mustang pode acelerar de 0 a 100 km/h em 4,3 segundos. A velocidade máxima, de 250 km/h, é limitada eletronicamente.
Além dos itens de performance, o pacote especial do carro feito nos EUA traz várias comodidades. Há controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo, sistema multimídia compatível com Android Auto e Apple CarPlay e monitor de faixa de rolamento. O som, da marca norte-americana Shaker, inclui 12 alto-falantes espalhados pelo carro. O painel de instrumentos traz tela de 12 polegadas e oferece uma infinidade de configurações possíveis.
Conforme o modo de condução – há seis opções configuradas e uma na qual o motorista ajusta as respostas a seu gosto – o mostrador apresenta um formato diferente. Em “Normal” e “Sport”, por exemplo, o conta-giros é circular. Em “Sport+”, “Pista” e “Drag”, a escala surge em uma faixa horizontal.
Nesse último, dá para travar o eixo dianteiro e fazer “burnout”, ou “fritada” (as rodas traseiras giram em falso). Isso serve para aquecer os pneus, deixando-os prontos para uma arrancada forte.
Mustang mescla força e docilidade
O ronco do V8 não deixa dúvidas: o Mustang GT tem desempenho digno de “gente grande”. Apesar de surpreendentemente dócil em uso moderado, basta uma “cutucada” no acelerador para o cupê disparar com vigor.
Embora os 56,7 mkgf de torque só apareçam por completo às 4.600 rotações, já há força de sobra em rotações mais baixas. Retomar velocidade e ultrapassar são tarefas fáceis e o Ford não faz qualquer cerimônia na hora de deixar boa parte dos outros carros para trás.
Apesar de ter dez velocidades, o câmbio automático não se atrapalha quando tem de encontrar a relação mais adequada. A transmissão reduz quatro ou cinco marchas de uma vez em frações de segundo para catapultar o Mustang adiante com incrível rapidez.
A direção é direta e o Ford muda de rumo com destreza. Ao volante, o Mustang parece bem menor e mais leve que os quase 4,80 metros de comprimento e 1.800 quilos podem sugerir à primeira vista.
Na pista, o cupê passa uma notável sofisticação no rodar e contorna curvas rápidas sem titubear. A suspensão firme surpreende pelo conforto na rua e segura bem o carro nas mudanças de direção. Mesmo quando é mais provocado, o Mustang mantém a traseira colada no asfalto e não dá sustos no motorista.
Cabine simples
Embora o cupê venha repleto de equipamentos, seu maior senão é o acabamento interno. A montagem das peças é benfeita, mas o excesso de plásticos rígidos depõe contra um carro dessa faixa de preço.
O console central é formado por uma grande peça de plástico. Passar os dedos sobre a superfície rugosa e pouco agradável ao toque faz surgir um ruído incômodo. A despeito da vocação esportiva, há apenas dois porta-copos no console e um nicho pequeno à frente da haste de câmbio. Para acomodar outros itens só há os bolsões nas portas e o porta-luvas.
O sistema multimídia, que equipa praticamente todos os outros carros da Ford, é simples de operar e bem completo. Há botões físicos redundantes para acionar o ar-condicionado e o som. Os seletores dos modos de condução, direção e controle de estabilidade dão um aspecto “vintage” à cabine.
Confortáveis, os bancos têm ajustes elétricos. Só não tente levar ninguém na traseira. Além de quase não haver espaço para as pernas, a carroceria baixa limita a área para quem vai atrás. E, embora haja sistema de fixação Isofix, dificilmente uma cadeirinha caberá ali.
No Brasil, Camaro é o único rival
Ao menos por enquanto, o único rival direto do Ford Mustang no mercado brasileiro é o Camaro. O modelo da Chevrolet está disponível no País nas versões cupê, com preço de R$ 310 mil, e conversível, a R$ 343 mil.
Para ambas, o motor é o 6.2 V8 a gasolina que gera 461 cv de potência. O torque é de 62,9 mkgf e o câmbio, automático de oito velocidades.
De acordo com informações da Chevrolet, o Camaro é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 4,2 segundos.
O modelo, cuja tração é traseira, traz painel com diversos indicadores para auxiliar a condução, como o de força G, e cronômetro (para uso em tomadas de tempo na pista, por exemplo). Na lista de itens de série há carregador de telefone celular por indução no console, partida do motor por controle remoto, com acionamento do ar-condicionado, e câmera na traseira.
A central multimídia MyLink tem tela de 8 polegadas e integração com smartphones por meio das plataformas Apple CarPlay e Android Auto.
Desafiador
Fora do Brasil, há um outro tradicional concorrente do Mustang. Trata-se do Challenger (desafiador, em português). Diferentemente do Ford e do Chevrolet, que adotaram estilo mais moderno em suas atuais leituras, o “muscle car” da Dodge carrega na aura “vintage” no desenho da carroceria.
Nos EUA, há diversas versões para o Challenger. A mais próxima das configurações de Mustang e Camaro à venda no Brasil é a equipada com motor 6.4 V8 de 485 cv. O câmbio é automático de oito marchas.
Ficha técnica
Motor: 5.0, V8, 32V, gasolina
Potência (cv): 466 a 7.000 rpm
Torque (mkgf): 56,7 a 4.600 rpm
Câmbio: Automático, 10 marchas
Comprimento: 4,78 metros
Peso: 1.783 quilos
Prós e contras
Prós: Dinâmica
Cupê passa muita sensação de segurança, tem desempenho empolgante e é bom de curva.
Contras: Acabamento
Na cabine, excesso de plásticos rígidos é além do razoável em um carro desse preço.