O Civic Sport chegou subvertendo algumas lógicas. Para começar, tem o visual mais arrojado da linha, mas, ao contrário do que o estilo sugere e o nome insinua, não é o mais rápido da gama. A versão Sport tem o mesmo motor 2.0 que está também no EX e no EXL. Rende 155 cv com etanol, bem menos que os 173 cv do 1.5 turbo, exclusivo da versão Touring.

Mas é o mais divertido de dirigir, porque só ele oferece opção de câmbio manual de seis marchas ( para as demais versões, incluindo a Touring, a transmissão é automática continuamente variável, CVT).

Outro ponto forte (e outra peculiaridade) é o preço. Versões esportivas, com ou sem aspas, normalmente são as mais caras da gama. Mas o Civic Sport é o mais barato: custa R$ 87.900 com câmbio manual, e R$ 94.900 com o automático.

Essas informações já eram sabidas desde o lançamento da décima geração do sedã, em agosto. Mas faltava dirigir o carro. Agora, não falta mais. Como era de se esperar, ao volante o carro com câmbio manual é o mais agradável. A alavanca, instalada no console elevado, é curta e proporciona engates fáceis e precisos, da mesma forma como no Civic de geração anterior.

Já o modelo automático não revela a mesma vontade de viver. Tem uma certa sonolência nas respostas, que só vai embora quando se seleciona o modo S na alavanca.

Normalmente, comportamentos mais pacatos são tolerados em versões que se chamem EX e EXL (caso dos Civic intermediários), mas dessa vez o carro se chama Sport, e a gente espera mais dele.

Afora o motor (oriundo do Civic antigo), a suspensão independente nas quatro rodas também mostrou boa estabilidade e conforto sobre piso de paralelepípedos.

O visual é nervoso. Por fora, destacam-se as rodas escurecidas (aro 17) e a grade preta. O conjunto combina muito bem com a pintura também negra dos modelos avaliados (fora o preto, há um prata e duas opções de branco).

Por dentro, o preto também é predominante, tanto no teto como nos bancos, de tecido. Quem não estiver dirigindo, pode curtir o bom espaço no banco de trás. Na frente, o passageiro fica um pouco afundado no banco, que não dispõe de regulagem de altura.

Entre as sutilezas que a versão reserva está a capacidade um pouco maior do porta-malas. São 525 litros, seis a mais que o oferecido nos outros modelos de acabamento. Isso deve-se ao fato de que o Sport não tem a mesma proteção lateral para os suportes da tampa, embora o bagageiro seja totalmente revestido.

O quadro de instrumentos é o mesmo do EX. Tem conta-giros analógico e velocímetro digital. Não há, portanto, o display digital das versões mais caras. O modelo também não tem o controle de volume sensível ao toque, disponível no volante dos Civic mais caros.

Há, porém, bom nível de equipamentos de série, caso dos seis air bags, controle de tração, assistente de saída em rampa, faróis de neblina e brake hold. Esse último facilita a condução da versão automática no anda e para do trânsito urbano, porque dispensa a tarefa de manter o pé no freio em paradas de semáforo.

Embora seja a versão mais barata da gama Civic, a Honda estima que o Sport irá representar cerca de 24% das vendas do modelo, ou aproximadamente 720 unidades mensais. E a maioria disparada será com câmbio automático. O manual – que é a opção mais barata da gama e o mais agradável de dirigir – representará entre 1% e 5% das vendas. Ou seja, no máximo 150 unidades/mês. A explicação é que quem está disposto a pagar R$ 90 mil por um carro não quer trocar marchas. Não sabem o que estão perdendo.