Apague todas as referências que você tem sobre o Camaro. Ok, sabemos que algumas delas (música sertaneja, por exemplo), tendem a ser resistentes na memória. É provável que você esteja pensando na música do Camaro amarelo neste momento. Mas, tirando a cor (o amarelo é uma das cinco opções do novo Camaro), a sexta geração do esportivo da Chevrolet não tem nada em comum com o modelo anterior.

Começando pela notícia ruim, o preço subiu. O Camaro está chegando inicialmente na série especial Fifty, comemorativa dos 50 anos do modelo. Serão 100 unidades, a R$ 297 mil, bem mais que os R$ 230.990 de tabela do modelo antigo. Além dela, o esportivo estará disponível a partir do ano que vem na versão SS, cupê e conversível.

A boa notícia é que ele evoluiu em tudo. A plataforma é nova. Resumindo, o Camaro está menos “barca”. O modelo antigo tinha muito motor e pouco controle eletrônico para corrigir eventuais erros do motorista. Era um típico “muscle car” americano, bruto, com muito músculo e pouco cérebro. Quem quiser saber o resultado dessa combinação pode fazer uma busca na internet utilizando palavras como “Camaro” e “batidas”. Isso não deve se repetir com tanta intensidade na linha 2017.

Os músculos continuam, mas agora ele “pensa” mais. O motor 6.2 V8 continua com duas válvulas por cilindro, mas recebeu injeção direta e está 14% mais potente (461 cavalos). O torque subiu 18% (62,9 mkgf), e o novo câmbio automático tem oito marchas (seis, no antigo).

Além disso, o Camaro ganhou muito mais eletrônica, para controlar perda de controle. Há quatro modos de condução, do mais calmo ao mais esportivo, destinado a pistas. Há também oito air bags.

A nova carroceria ficou mais leve e rígida, graças ao uso de maior quantidade de aços de alta resistência. O peso do carro baixou 83 quilos (para 1.709 kg), e ele ficou um pouco menor: está 3,1 cm mais baixo, 5,2 cm mais curto e 2,3 cm mais estreito.

Na pista, as acelerações continuam brutais. A diferença é que a carroceria se inclina menos nas curvas, e o câmbio com mais marchas torna a condução muito mais agradável. Os freios (Brembo) estão ainda melhores. A Chevrolet afirma que a distância de frenagem diminuiu 5%. A aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 4,2 segundos e o modelo chega a 290 km/h. Para diminuir o consumo (que a marca afirma ter caído 16%), o motor conta com desativação de quatro dos oito cilindros em situações de pouca aceleração, como velocidade de cruzeiro.

Visualmente, a mudança também foi profunda. O modelo perdeu um pouco o ar retrô da quinta geração (que tinha estilo inspirado no Camaro dos anos 60). Mesmo assim, algumas características permanecem, como os vidros laterais estreitos. Um aerofólio na tampa traseira auxilia no ganho de pressão aerodinâmica.

Por dentro, a mudança é mais radical. O Camaro de quinta geração era espartano demais, com painel muito simples e acabamento quase de carro popular. Já a linha 2017 está mais refinada. O estilo é muito mais inspirado. Os relógios que ficavam no console (de pouca utilidade prática) foram para o quadro de instrumentos, bem no campo de visão do motorista, e são configuráveis. Há head up display (projeta informações no para-brisa) e tela de 8” que possibilita espelhamento de smartphones. O freio de estacionamento passou a ter acionamento eletromecânico (por botão), uma grande evolução diante do modelo anterior, que tinha alavanca do lado direito do console. Os bancos têm até ventilação. Sim, o Camaro ficou mais doce. Mas o preço, bem mais salgado.