Motores de três cilindros são uma clara tendência quando se trata de baixa cilindrada. Essa solução já provou seu valor em compactos, mas serve também para os sedãs? Para descobrir se a receita de “downsizing” (redução de tamanho, em tradução livre) combina com carros voltados à família, reunimos uma trinca de sedãs dotada de motores de três cilindros. A novidade é que o Voyage acaba de entrar para o grupo. Com o motor que a Volkswagen utiliza no Up!, Fox e agora na linha Gol, o sedã (R$ 46.490 na versão Comfortline) encara o Hyundai HB20S (a partir de R$ 51.525 na versão Comfort Style) e o Nissan Versa (a R$ 46.990 na versão S).
A primeira conclusão é que tricilíndricos de 1 litro substituem com vantagens os antigos quatro-cilindros. São mais modernos, leves, potentes e, ao mesmo tempo, econômicos.
Cada um desses carros tem suas peculiaridades. Veja como o trio se saiu, respeitando a ordem de classificação, do terceiro para o primeiro colocado.
3º – Nissan Versa. Quando se tem espaço de sobra, a tendência é ocupá-lo. E aí pode estar o problema do Versa. O sedã da Nissan é o mais espaçoso do trio. Graças ao entre-eixos de 2,6 metros (10 cm a mais que o do HB20S), o banco traseiro oferece acomodação sem aperto para pernas dos ocupantes. Só que, se você carregar o carro, o motor de 77 cavalos (o menos potente do trio) vai reclamar em subidas. Na avaliação, perdeu embalo mesmo só com o motorista. Bastou ligar o ar-condicionado para a rotação cair e exigir redução de marcha.
Salvo uma leve reestilização, o Versa mantém basicamente o visual com o qual foi lançado no País, em 2011. Se na época o desenho já não empolgava, agora, diante de concorrentes como o HB20S, é evidente que o Nissan carece de renovação.
Por dentro, o acabamento é simples, tanto no quando de instrumentos quando no painel e laterais das portas, cujos puxadores têm parafusos aparentes. Além disso, a unidade avaliada apresentava bastante barulho na suspensão dianteira, um sintoma pouco comum para um carro com apenas 9 mil quilômetros rodados.
A direção elétrica, muito leve, transmite artificialidade, e a alavanca de câmbio é longa e não tem engates tão precisos como nos concorrentes.
Outro ponto negativo é o tanque, de apenas 41 litros, que está aquém do ideal para automóveis que rodam também com etanol (como comparação, o do Voyage tem 55 litros).
2º – Volkswagen Voyage. Havia uma dúvida no ar: se o sedã derivado do Gol não seria grande demais para um motor 1.0 de três cilindros. Pois a desconfiança se esvaiu logo nos primeiros metros ao volante do Voyage. O três-volumes embala com facilidade, acompanhado pelo ronquinho em falsete do tricilíndrico (típico de propulsores com número ímpar de cilindros).
O Voyage, que tem cerca de 50 quilos a mais que o Gol, mostrou boa agilidade nas acelerações e retomadas de velocidade. O sedã tem força desde as baixas rotações, e não refugou em subidas, ao contrário do Versa. Além disso, o câmbio de cinco marchas está bem escalonado, os engates são macios e precisos e a alavanca é curta.
A suspensão é ao mesmo tempo macia e estável, e até os pedais facilitam a condução, por terem bom peso e pouco curso.
Ao contrário do Gol, a recente atualização visual no Voyage foi feita pela metade: envolveu a dianteira, mas não a traseira. Por dentro, o painel é novo e agrada, assim como o acabamento. A versão avaliada, Comfortline, transmite sensação de mais cuidados com os detalhes do que a Trendline, de entrada. Pesa contra o fato de Volkswagen prever trocas de óleo a cada seis meses, a metade do prazo prescrito pelas concorrentes.
1º – Hyundai HB20S. O vencedor ficou com o menor espaço de texto porque há pouco o que se criticar do modelo da marca sul-coreana. O HB20S é o mais caro do trio, mas é superior em vários quesitos – a começar pelo estilo. Perto dele, o Versa parece ainda mais defasado e o Voyage fica ofuscado.
O Hyundai tem linhas arrojadas, de frente, lateral e traseira. A mais recente alteração foi leve (caso da grade frontal, que cresceu), mas o suficiente para manter a atualidade visual.
O sedã convence parado e agrada em movimento. O motor de até 80 cv tem fôlego e o câmbio é quase tão bom quanto o do Voyage. A direção, hidráulica como a do Volkswagen, é mais leve no Hyundai. Acabamento interno e espaço agradam e sua garantia é a maior do segmento (cinco anos).