
Rafaela Borges
Na saída dos boxes, rumo à pista, a pressão no pedal direito ainda é leve. Os 507 cv de potência do V8 biturbo mal entraram em ação e os 67,3 mkgf de torque apenas começaram a surgir, mas um urro assustador invadiu a cabine. Intimidador, mas também instigante, o ronco grave é incentivo para entrar na reta principal do circuito com o pé embaixo. A sensação de velocidade vai dominando o clima mas, poucos metros depois, se visualiza a primeira curva. Na frenagem, uma leve pressão no pedal já faz o carro de 2.295 quilos desacelerar com vigor. Aumentando a força, ele joga sua imensa dianteira para frente antes de quase estancar no chão. E olha que o britânico Continental GT V8 nem é superesportivo.
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Recém-lançada no Brasil, a versão intermediária do Bentley traz o ronco do motor, a sensibilidade dos freios – que nem estavam com discos de carbono cerâmica, opcional – e o luxo que beira a ostentação como destaques. O carro tem as opções cupê, com preço de R$ 1.135.000, e GTC, que é conversível e custa R$ 1.296.000. A avaliação foi feita no circuito Velo Città, em Mogi-Guaçu (SP), em trecho selecionado pela Bentley, que preocupou-se em mostrar a eficiência dos controles eletrônicos. Com o rápido câmbio automático de oito marchas na posição “D” – que controla o ímpeto do carro, promovendo trocas em rotação baixa -, o cupê de quatro lugares mostrou-se confortável.
As respostas da direção são rápidas e precisas e as suspensões independentes, muito bem sucedidas no papel de filtrar os impactos contra o piso. Nada chega a quem está na cabine. O Continental é carro para guiar durante muitas horas e não sentir-se cansado ao fim do dia. Porém, acionando-se o modo esportivo de condução – há outras três opções -, a direção fica mais dura, o motor ronca ainda mais alto e alteram-se os ajustes dos amortecedores, o que torna a suspensão mais ríspida. O câmbio, que possui hastes para mudanças manuais, faz trocas em rotação mais alta com a alavanca em “S”. O carro muda de caráter e fica divertido.
Com o pé fundo no acelerador, as rodas começam a derrapar e o cenário, em curvas, é a eletrônica lutando – e triunfando – contra o ímpeto do motor e o peso do cupê. As rodas derrapam, a dianteira se projeta, mas ao final da curva o Bentley impressiona o motorista com a capacidade de se manter na pista. A tração é 4×4 com divisão 40/60 entre os eixos dianteiro e traseiro – e há controle eletrônico de estabilidade. É possível reduzir essa assistência.
O motor é impetuoso. Na pequena reta do Velo Città, dá para ultrapassar os 200 km/h – a velocidade máxima é 303 km/h e a aceleração de 0 a 100 km/h é feita em 4,8 segundos, conforme a Bentley. A nova versão está posicionada abaixo do topo de linha Continental W12, que tem preço de R$ 1.333.000 na versão cupê e R$ 1.450.000 na conversível.