A Citroën mudou, ao menos em parte, a estratégia em relação ao Aircross. O modelo manteve o visual aventureiro, mas ganhou versões mais baratas sem o estepe pendurado na tampa traseira. Por R$ 49.990, a opção de entrada, Start, está na mesma faixa de preço do Volkswagen Cross Up! TSI, que, mesmo sendo menor, parte de R$ 50.490. Por isso, colocamos os dois frente a frente em um duelo entre bom espaço interno, do Citroën, e o surpreendente desempenho do pequeno VW.
O Aircross leva a vitória por margem pequena, principalmente por causa do bom custo-benefício. Essa vantagem não desmerece a maior virtude do Cross Up! TSI, seu motor 1.0 turbo que impressiona e faz o motorista esquecer de que está em um carro de entrada.
O Citroën se resolve bem com seu 1.5 de 93 cv. As respostas, consistentes, parecem vir de um motor maior.
O Aircross também é espaçoso. Com 4,09 metros de comprimento, tem bons 403 litros de capacidade no porta-malas, volume bem superior aos 285 l do Cross Up!. O bagageiro do Volkswagen é até bom, considerando as dimensões da carroceria – são 3,65 metros, ou 44 cm a menos que o rival.
Na lista de equipamentos, essa dupla não vai muito além do básico. Há ar-condicionado, conjunto elétrico e direção assistida de série. O Cross Up! traz uma pouco prática central multimídia com navegador GPS como opcional, também disponível para o Aircross na versão Live, de R$ 53.990. O Volkswagen oferece assistente de partida em rampas e um importante controle de tração de série. O Citroën não tem esses itens nem entre os extras.
Os dois são contidos na “maquiagem” aventureira. Em ambos, não há pneus para uso misto, barras no teto e apliques plásticos na carroceria. É questão de gosto, mas, no Cross Up!, a profusão de cores – há vários detalhes prata e a tampa traseira é pintada de preto – acaba ficando um tanto exagerada.
1.0 turbo brilha.A grande estrela dessa dupla é o motor 1.0 turbo do Cross Up! TSI. Seus 105 cv podem não parecer tanto, mas aliados ao baixo peso, se traduzem em ótimas respostas aos comandos do acelerador. O torque de 16,5 mkgf, maior que o do 1.5 do Aircross, aparece a baixas 1.500 rotações e movem o hatch com muito vigor.
Independentemente da rotação, o motor responde de pronto e o Cross Up! ganha (e mantém) velocidade de forma digna de carros maiores. O câmbio até tem relações longas, que fazem o 1.0 girar a menos de 3 mil rpm a 120 km/h, mas o torque farto deixa a condução sempre animada.
O Aircross, por sua vez, não faz feio e anda mais que os dados de seu motor sugerem. O 1.5 tem só 93 cv, mas o monovolume não sofre para se deslocar. Ao contrário do Cross Up!, o Citroën tem transmissão de relações curtas, que fazem com que as rotações do motor subam mais rapidamente até chegar à faixa de torque máximo, de 3.000 giros. O Aircross não tem o mesmo brilho do VW, mas está longe de decepcionar.
O Citroën também é mais estável, com bom acerto da suspensão, que transmite segurança mesmo em altas velocidades. Sua direção, que é bem leve em manobras, fica mais firme que a do Cross Up! na estrada.
Pequeno, o hatch da VW balança com ventos laterais e requer atenção, principalmente porque é fácil ganhar velocidade com ele.Fora do asfalto, os dois aguentam até uma estradinha de terra, mas convém não abusar.