
Estrela da Mercedes no Salão do Automóvel de São Paulo, encerrado no domingo passado (9), o Mercedes AMG GT S chegará ao País no segundo trimestre do ano que vem. Com motor V8 biturdo de 4 litros e 510 cv, o novo superesportivo da marca alemã deverá ter preço em torno de R$ 1 milhão. Para conferir do que o carro é capaz, fomos avaliá-lo pelas rodovias da Califórnia e ainda demos umas voltinhas na pista do Autódromo de Laguna Seca, em Monterey.
O GTS é o segundo produto 100% desenvolvido pela AMG – o SLR McLaren, lançado em 2003, é fruto de uma parceria com a fabricante inglesa -, que deixou de ser “apenas” a divisão de preparação da Mercedes para se transformar em uma marca do grupo. Tanto que, assim como o SLS, que resgatou as portas do tipo asa de gaivota e cuja estreia ocorreu em 2010, o novo modelo não tem versões “mansas” nem exibe o termo Benz no nome.
Seguindo o caminho de seu precursor, o GT S é focado em alta performance e se destaca pelo primor do conjunto mecânico e a profusão de recursos eletrônicos. Tudo para oferecer em um modelo de rua respostas muito parecidas com as de carros desenvolvidos para as pistas.
Com cerca de 90% da estrutura feita de alumínio, o superesportivo traz ainda peças de magnésio e fibra de carbono. O objetivo é tornar a carroceria o mais leve possível (são meros 231 quilos) e, ao mesmo tempo, rígida o suficiente para aguentar o esforço gerado pelo ímpeto do motor V8, que é gerenciado pelo câmbio automatizado de sete marchas e duas embreagens com opção de trocas manuais atrás do volante.
O resultado se traduz em um ótimo equilíbrio, seja em frenagens fortes ou ao contornar curvas fechadas em altas velocidades. Mesmo em situações extremas, o carro permanece firme na trajetória e praticamente não oscila. Esse resultado é fruto também da distribuição de peso virtualmente perfeita: 47% no eixo dianteiro e 53% no traseiro, além do motor com cárter seco, solução que permitiu reduzir sensivelmente o centro de gravidade do esportivo.
De linhas limpas e harmoniosas, a carroceria do GT S é 7 cm mais curta que a do SLS. Há bom espaço para duas pessoas e o teto de vidro cria a sensação de que a cabine é ainda maior. Embora seja raso, o porta-malas é surpreendentemente amplo – são 350 litros de capacidade.
Por dentro, o requinte no acabamento impera. Poucas são as peças de plástico aparente e, na unidade avaliada, predominavam materiais como couro, alumínio e alcântara. Os dois bancos esportivos, que abraçam os ocupantes, têm ajustes elétricos.
Chama a atenção o grande console central, no qual há quatro botões de cada lado, harmonizando com o mesmo número de saídas de ar redondas do painel dianteiro. À esquerda ficam os comandos de funções como os (cinco) modos de condução – dos quais um é personalizável -, partida do motor, volume do som, que também pode ser controlado no volante, e até o tipo de som que brota das saídas retangulares do escapamento duplo.
No centro do console ficam os controles do sistema multimídia, do qual faz parte o navegador GPS, cujos mapas e imagens captadas pela câmera na traseira são projetados na tela fixa sobre o painel. Há ainda um bom porta-objetos, com duas entradas USB. Curiosamente, ali fica também o miolo da ignição, embora não seja necessário inserir a chave para ligar o motor.
A filosofia “Um homem, um motor”, adotada na fábrica da AMG em Affalterbach, na Alemanha, na qual cada propulsor é feito manualmente e há um engenheiro que assina sua montagem, foi levada ao extremo no novo 8-cilindros. Com apenas 4 litros, tem uma interessante solução mecânica na qual o compressor duplo montado na parte interna das bancadas do “V”.
O resultado é que o AMG GT S precisa de apenas 3,8 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h e pode chegar a 310 km/h. Como comparação, na edição Black Series do SLS, com seu poderoso V8 6.3 de 631 cv, os números são de, respectivamente, 3,6 segundos e 317 km/h.
Por ser mais eficiente, o novo propulsor também consome menos gasolina e atende as regras de emissões que só entrarão em vigor na Europa em 2016. Além disso, proporciona ótimas arrancadas e retomadas de velocidade. Graças ao turbocompressor, os 66 kgf de força estão disponíveis a partir das 1.750 rpm.
O segredo também está na tração integral e nos enormes pneus, nas medidas 265/35 R19 na dianteira e 295/30 R20 atrás. Tamanha aderência, juntamente com os freios com discos de carbono -cerâmica (opcionais e presentes no carro avaliado), garantem frenagens muito eficientes.
No quesito segurança, o AMG GT S tem ainda air bags frontais, laterais, do tipo cortina e para os joelhos tanto do motorista quanto do passageiro. Os cintos têm pré-tensionadores e sistema elétrico que ajusta a folga para deixá-los colados ao tórax dos ocupantes.
Além do GT S, há a versão GT, que traz o mesmo motor V8 mas com “apenas” 462 cv e 60 mkgf. Essa opção também deverá ser vendida no Brasil e, como seu preço na Alemanha será de pouco mais de € 115 mil, ante os € 134 mil da configuração de topo, é possível supor que sua tabela no País ficará em torno dos R$ 850 mil.
Ficha técnica
Mercedes AMG GT S
Preço: R$ 1 milhão (estimado)
Motor 4.0, V8, 32V, biturbo, gasolina
Potência: 510 cv a 6.250 rpm
Torque: 66 mkgf a 1.750 rpm
Alimentação: injeção direta de combustível
Câmbio: automatizado, 7 marchas
Tração: 4×4
Direção: eletrohidráulica
Aceleração de 0 a 100 km/h: 3,8 segundos
Velocidade máxima: 310 km/h
Diâmetro de giro: 11,5 metros
Comprimento: 4,55 metros
Distância entre os eixos: 2,63 metros
Largura: 1,94 metro
Altura: 1,29 metro
Porta-malas: 350 litros
Tanque de combustível: 65 litros
Peso em ordem de marcha: 1.645 kg
Pneus e rodas: 265/35 R19 (frente); 295/30 R20 (atrás)
País de origem: Alemanha
*Viagem feita a convite da Mercedes-Benz