Cherokee encara trilha nos Estados Unidos

Versão Trailhawk, a mais nova e cara do Jeep, está à venda no Brasil por R$ 229.900 e tem motor V6 de 271 cv

Por 07 de jun, 2015 · 6m de leitura.

Quando o comboio enfim chegou à caverna escolhida para o pernoite, a escuridão já havia tomado conta da trilha. O trajeto do primeiro dia nem era tão longo (pouco mais de 160 km), o problema foi o grau de dificuldade. Apenas para percorrer as últimas 4,5 milhas (7,2 km) foram 51 minutos. Na média, os carros rodaram 8,5 km/h. Ou melhor: escalaram paredes.

A região conhecida como Moab, em Utah, no oeste dos EUA, é uma imensa área de cânions e desfiladeiros. Já foi habitada por navajos e apaches. Agora, não é preciso andar muito para ver um Cherokee. Não o índio, mas o Jeep, como a versão avaliada, Trailhawk.


Viajamos dois dias por esse cenário a bordo do “falcão da trilha”, na tradução livre, a opção mais cara da gama, tabelada a R$ 229.900. A Jeep classifica o topo de linha não apenas como o mais luxuoso, mas o mais apto para o fora de estrada.

A inscrição “Trail Rated”, ou classificado para a trilha, na lataria, corrobora essa distinção. O utilitário tem ganchos de reboque na cor vermelha e para-choques que permitem maiores ângulos de entrada e saída.

Antes de encarar as trilhas, o aquecimento incluiu percorrer vias de asfalto no fundo dos cânions. Embora o cenário seja de filmes de faroeste, o Cherokee mostrou, em estradas pavimentadas, sua faceta bem menos bruta – e isso é um elogio.


Em piso de boa qualidade, o Jeep se comporta como um compacto, a despeito de seus 4,6 metros de comprimento e 1,7 m de altura. Mostrou obediência em curvas e pouca inclinação da carroceria. A direção eletromecânica é firme e precisa e o motor Pentastar 3.2 V6 de 271 cv tem tanta saúde que não parece estar movendo 1.862 kg.
Mérito também do câmbio automático ZF de nove marchas que faz trocas com suavidade. Se houvesse hastes no volante, a satisfação seria completa.

Ao sair do asfalto e parar aos pés da primeira e imensa rocha lisa, foi preciso acionar (quase) tudo o que o carro tem a oferecer. A tração 4×4 é automática e a reduzida é convocada por meio de um botão.

O seletor no console permite optar por andar sobre neve, pedra, lama ou areia. O mais caro dos Cherokee dispõe adicionalmente de bloqueio de diferencial traseiro, sistema que foi utilizado apenas uma vez, para subir uma escadaria de rochas.


Para vencer o trecho com pedras bem inclinadas, o segredo é acelerar devagar, o que reduz o balanço da suspensão e choques desnecessários dos para-choques com o piso. Algumas vezes deu para ouvir aquele ruído característico dos pneus avançando sobre as pedras.

Quando alguma roda perdia o contato com o solo – situação muito comum nos dois dias de trilha -, também deu para ouvir um “tac-tac-tac” por baixo do carro, indicando a transferência de força para a o lado do eixo com tração. A aventura, portanto, foi muito sonora, e evoluiu em ritmo lento, mas firme.

O Cherokee seguiu sem pressa, subindo e descendo pedras ao longo do trajeto. Não houve obstáculo páreo para o Jeep – tudo não passou de um caminho que havia no meio da rocha.