Em breve, algumas marcas de automóveis de luxo passarão a oferecer garantia “de fábrica” para carros blindados, desde que o serviço seja feito em empresas credenciadas.
A novidade foi divulgada durante a Exposec, uma das principais feiras da América Latina da área de segurança, que terminou quinta-feira, dia 12/5, em São Paulo.
Atualmente, quando um carro recebe blindagem, normalmente ele perde a garantia original e passa a contar apenas com a cobertura da empresa que instalou a proteção extra, e da concessionária responsável pela venda.
O engenheiro Alex Cirillo, da Autostar Blindados, afirma que isso deve mudar brevemente. Ele explica que hoje cada blindadora tem um método de trabalho, e por isso os resultados do serviço nem sempre são iguais.
Dependendo de como a intervenção foi feita, o veículo pode apresentar pontos vulneráveis e até comprometer a segurança dos ocupantes em caso de acidente: “Se a blindagem da coluna B (central) não for bem feita, pode impedir que o air bag de cortina abra corretamente e proteja a cabeça dos ocupantes se houver colisão”, exemplifica.
O engenheiro adiantou que uma empresa alemã deve anunciar “em junho ou julho” a blindagem com garantia oficial, e que algumas concorrentes no mercado de luxo devem acompanhar a estratégia.
Cirillo informou que a ideia é criar uma padronização da blindagem, para que – apesar de toda a transformação que um serviço desse tipo envolve – o automóvel mantenha as características originais.
Segundo ele, o serviço realizado pela Autostar prevê reforços de aço em pontos vulneráveis, como na junção de portas com a carroceria, e nos cantos dos vidros: “Por causa de custos, normalmente não se faz isso”.
Além da Autostar, Cirillo informa que a Blindarte também está selecionada para realizar o serviço para a marca de luxo.
Na Exposec, voltada para profissionais do setor, a blindadora expôs um BMW X3 crivado por dezenas de disparos, muitos deles feitos para mostrar a proteção em pontos críticos. Nenhum chegou a perfurar a blindagem.
A norma brasileira determina que a blindagem de nível 3A (a permitida pelo Exército para carros de passeio) deve resistir a disparos de armas leves, como os de espingardas calibre 12 e pistolas 9 mm.
Embora não tenha citado valores, o engenheiro afirma que essa blindagem deve ser entre 10% e 15% mais cara que as convencionais, resultado da maior utilização de aço em pontos críticos. Cirillo informa que o peso dessa blindagem também é um pouco maior que o padrão. No carro exposto, ele estima um acréscimo de 270 quilos, ante cerca de 240 kg da blindagem convencional.
De acordo com ele, para compensar o peso extra as molas da suspensão foram substituídas, de modo a não alterar a altura original do veículo em relação ao solo.
Apesar de não revelar o nome da marca que lançará o serviço no País, o engenheiro afirma que, para homologar o trabalho, a montadora exigiu que, além de ser submetido aos disparos de arma, o carro blindado também cumprisse testes de rodagem e de abertura e fechamento das janelas: “Os vidros abriram e fecharam 11 mil vezes”, garante.
Terceira onda. O engenheiro considera que o segmento de blindagem está entrando em sua “terceira onda”, com a garantia de fábrica: “Há 18 anos, o cliente comprava o carro e ele mesmo levava para blindar. Na segunda onda, que é a atual, ele adquire o carro na concessionária e ela mesma direciona o veículo à blindagem”, diz.
Após a “terceira onda”, com as montadoras credenciando empresas para o serviço, ele prevê que no futuro o automóvel poderá ser blindado ainda na linha de produção, durante o processo de montagem.
Mercedes-Benz. No início do ano passado a Mercedes-Benz lançou no Brasil o E 250 Turbo Avantgarde VR4,
blindado de fábrica. Após a produção na Alemanha, o modelo seguia para o México, onde recebia a blindagem, e só então era enviado ao Brasil. Graças ao acordo comercial entre Brasil e México, o sedã não recolhia imposto de importação, o que tornava seu preço competitivo. O modelo custava R$ 339.900, contra R$ 254.900 do similar sem blindagem.
O E 250 Turbo Avantgarde VR4 vinha com motor 2.0 turbo de 211 cv e câmbio automático de sete marchas, e recebia nível de proteção VR4, que detém disparos de espingardas calibre 12 e pistolas Magnum .44.
A Mercedes-Benz do Brasil informou que as últimas unidades do modelo foram comercializadas no final do primeiro trimestre deste ano. Como o sedã de Classe E mudou recentemente na Europa, o envio das unidades blindadas foi interrompido momentaneamente.