Alguns brasileiros não perdem a oportunidade de imitar a cultura norte-americana. Prova disso é o Halloween que, mesmo não tendo qualquer relação com o Brasil, sempre tem gente “celebrando”. Pois bem, outro forte exemplo que vem dos Estados Unidos é a Black Friday, que seria, na prática, um dia (a última sexta-feira do mês) com descontos e condições de compra além do normal. Entretanto, no setor automotivo, a prática perdeu força neste ano.
É fato que, aqui, o que era para ser um dia de corte nos preços acaba durando o mês inteiro, em alguns casos. E, nesse sentido, a clientela estava acostumada a ver as fabricantes e concessionárias aproveitando a ocasião para incrementar as vendas e fechar o ano no azul. Quanto mais barato, maior a procura e, consequentemente, mais vendas para a montadora.
Mas, além dos números baixos de vendas, a crise dos chips e a alta do dólar culminaram, também, no desinteresse das fabricantes de carros em seguir essa tradição. Consultadas pelo Jornal do Carro, Chevrolet, Fiat, Ford, Jeep e Peugeot afirmaram não ter promoções especiais para Black Friday neste ano. A Renault, também contatada, não havia respondido até o fechamento desta reportagem.
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Nos anos anteriores, nesta mesma época, diversas marcas já anunciavam condições especiais de compra. Tinha desconto na compra do 0-km, valorização do usado (na troca), financiamentos com longos prazos e até revisões gratuitas.
Sem carro, sem promoção
O principal motivo para essa falta de ânimo das fabricantes é simples: está faltando produto no mercado. “Não tem motivo de vender mais barato se os poucos produtos que as montadoras estão conseguindo produzir mal param em estoque” afirma Fernando Trujillo, consultor da IHS Markit.
De acordo com Trujillo, a falta de produto no mercado é tanta que o preço dos veículos usados explodiu. “Não tem veículo novo (sobrando). Dessa maneira, não faz sentido reduzir preço para fazer promoção, afinal, não tem produto para entregar”, pondera.
Prós e contras
Antes da empolgação com a Black Friday, é preciso ficar atento. Afinal, tanta facilidade pode esconder surpresas negativas. De acordo com especialistas, o home office e o isolamento social obrigaram as pessoas a comprar de forma digital. Mas essa facilidade acabou aumentando a compulsividade e, consequentemente, o endividamento.
A princípio, a Black Friday tem dois caminhos. Pode ser excelente negócio ou pode gerar um problema sem conclusão. Portanto, para não cair em tentação, o consumidor precisa entender a promoção e as condições de compra. Em síntese, segundo diversos estudos, é preciso saber se o produto é necessário e se, de fato, a compra vale a pena.
Cuidados e dicas
Assim, se o desconto destoar dos demais, cuidado. Pesquise se o veículo em questão tem boa revenda, quais os problemas mais comuns que pode apresentar, etc. Várias páginas pela internet e as próprias redes sociais ajudam nessa missão. O site Reclame Aqui é um bom começo.
Por fim, sempre questione o estabelecimento sobre o valor usual do produto. É importante entender, também, o valor final (a prazo), e cercar-se sobre todos os descontos. Afinal, o consumidor tem direito a informações claras.
E nunca é demais salientar que, independentemente de ter comprado um produto ou serviço na Black Friday, o cliente tem todos os direitos garantidos. Inclusive, troca ou devolução em casos de problemas ou mesmo os sete dias de arrependimento, conforme determina o Código de Defesa do Consumidor (CDC).
