Elas não têm a força de suas irmãs com motores turbodiesel, mas as picapes médias com mecânica flexível compensam essa “desvantagem” com o preço bem inferior. S10 2.5 LTZ 4×4, tabelada a R$ 120.790, e Ranger 2.5 Limited, a R$ 118.500, têm o porte imponente, além do mesmo nível de conforto e segurança das versões a diesel, mas são, respectivamente, R$ 39.600 e R$ 61.490 mais baratas.
Ambas têm cabine dupla, motor 2.5 de quatro cilindros e câmbio manual. A partir daí, as duas seguem caminhos distintos e, neste comparativo, travaram um duelo bastante acirrado.
A S10 leva a melhor na parte que envolve desde a geração de energia (motor) até sua distribuição às rodas. A Ford reage no quesito tecnologia embarcada.
Nas versões flexíveis, só a picape da Chevrolet oferece tração 4×4 – na Ford, esse recurso está reservado às configurações a diesel. O quatro-cilindros da S10 é bem superior ao da rival, graças principalmente à injeção direta de combustível.
Enquanto a S10 tem 206 cv de potência e 27,3 mkgf de torque à disposição, a Ranger conta com, respectivamente, 173 cv e 25 mkgf (dados com etanol). Isso explica as acelerações mais vigorosas, e, melhor que isso, o menor consumo de combustível. Colabora para o bom resultado o câmbio com uma marcha a mais (são seis), que também oferece engates mais suaves.
A Ford tem a eletrônica como forte aliada. A versão Limited vem de série com sistema que faz pequenas correções de direção automaticamente se o carro mudar de faixa sem que o motorista tenha acionado a seta.
Além disso, seu controle de cruzeiro adaptativo pode freá-la sozinho, de acordo com o trânsito. Na Chevrolet há apenas sistema que avisa se a picape sair da faixa ou se aproximar muito do carro à frente, mas não toma providências, como corrigir o volante ou aplicar freios.
Além disso, a opção de topo da Ranger vem com sete airbags, ante os dois frontais da S10, que são obrigatórios. A Ranger também conta com três apoios de cabeça no banco traseiro – na rival há apenas dois.
A Chevrolet contra-ataca com acabamento mais cuidadoso que o da Ford, que abusa de materiais muito rígidos. Mas, enquanto a S10 tem quadro de instrumentos convencional, o da Ranger é personalizável. Há duas telas digitais que possibilitam exibir ou ocultar conta-giros e outras informações, ao gosto do motorista.
Na S10 é possível espelhar parte do conteúdo de smartphones e há sistema de auxílio remoto, OnStar. Já a Ranger flexível leva 1.220 kg (pessoas e carga), bem mais que os 817 kg da S10 LTZ 4×4, de acordo com informações das fabricantes.
Por fim, uma vantagem “extracarro” fez a balança pender de vez para o lado da Ford: apenas a Ranger oferece garantia de cinco anos, ante três das demais concorrentes.
Evolução da picape da Chevrolet foi o destaque positivo.A S10 está em sua melhor forma. Recém-renovada, a picape consegue brigar bem com as mais fortes concorrentes sem esmorecer. O visual melhorou bastante, por dentro e por fora. E o modelo da Chevrolet já consegue ser até referência em alguns quesitos. É o caso, por exemplo, da injeção direta de combustível e da opção de tração integral para as versões com motor flexível.
Por tudo isso, ela foi uma forte adversária no embate com a Ranger. Perdeu o comparativo por pouco, e só porque a Ford equipou sua picape com praticamente tudo o que existe em termos de segurança ativa, incluindo o sistema de permanência em faixa e o controle de cruzeiro adaptativo. São tecnologias que a gente só vê em alguns carros de luxo.
E tem mais: a S10 perdeu para a picape que bateu a todo-poderosa Toyota Hilux em nosso comparativo publicado no mês de abril (embora, naquela vez, a disputa envolvesse versões a diesel). O mercado de picapes médias é dominado pelas versões a diesel (75% do total), mas não por falta de competitividade das opções com motor flexível.