Carros têm peças iguais e preços diferentes

Em automóveis que utilizam os mesmos componentes, diferença de valores pode passar de 40%

Por 13 de mai, 2015 · 4m de leitura.

As peças são iguais, foram produzidas pelo mesmo fornecedor e desempenham função idêntica. Só que uma trabalha sob o capô do Citroën C3 (da antiga geração) e a “irmã gêmea”, no Peugeot 207. Estamos falando do eletroventilador do sistema de refrigeração do motor e, pela lógica, deveriam ter o mesmo preço. Mas não é assim.

Para o C3, o componente sai por R$ 1.372,00 e, no caso do 207, a R$ 1.070,77. “A Citroën sempre cobra mais que a Peugeot pelas peças”, diz o engenheiro mecânico Rubens Venosa, dono da oficina Motor-Max.


Não se trata de caso isolado. Marcas de veículos que compartilham componentes têm políticas próprias de preços. Segundo Venosa, as variações ocorrem porque a cotação das peças tende a acompanhar o preço dos veículos.

Assim, mesmo que o componente seja idêntico, provavelmente custará mais para um Porsche Cayenne do que para um Volkswagen Touareg, por exemplo (os dois utilitários-esportivos dividem plataforma).

A variação é grande e evidencia que é preciso ficar atento na hora de fazer a manutenção. Caso a peça seja compartilhada com outros veículos, pode ser vantajoso comprá-la em autorizadas de outra marca.


É o que faz Venosa, que garante que não se trata de “gambiarra”. “Elas têm o mesmo part number”, diz. Part number é o código dado pela fabricante para designar cada componente do veículo. Se o número é o mesmo, não é preciso fazer nenhuma adaptação no momento da substituição.

No caso da bomba de água secundária do sistema de refrigeração de Audi A4 e Volkswagen Passat, as peças e até suas embalagens são idênticas. Isso, segundo Venosa, preserva a originalidade do automóvel.

O objetivo do compartilhamento de peças é obter economia de escala e reduzir os custos de produção. Assim, carros da PSA Peugeot Citroën utilizam base mecânica comum, apesar do visual diferente. Audi e Volkswagen também têm vários itens comuns.


As parcerias vão muito além das marcas que pertencem a um mesmo grupo empresarial. O motor 1.6 turbo do Mini da geração anterior à atual é o mesmo 1.6 batizado de THP usado por Peugeot e Citroën.