
O “posto particular” foi feito em parceria com a Companhia de Gás de São Paulo (Comgás). A bomba compressora – que mais parece um aquecedor comum – foi importada da Itália pela companhia e instalada na parede da garagem. A rede de gás encanado teve de ser modificada: foi preciso aumentar a bitola de alguns canos e adaptar a tubulação. Todo o processo demorou 45 dias. O carro de Barssal, um Fiat Strada 1.4, também recebeu um “Kit GNV” chamado de “Geração 5”, com dois cilindros de 7,5 m³ cada, com autonomia total de cerca de 250 km. O dispenser abastece aproximadamente 1,5m³ por hora, podendo levar entre 6 a 10 horas para um abastecimento – em um posto normal a operação demora apenas 5 minutos. “Acoplo a saída no bocal à noite e vou dormir. Ao acordar já está pronto. Aproveito para limpar os vidros do carro e checar a água do reservatório. Só não ganho gorjeta”, brinca. O treinamento demorou apenas um dia para que Barassal soubesse mexer no aparelho.
O gerente de marketing Industrial e Transporte da Comgás, Ricardo Vallejo, explica que o gás natural tem utilização ampla. Pode ser usado no fogão, para o aquecimento de água e também para o abastecimento dos veículos. “A diferença é que a rede interna é de baixa pressão. E para abastecer um carro é preciso que o gás esteja em alta pressão. O aparelho comprime o gás e o leva de 0,98 bar a até 220 bar. Esse experimento mostra uma possibilidade de tendência. Imagine seu veículo sempre abastecido ao sair de casa?”, propõe Vallejo.
Economia e emissões. As vantagens do combustível são muitas. O GNV emite, em média, 15% menos CO2 em relação ao etanol e 20% a menos na comparação com a gasolina. Comercializado em metros cúbicos enquanto o etanol e a gasolina são precificados em litros, o GNV proporciona um rendimento maior que o desses combustíveis.
Ocusto médio do km rodado com GNV é de R$ 0,15, enquanto com etanol é de R$ 0,28 e com a gasolina, de R$ 0,31, de acordo com preços registrados no mês de agosto pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). O GNV tem economia de 44% em relação ao etanol e 51% em relação a gasolina. “Nunca tinha andado em um carro a gás antes. A economia é enorme e minha autonomia aumentou, porque eu tenho dois ‘tanques’ de combustível. Acho que muitas pessoas deveriam ir pelo o mesmo caminho”, conta Barassal. No entanto, modelos que rodam com GNV precisam de mais revisões, pois o motor não foi criado para usar combustível gasoso, e sim líquido.
A Comgás diz não ter ideia de custo sobre o abastecimento residencial. “Ainda é um equipamento conceito, feito para demostrar a concepção de tecnologia”, explica Vallejo. O projeto da companhia é deixar o compressor por cerca de um ano na posse de Barassal, tempo em que dados dessa experiência serão coletados. “O que temos em mente é que isso pode ser muito utilizado para frotas. Muitas empresas de táxi têm bolsões onde os veículos ficam estacionados (…)O objetivo da empresa é entender a viabilidade de implementar, no futuro, essa tecnologia no mercado brasileiro”, completa o gerente.