O ex-presidente da Nissan Carlos Ghosn, preso no Japão por supostas irregularidades financeiras, participou nesta terça-feira, 8, de uma audiência no Tribunal Distrital de Tóquio. O objetivo foi justificar o motivo de sua detenção prolongada. Foi a primeira aparição pública do executivo brasileiro desde sua prisão, em 19 de novembro.
No início da sessão, Ghosn apresentou um comunicado em que nega as irregularidades e se diz inocente. “Eu fui acusado erroneamente e fui injustamente detido com base em alegações sem mérito e sem substância”, diz o texto.
Mais de mil pessoas tentaram acompanhar a audiência, de acordo com o tribunal, mas só 14 cadeiras ficaram disponíveis para o público em geral. O antigo chefe da Nissan compareceu à sessão de terno e chinelos, parecendo mais magro do que em fotos de antes da detenção.
Na audiência, o juiz Yuichi Tada leu as acusações e disse que o executivo está preso por causa do risco de fuga e para evitar que ele esconda provas. Os promotores de Tóquio denunciaram o executivo por subestimar, intencionalmente, sua remuneração em dezenas de milhões de dólares nas demonstrações financeiras da Nissan.
Os promotores também acusam Ghosn de se aproveitar de sua posição para conseguir ganhos pessoais. Eles suspeitam que o executivo forçou a empresa a assumir perdas pessoais em investimentos com derivativos.
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NISSAN SABIA DE TUDO DIZ ADVOGADO
Segundo o chefe da equipe de advogados de Carlos Ghosn, Motonari Otsuru, a Nissan sabia das operações das quais Ghosn está sendo acusado pela companhia e a justiça japonesa. Otsuru afirmou também que a Nissan concordou em assumir os contratos de empréstimos tomados pelo ex-executivo da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi.