Melhor preço, design e desempenho. Muitos são os fatores para se analisar um carro na hora da compra. Mas para o público PCD (sigla para pessoa com deficiência), além desses aspectos, há um outro olhar sobre qual o melhor veículo. Isso porque, há outras necessidades levadas em conta no momento da decisão. A acessibilidade, nesse sentido, é decisiva para tornar um veículo apto ou não para PCDs. Ela deve estar presente em todos os componentes do veículo.
“Começa na entrada e saída e saída do carro – sendo cadeirante ou não. O ângulo de abertura de porta, a altura do assento em relação ao piso, a facilidade da transferência da cadeira para o carro e do carro para a cadeira. O assento, preferencialmente, tem que ser mais alto que a cadeira”, disse Rodrigo Rosso, promotor da mobility & show, feira especializada em automóveis para PCD. Rosso também é diretor da iretor e editor do Sistema Reação, formado pela TV e Revista Reação. A publicação, anualmente, elege os melhores veículos para o público PCD. A votação para 2025, inclusive, já está aberta. Pela primeira vez, os veículos terão votação por categoria (SUV, compacto, sedan e elétrico).
Além desses fatores, a acessibilidade de um veículo deve estar também no comando dos painéis e volante, por exemplo. Até mesmo itens que podem ser considerados detalhes para alguns, se mostram essenciais para o bom uso do público PCD. “O apoio de braço da porta do motorista para quem usa adaptação é importante. O tamanho do porta-malas e acesso à tampa (no caso de Sedan ou SUV). A abertura e fechamento devem ser preferencialmente automáticos”, disse Rosso. “Até a chave de abertura de portas por aproximação conta”, completou.
Os melhores carros para PCDs
A última edição da pesquisa Carro do Ano Para Pessoa com Deficiência, promovida pelo Sistema Reação/Revista Reação elegeu o Caoa Chery Tiggo 5 como o melhor modelo PCD, com 20,5% dos votos totais. “Na ocasião, ele apresentou a melhor relação custo benefício. Além disso, foi a marca que mais investiu em mídia. Isso fez com que os consumidores fossem para as lojas conhecer mais do carro. As condições de negociação estavam ótimas e a equipe de vendas treinadas”, explicou Rosso.
Como noticiou o Jornal do Carro, o veículo a chegou a ter comercialização com preço de carro popular. Atualmente os preços do CAOA Chery Tiggo 5X Sport estão em cerca de R$ 125.990. Já o Tiggo 5X Pro, sai por R$ 140.990. Ambas as versões são a combustão e trazem o motor 1.5 turboflex de 150 cv de potência e 21,4 mkgf de torque máximo. Além disso, o Tiggo 5X Pro Hybrid Max Drive utiliza um sistema híbrido leve que faz o motor 1.5 turboflex gerar 160 cv e 25,5 mkgf.
“GM está no coração de PCDs”
Completam o pódio, os veículos da General Motors (GM), Chevrolet Onix e Spin, que ficaram com a segunda e terceira posições, respectivamente. “A GM – Chevrolet – sempre figurou como uma das marcas mais queridas entre PCDs. Foi a pioneira em atender o público há pelo menos três décadas ou mais”, disse Rosso sobre o reconhecimento da marca na última pesquisa.
Além disso, de acordo com ele, a GM oferece bom custo benefício nos modelos. O Onix, por exemplo, foi considerado o sedan de entrada com melhor preço. “A Spin já tem seu espaço no coração de PCDs por conta do seu espaço interno e de porta-malas, além da altura do carro”, destacou.
O Chevrolet Onix, nas versões básicas, tem motor 1.0 aspirado de 80 cv de potência e 9,8 mkgf de torque, combinado ao câmbio manual de 6 marchas. Nas versões intermediárias, a opção passa ao 1.0 turbo de 116 cv e 16,8 mkgf. Neste caso, há opção de câmbio manual ou automático de 6 marchas, por exemplo. Por fim, a versão LTZ é sempre automática.
Já a Chevrolet Spin, tem motor 1.8 aspirado de até 111 cv e 17,7 mkgf de torque. A versão 2025, lançada em março deste ano, inclusive, tem visual inspirado no da Montana. Os valores do veículo variam, mas a última versão pode ser encontrada por a partir de R$ 119.990.
Desafios no setor para PCDs
No Brasil, isenções fiscais como o IPI, ICMS e IPVA, regulamentadas pela Lei nº 8.989/95, fazem com que os automóveis sejam vendidos por valores mais acessíveis para PCDs. Contudo, há ainda muitos entraves, conforme defende Rodrigo Rosso. A legislação representa o maior desafio de PCDs no setor automotivo, segundo ele. “Os limites estão confusos, praticamente impedindo que a pessoa com deficiência compre um carro ideal para sua necessidade”, afirmou.
“O IPI tem o teto de R$ 200 mil, por exemplo. Já o ICMS está com teto de R$ 70 mil desde 2009 – mais de 15 anos, e oferece a possibilidade de de compra de um veículo de até R$ 120 mil com o pagamento do ICMS proporcional da diferença”, disse. Assim, a atual configuração dificulta o entendimento do público PCD. “O mesmo acontece com o IPVA na maioria dos estados. Isso precisa ser corrigido”, complementou.
Apesar de elencar a legislação como o maior entrave para PCDs no setor automotivo, a falta de preparo de concessionárias também é ponto que merece atenção. “Na maioria das vezes, não estão preparados para o corretor atendimento e prestação de informações”.
“No que cabe às montadoras (é preciso) dar mais treinamento para à equipe de vendas, adaptar a rede concessionária, procurar manter modelos de entrada dentro da faixa de valor teto das isenções para atender à essa grande demanda de consumidores que cresce a cada ano” disse com relação a como melhorar o acesso de PCDs no setor automotivo.
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