TEXTO: MILENE RIOS
FOTO: VINÍCIUS AGUIAR/Y SPORTS

Quando foi apresentada ao homem que viria a se tornar seu marido, Cristiane Trentin conheceu também outra de suas atuais paixões: as motos. Foi o então namorado que a ensinou a pilotar modelos de duas rodas. Depois de dez anos andado apenas nas ruas, ela experimentou, pela primeira vez, acelerar na pista. Cris, como é conhecida, estreou este ano no SuperBike Series Brasil, o principal campeonato de motovelocidade do País.

“Fui convidada por um amigo, o Rodrigo Rock, que já corre profissionalmente, para disputar a competição”, conta. “No começo foi difícil, mas tenho aprendido a lidar com a situação de estar entre os homens. Dentro da pista não há diferenças.”

Ela diz que seu primeiro ano está sendo de aprendizado. “Estou estudando a técnica e conhecendo o traçado para depois trabalhar os outros defeitos, porque preciso me corrigir um pouco.”

Ao mesmo tempo, a piloto da categoria SBK Pro AM Light busca apoio para se manter no campeonato. “Preciso de patrocínio para terminar a temporada. Essa é uma dificuldade geral da motovelocidade no Brasil, sobretudo para quem mora no interior” – ela vive em Araraquara.

Mas a falta de incentivo não a deixa para trás. Para acompanhar o ritmo dos rivais, Cris treina em um kartódromo. “A situação chega a ser cômica. Treino em uma pista que tem um traçado específico, e correr lá é complicadíssimo. O que consigo é um condicionamento físico aceitável.”

Em casa, ela também enfrenta um grande obstáculo: a preocupação da família. “Meu pai não gosta, ele morre de medo, e a minha mãe nem comenta, mas sei que eles estão comigo.”

A piloto já correu três etapas. Na mais recente, no início do mês, ela foi premiada por ser a única mulher na motovelocidade nacional.