A Caoa fará dois novos carros da Hyundai em Anápolis (GO). A empresa não confirma a informação mas, segundo fontes ligadas ao negócio, serão produzidos um sedã subcompacto e um médio. As apostas mais prováveis são o Xcent e o Elantra. A produção deverá começar entre o segundo semestre de 2021 e o início de 2022.
O Xcent (acima) é um subcompacto de quatro portas menor que o Ka Sedan. O Hyundai tem 4 metros de comprimento, 1,66 m de largura e 2,43 m de distância entre os eixos. Na Coreia do Sul, o carrinho é oferecido com motor 1.0 de três cilindros a gasolina que gera potência de 83 cv e torque de 11,6 mkgf. O câmbio é manual de cinco marchas. No entanto, é quase certo que o Xcent nacional seja já a nova geração, que chega à Ásia ainda este ano.
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Inscreva-seSe a produção for mesmo confirmada, no Brasil o modelo deverá ter o mesmo motor 1.0 da linha HB20. Trata-se de um três-cilindros flexível de até 80 cv.
Para comparação, o Ka Sedan tem, respectivamente, 4,27 m, 1,69 m e 2,49 m. Na versão de entrada, o Ford feito em Camaçari (BA) traz motor 1.0 flexível de até 85 cv e 10,7 mkgf. O câmbio é manual de cinco velocidades e o preço sugerido parte de R$ 55.390.
Elantra acaba de ser renovado
O outro modelo que pode ser feito em Anápolis é o novo Elantra. O sedã médio, que já faz parte da linha 2021 da Hyundai, recebeu uma profunda atualização no início deste ano.
O Elantra tem novos visual, acabamento, tecnologias e mecânica. O sedã cresceu 5,5 cm e agora tem 4,67 metros de comprimento. O entre-eixos ganhou 2 cm e, com 2,72 m, ficou maior que o do Toyota Corolla, que tem 2,7 metros.
A dianteira recebeu uma enorme grade, faróis mais afilados e com uma linha de luzes de LEDs na parte superior. Em conjunto com o capô bem inclinado e com os para-choques redesenhados, o sedã ficou com um aspecto moderno e esportivo.
Atrás, há novas lanternas em formato de triângulo (foto abaixo). Uma linha em baixo relevo une as duas peças e cria um efeito visual inusitado e de grande destaque.
Na cabine, os novos instrumentos envolvem o motorista. O acabamento está mais caprichado e a central multimídia tem tela de 10,25 polegadas (mesma dimensão do quadro de instrumentos virtual) sensível ao toque. O sistema, compatível com Apple Carplay e Android Auto, pode conectar dois celulares simultaneamente.
Modelo deve ter motor flexível no Brasil
Ajuste do ar-condicionado por meio do smartphone, controles automáticos de velocidade de cruzeiro, de permanência em faixa de rolamento e de farol alto estão na lista de equipamentos. Assim como sensor de ponto cego, câmeras na frente e atrás, navegador GPS, etc.
Nos Estados Unidos, onde as vendas estão começando, o novo Hyundai tem opções com motor a combustão e híbrida. A primeira traz o 2.0 de quatro cilindros que gera 150 cv de potência e 18,5 mkgf de torque. O câmbio é automático do tipo CVT.
A versão híbrida traz motor 1.6 a gasolina de quatro cilindros e outro elétrico. A potência total é de 140 cv. O câmbio é automatizado de seis marchas e duas embreagens. Segundo informações da marca, com um litro de gasolina essa configuração pode rodar mais de 20 km.
No Brasil, o Elantra saiu de cena no início deste ano. Vinha da Coreia do Sul, tinha motor 2.0 flexível de 167 cv e câmbio automático de oito marchas.
Grupo Caoa tem outras marcas
O novo movimento mostra um importante e positivo avanço na relação entre a Caoa e a Hyundai (leia mais abaixo). O grupo brasileiro capitaneado por Carlos Alberto de Oliveira Andrade é importadora oficial dos carros da marca sul-coreana. E produz os SUV ix35 e Tucson (foto acima), além dos caminhões HR e HD, na fábrica que mantém em Anápolis.
A Hyundai, por sua vez, fabrica em Piracicaba (SP) as linhas HB20 (hatch e sedã) e Creta (SUV). A planta é da Hyundai Motors Corporation (HMB).
A operação da Caoa é bem maior. Além de fabricar veículos da marca sul-coreana, a empresa brasileira é importadora oficial da japonesa Subaru. E também é dona da Caoa Chery. Essa divisão fabrica veículos da companhia chinesa em Jacareí (SP) e Anápolis.
A Caoa Chery produz três carros em São Paulo: o SUV Tiggo 2 e os sedãs Arrizo 5 e Arrizo 6. Da planta de Goiás saem, além dos modelos da Hyundai, os SUVs Tiggo 5X e Tiggo 7, da Caoa Chery. E em breve a unidade passará a produzir também o Tiggo 8, primeiro SUV com sete lugares feito no Brasil (foto acima).
Além disso, o Grupo Caoa se prepara para lançar a marca Exeed no mercado brasileiro. Trata-se da divisão de luxo da Chery. Possivelmente, serão feitos três modelos da Exeed no País, todos SUVs.
Haverá um compacto, um médio e um de alto luxo, e tecnologias como reconhecimento facial, algo raro no mundo e inédito em veículos feitos no Brasil. O menor carro da nova marca é o LX (foto abaixo).
Caoa e Hyundai viveram crise em 2018
A relação entre a Caoa e a Hyundai sofreu um recentemente. Mas a queda de braço iniciada em 2018 parece ter chegado ao fim – e com final feliz.
O motivo da briga foi o rompimento, pela Hyundai Motors, de um contrato com a Caoa. O documento garante o direito de a brasileira importar e produzir veículos da sul-coreana por 20 anos.
A cláusula 2.02 do contrato previa renovação automática ao fim dos dez primeiros anos. O prazo venceu em 30 de abril de 2018. Antes, porém, em 12 de abril, a Hyundai rompeu o acordo de forma unilateral.
Segundo uma fonte da Hyundai, não se tratava de fim da parceria, mas de “uma adequação do contrato”. A mesma fonte confirmou que o contrato previa renovação automática do contrato.
A Caoa alegou que a Hyundai não apresentou justificativa para o rompimento. A empresa brasileira entrou com liminar na Justiça de São Paulo que garantiu a manutenção de todas as cláusulas do contrato.
E também solicitou arbitragem da disputa a um tribunal de Frankfurt, na Alemanha. Essa prerrogativa está prevista no documento firmado com a Hyundai para casos de litígio.
Para o tribunal arbitral a Caoa havia indicado Gustavo Tepedino, ex-diretor da Faculdade de Direito da UERJ e membro do Grupo Latino-americano de Arbitragem da Câmara de Comércio Internacional (CCI) e do Comitê Brasileiro da CCI. Da Hyundai, o escolhido foi o inglês John Beechey, ex-presidente da CCI e um dos árbitros mais famosos do mundo.
Segundo fontes ligadas ao assunto, até o momento nada foi decidido. Na prática, a relação entre as duas dá sinais de que tudo está bem. Ao menos por ora.