A Caoa vai assumir as operações da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP). O grupo brasileiro, capitaneado por Carlos Alberto de Oliveira Andrade, inclusive, já assinou um acordo para a compra da planta, segundo fontes ligadas à negociação.
Na planta paulista a Caoa manterá apenas a produção de caminhões. Até recentemente a unidade também fabricava o hatch Fiesta. A ideia é fazer os veículos pesados sob licença da Ford.
Trata-se de uma operação parecida com a que o grupo mantém com a Hyundai em Anápolis. Na planta do grupo em Goiás são feitos os Hyundai Tucson e ix35, além dos Tiggo 5X e Tiggo 7.
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Em fevereiro, a Caoa já havia confirmado o interesse na fábrica. Em nota divulgada na ocasião, o grupo informou que mantém uma “forte parceria” com a Ford há quatro décadas. “Dessa forma, é natural que a Caoa e a Ford conversem sobre futuros negócios. Assim como ocorre com outras empresas sempre que há uma boa oportunidade”, dizia o comunicado.
Oficialmente, nenhuma das duas empresas confirma o acordo. “Não vamos nos manifestar sobre o tema”, limitou-se a dizer um porta-voz da Ford.
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Venda à Caoa é parte de estratégia global
A venda da fábrica da Ford no ABC paulista faz parte de um plano global de reestruturação da companhia norte-americana. Em abril do ano passado o Jornal do Carro noticiou que a empresa deixaria de oferecer os sedãs Fiesta, Focus e Fusion nos EUA e concentrar os investimentos na produção de SUVs. O objetivo da empresa é melhorar a rentabilidade.
Embora em 2017 a Ford tenha registrado lucro líquido de US$ 1,74 bilhão, valor superior ao US$ 1,6 bilhão de 2016, a margem caiu de 6,4% para 5,2% nos EUA. Até 2020, a empresa pretende ampliar a margem para 8% globalmente e 10% nos EUA. Com isso, a empresa deverá cortar US$ 25,5 bilhões em custos.
O plano também inclui uma parceria com a Volkswagen. Diferentemente do que ocorreu quando as duas companhias formaram a Autolatina, o acordo não prevê compra ou troca de ações.
Objetivo da parceria é o desenvolvimento conjunto de vans comerciais e picapes médias a partir de 2022. O primeiro produto desse acordo será a nova Ranger, que ganhará sua versão da VW.
As duas empresas também trabalharão juntas para desenvolver carros elétricos. Outra frente será o aperfeiçoamento de sistemas que permitirão a operação de veículos autônomos.
Um dos passos para viabilizar o carro sem motorista é a interação entre veículos e o entorno. Essa tecnologia, batizada de V2X, conta com a colaboração de várias marcas e foi apresentado em janeiro pela Ford na CES, feira de tecnologia em Las Vegas (EUA).
Caoa avança a passos largos
A Caoa vem investindo pesado no Brasil. O grupo brasileiro, importador oficial das marcas Hyundai e Subaru, também é maior revendedor Ford do País.
No fim de 2017, a Caoa comprou parte das operações da Chery no Brasil. Com isso, incorporou a fábrica da marca chinesa em Jacareí (SP) – a empresa já produzia veículos da Hyundai em Anápolis (GO).
Desde então, já lançou quatro modelos da nova marca Caoa Chery no mercado nacional. São eles os SUVs Tiggo 2, Tiggo 5X e Tiggo 7 e o sedã Arrizo 5X.
O resultado é que a Caoa Chery foi a marca que mais cresceu no País em 2018. Foram 8.640 unidades vendidas no ano passado, ente 3.734 em 2017, uma alta de 131%.