Se fosse um comparativo entre os segmentos de utilitários-esportivos, tendo como competidor o Kia Sportage, e minivans, aqui representadas pela C4 Picasso, provavelmente a Citroën não teria a menor chance diante do consumidor, tamanha a euforia despertada pelos “jipes”. Mas o embate é entre modelos para famílias – dois baita carros, aliás. Nesse contexto, as minivans são difíceis de superar, como mostra a acentuada pontuação da vencedora.
O Sportage, feito na Coreia do Sul, é um utilitário que tenta ser um carro de passeio, e consegue isso na maioria das vezes. O Kia tem suspensão traseira independente muito bem acertada, que reduz a rolagem da carroceria, dá estabilidade e segura bem o tranco na hora de passar por buracos.
Na C4 Picasso, produzida na Espanha, o conjunto é inferior atrás, com eixo de torção, mas a altura em relação ao solo menor e o entre-eixos maior em 11 cm o deixam bem assentado no chão.
Em piso bom, o ponto é para a Citroën. Nos buracos, o Kia é melhor – como não há lugar em São Paulo sem “crateras”, a vantagem é do Sportage.
O Citroën é superior no quesito espaço. Motorista e passageiro que viaja na frente ficam mais bem acomodados que no utilitário. Atrás, há assentos individuais na C4 Picasso que efetivamente levam três pessoas. Todos são modulares, o que aumenta o conforto ao evitar aquele “ombro no ombro”. No Kia o espaço é limitado para o eventual quinto passageiro.
Outra vantagem da Citroën está no acabamento. O do Kia também é excelente e muito bem executado, mas o da C4 Picasso está em um patamar acima – é superior no nível dos materiais escolhidos e na quantidade de texturas utilizadas.
Outro ponto vital para as famílias é o porta-malas. O da Citroën tem 437 litros, ou 34 litros a mais que o do Kia. Mas em ambos dá para pegar a estrada sem se preocupar com espaço para a levar as bagagens.
Turbo e desempenho. Quando o assunto é desempenho, uma peça define tudo neste comparativo: um certo “caracol”. Trata-se do turbo ligado ao motor 1.6 a gasolina do C4 Picasso, que gera 5 mkgf a mais de torque, entrando às 1.400 rpm. Já os 20,2 mkgf do 2.0 flexível do Sportage só ficam disponíveis às 4.700 rpm. Na potência, há empate técnico, com de 165 cv na minivan e até 167 cv no utilitário.
Como no peso a C4 também leva vantagem – são 1.405 kg, ante os 1.570 kg do rival, o desempenho da minivan espanhola é superior em arrancadas e retomadas de velocidade. Seja na cidade ou na estrada.
O câmbio automático de seis marchas faz um bom trabalho, no mesmo nível do automático e de seis velocidades do Kia. Portanto, o que poderia atrapalhar (e atrapalhava na antiga C4, que tinha apenas quatro marchas) não o faz agora.
A direção dos dois carros é leve e precisa, mas a do C4 é um pouco mais suave em manobras de estacionamento. Os freios com a ABS também são ótimos, mas o do Sportage tem um pouco mais de assistência e o pedal um pouco mais baixo, no sentido contrário do que se espera de um utilitário.
A lista de equipamentos dos dois é completa, mas a C4 Picasso leva ligeira vantagem por oferecer mais mimos, como câmera de 360° e assistente de estacionamento.