As novas regras para financiamento de veículos ainda estão em fase de implementação e causam dúvidas nas concessionárias da cidade. Algumas financeiras mantêm as taxas praticadas até a semana passada e os planos sem entrada com prazo acima de 24 meses. A Febraban, associação dos bancos, ainda está estudando como ficarão os juros, segundo fontes. Já as revendas apostam que medidas mais claras só serão divulgadas na próxima semana.
“Os bancos estão esperando a poeira baixar, pois nenhum quer deixar de oferecer financiamentos”, diz o consultor Paulo Garbossa, da ADK. “Nem os bancos sabem direito como isso vai nos afetar”, afirma o presidente da Fenabrave, entidade que reúne associações de concessionárias do País, Sérgio Reze.
O objetivo das medidas do Banco Central, em vigor desde segunda-feira, é conter o consumo e, com isso, o risco de inflação. No setor de veículos, há restrições para parcelamentos em mais de 24 vezes sem entrada. Agora, é preciso dar um sinal.
As financeiras até podem parcelar sem entrada, mas para isso terão de manter mais dinheiro em caixa como garantia. Especialistas em finanças afirmam que as medidas vão inviabilizar os financiamentos mais longos, por causa dos juros muito altos.
Reze diz que as vendas caíram nesta semana. “Houve, sim, uma reação do consumidor, mas é porque ele está na expectativa.” No caso dos bancos que ainda parcelam sem entrada, os juros médios subiram de 1,6% para 2,3%, segundo fontes de mercado. Nos financiamentos em 48 meses com sinal de 30%, por exemplo, a taxa agora é de 1,64%, em média.
De acordo com o conselheiro da Anefac, associação dos executivos de finanças, José Ronoel Piccin, quem perde com as novas regras são as classes C e D, principalmente quem pretende comprar o primeiro carro. “São pessoas que melhoraram de vida recentemente e agora não conseguirão adquirir um veículo novo.”
Economista e consultor de varejo automotivo, Ayrton Fontes afirma que muitos clientes já deixaram de comprar porque não conseguiram financiar do jeito que queriam. “Era essa classe emergente que estava impulsionando as vendas da indústria.”
Presidente da Anfavea, a associação das montadoras, Cledorvino Belini diz que não há motivo para preocupação. Para ele, as novas regras são temporárias e não afetarão significativamente as vendas, já que o valor das parcelas deve subir pouco. Piccin, por sua vez, afirma que as medidas devem vigorar por, no mínimo, seis meses. “Talvez por até um ano.”