A compra da fábrica da Ford, em São Bernardo do Campo, pela Caoa já tem objetivo definido: produzir automóveis da Changan. Na cerimônia do anúncio do negócio entre o grupo brasileiro e o norte-americano, no Palácio dos Bandeirantes, na tarde desta terça-feira (3), havia pelo menos dois representantes da marca chinesa. Um deles, que preferiu não se identificar, deixou escapar que há uma comitiva da empresa no Brasil acertando os detalhes da parceira.
A coletiva de imprensa contou com a presença do governador de São Paulo, João Doria, e dos presidentes da Ford América Latina, Lyle Watters, e do Grupo Caoa, Carlos Alberto de Oliveira Andrade. O empresário braseiro confirmou que pretende usar a fábrica do ABC para fazer carros “de uma marca chinesa”, sem citar qual. Logo após o fim do evento, Andrade saiu do local rapidamente, sem falar com os jornalistas.
A operação de compra da fábrica da Ford pela Caoa será feita em duas etapas. A primeira, com prazo determinado de até 45 dias, é conhecida como “due diligence” (processo de análise, pela compradora, de dados sobre a empresa à venda). Só depois disso a transação será oficializada.
O novo negócio ocorrerá menos de dois anos depois de a Coa assumir as operações da Chery no Brasil. Em novembro de 2017, o grupo brasileiro, que já detinha as marcas Subaru e Hyundai (com exceção das linhas de veículos HB20 e Creta), comprou metade da operação da marca chinesa, pela qual desembolsou US$ 60 milhões. Com isso, foi criada uma nova marca, a Caoa Chery.
A compra da Chery pela Caoa incluiu uma fábrica em Jacareí (SP), a única da empresa chinesa no Brasil. Na planta paulista são feitos o sedã Arrizo 5 e o SUV compacto Tiggo 2, da marca Caoa Chery. Na unidade de Anápolis (GO), erguida pela Caoa, são feitos três modelos da Hyundai (o caminhão HR e os SUVs ix35 e New Tucson) e dois da Caoa Chery (os SUVs Tiggo 5X e Tiggo 7). Em breve, a unidade passará a fazer também o Tiggo 8, para sete ocupantes, cujo lançamento deve ocorrer ente o fim deste ano e o início de 2020.
Os 20 carros mais vendidos em agosto:
Com 131% de crescimento, a Caoa Chery foi a marca que mais avançou no Brasil em 2018, na comparação com 2017. A empresa vendeu 8.640 carros no País no ano passado.Em 2017, antes da compra da operação brasileira pela Caoa, a Chery havia vendido 3.734 automóveis no País.
Changan já esteve no Brasil
Segundo fontes do mercado, quando a fábrica do ABC estiver pronta para produzir automóveis da Changan, deverá fazer principalmente SUVs. Esses carros serão mais baratos que os da Caoa Chery e terão motores flexíveis (utilizam gasolina e/ou etanol em qualquer proporção).
Não é a primeira vez que a Changan opera no Brasil. A empresa chegou ao País em 2006, por meio de um importador, e ficou até 2016. Durante esse período, seus veículos foram vendidos com a marca Chana Motors que, assim como a Hafei Motors, pertence à Changan.
A empresa oferecia três modelos: Chana Cargo (picape de cabine simples, estendida e dupla), Chana Utility (van de carga) e Chana Family (van de passageiros com sete lugares).
Em 2011, a marca passou a se chamar Changan também no Brasil. Juntamente com a mudança de nome veio o anúncio da importação de automóveis de passeio. A promessa incluía o hatch compacto Ben Ben, também conhecido como Benni Mini, o crossover CX20 e o sedã Yuexiang, chamado por aqui de Alsvin. Mas isso nunca se concretizou.