Em uma grande reviravolta, a Tesla perdeu o posto de maior vendedora de carros elétricos no mundo. A marca do bilionário Elon Musk foi superada pela BYD, que emplacou cerca de 641 mil modelos de janeiro a junho deste ano. Assim, vendeu 77 mil carros a mais do que a fabricante norte-americana, que registrou 564 mil unidades. Dessa forma, no total, a chinesa apresentou um crescimento de 315% em relação ao mesmo período de 2021.
Vale dizer que, desde março deste ano, a BYD deixou de produzir carros com motor apenas a combustão. Agora, a marca só faz veículos eletrificados. Ou seja, híbridos plug-in e elétricos. A mudança faz parte da estratégia global que a chinesa traçou para neutralizar as emissões de carbono até 2030. E o impacto será bem grande. Afinal, a BYD é uma das maiores fabricantes de veículos da China e, agora, a maior de elétricos do mundo.
A BYD cresceu em regiões onde a Tesla não atua como, por exemplo, América Latina e Caribe. A marca ainda possui um portfólio de modelos movidos a baterias que engloba diversas faixas de preço, além de estar se firmando no segmento comercial com modelos como o hatch D1 – que estreia neste mês no Brasil. O cenário não é o mesmo da norte-americana, que oferece carros premium de alto luxo – e sofre com a escassez de semicondutores.
Ascensão
A BYD já afirmou que pretende vender mais de 1 milhão de carros elétricos em 2022, a fim de recuperar as perdas derivadas da pandemia. No levantamento, o carro mais vendido da chinesa é o SUV Song, que deve chegar aqui no 2° semestre deste ano na versão Plus, ao lado do sedã Qin Plus. Ambos têm um conjunto híbrido plug-in. Outro modelo de destaque é o Tan EV, primeiro da marca per aqui. O SUV de 7 lugares vendeu 8 mil unidades.
Em comparação com o mercado externo, o Brasil ainda possui uma gama pequena da BYD. Além do Tan, a marca comercializa o sedã Han EV. Ambos são modelos premium. Mas, com os híbridos a caminho, a chinesa abrirá novas possibilidades no mercado.
Além disso, importante destacar o D1, que virá voltado aos motoristas de aplicativos. O hatch elétrico será o terceiro modelo da BYD no Brasil. Porém, não será barato e deve custar na faixa dos R$ 260 mil. De acordo com o diretor de vendas, Henrique Antunes, o D1 será uma alternativa também para “empresas que necessitam de um veículo diferenciado e versátil para seus executivos. Bem como frotistas, prefeituras e policiamento”.
Tesla usa baterias da BYD?
Em junho, o Jornal do Carro noticiou que a BYD vai fornecer baterias para a Tesla. Segundo Lian Yubo, vice-presidente executivo da chinesa, a montadora de Elon Musk consolidou o que já era especulado há mais de um ano. Até o momento, a norte-americana trabalha com alguns fornecedores para equipar seus modelos, entre eles, a chinesa CATL.
O executivo disse à emissora estatal CGTN que o acerto entre as marcas envolve o uso das baterias Blade, feitas de lítio-ferro-fosfato (LFP). “Agora somos bons amigos de Elon Musk. E estamos prontos para fornecer nossas baterias a ele e sua empresa”, disse.
O conjunto possui formato CTP (Cell to Pack). Assim, fica livre de módulos e é formado por uma matriz de células estreitas inseridas em uma estrutura que viabiliza a otimização do espaço. Em síntese, esse tipo de baterias é cada vez mais presente não só nos modelos elétricos da Tesla, mas também no portfólio da BYD. Elas deverão equipar as versões de entrada dos elétricos da Tesla, como Model 3 e Model Y.
Ameaça por todos os lados
Recentemente, um estudo feito pela Bloomberg Intelligence afirmou que a Tesla pode perder posição nas vendas para a Volkswagen. Isso porque a marca alemã, além de ter um portfólio consolidado, traz cada vez mais autonomia e sistemas extras para os seus modelos, sem contar os investimentos na criação de baterias e suprimentos.
Com a ampliação do mercado de carros elétricos, as marcas vêm construindo modelos para a massa. A própria VW, por exemplo, já deixou claro que quer tornar o ID.3 o próximo “carro do povo”. Meta difícil para a Tesla, que mira o mercado de luxo.