Cinco anos após sua última aparição no Brasil, o Civic Si voltou ao mercado mais potente e na forma de cupê – antes, era um sedã produzido no Brasil. Agora importado do Canadá e com perfil mais esportivo que o do antecessor, o Honda, que tem preço sugerido de R$ 119.900, desafia outro modelo de vocação apimentada, o alemão Golf GTi, que parte de R$ 108.500.
Nessa briga, o Honda não foi páreo para o Volkswagen, pois, além de ser mais caro, perde em acabamento e espaço interno, além de entregar desempenho inferior ao do hatch.
Com acabamento refinado e repleto de equipamentos, o Golf trata melhor os ocupantes e tem no conjunto mecânico seu maior trunfo. O motor 2.0 turbo de 220 cv e 35,7 mkgf está acoplado ao ótimo câmbio automatizado de seis marchas e duas embreagens. Mesmo tendo 2,4 litros, o propulsor do Civic gera 206 cv e 23,9 mkgf, que surgem em giros mais altos que no VW. O câmbio é manual de seis velocidades.
O hatch alemão também sobressai na lista de opcionais. Há dois pacotes, que agregam itens como controlador de velocidade de cruzeiro adaptativo, assistência automática ao estacionamento e faróis de xenônio. Esses equipamentos elevam o preço a quase R$ 150 mil. No entanto, nenhum deles está disponível para o Civic.
A favor do cupê canadense está o visual mais esportivo e bastante “carismático”. As linhas da carroceria são bonitas e chamam muito a atenção na rua, reforçadas pelo nada discreto spoiler sobre a tampa do porta-malas. O Golf, por sua vez, é mais elegante e aposta em um conjunto bem mais sóbrio, algo típico da marca alemã.
Golf anda mais, mas Civic também diverte
Cada um à sua maneira, Golf GTI e Civic Si são carros bons de acelerar. O Volkswagen oferece arrancadas fortes mesmo partindo da marcha lenta e as trocas de marcha são muito rápidas graças ao câmbio automatizado. Os 35,7 mkgf dizem a que vieram e impulsionam o carro com vigor a cada pisada forte no pedal do acelerador.
O hatch alemão também é bem seguro em curvas, e dificilmente vai dar algum susto no motorista. A direção tem relação direta e o torna ágil também em manobras na cidade. Aliás, o GTI se comporta muito bem no tráfego urbano, sendo bem civilizado e confortável. Isso graças ao bom isolamento acústico e ao câmbio, que dá descanso à perna esquerda no trânsito pesado.
Já o motor do Civic precisa “chegar” a 4.400 giros para entregar “modestos” 23,9 mkgf . Por outro lado, a atmosfera mais simples a bordo do Honda permite ao motorista se concentrar mais em guiá-lo, o que é bastante prazeroso. Apesar de o Honda ser mais “fraco” que o Volkswagen, a maneira como acelera é até mais envolvente, principalmente quando o ponteiro do conta-giros ultrapassa a faixa das 4.500 rpm. O 2.4 ganha vida e mostra bastante fôlego até o corte, às 7 mil rpm.
No painel, uma luz indica o melhor momento para trocar as marchas. O câmbio manual tem engates curtos e firmes, enquanto suspensão e direção permitem ótimo controle das reações do carro.
Opinião
Os números não mentem, mas nem sempre dizem tudo. A briga entre GTI e Si é um típico caso dessa dualidade. O Golf é melhor em praticamente todos os aspectos mensuráveis, mas perde em algo que só pode ser percebido por quem roda com ambos nas ruas: o carisma.
Enquanto o VW é um típico alemão, discreto, e só mostra as garras quando necessário, o Civic é feliz ao apelar para um espírito “Need for Speed” da vida real. Com uma bela carroceria cupê e cores vibrantes, além do motor “girador” e o sonoro ronco do escapamento nas acelerações, o canadense é cativante, embora haja um plástico muito rígido aqui, uma suspensão firme ali…
O Honda oferece diversão e descontração, qualidades surpreendentes para japoneses, em geral bastante pragmáticos. Enquanto isso, quem vai de Golf pode acompanhar a farra do rival pelo retrovisor.
Golf
Prós
DESEMPENHO:Motor 2.0 turbo é bem forte e acelera o VW com vigor. E câmbio automatizado ajuda a dar mais esportividade.
Contras
SEGURO: Preço da apólice para o hatch alemão é mais “salgado” que o do rival e pode representar 20% do valor do carro.
Civic
Prós
CONJUNTO: Visual bastante esportivo e mecânica afinada são dois trunfos do cupê médio importado do Canadá.
Contras
ITENS DE SÉRIE: Pelo que custa, deveria ter equipamentos como partida por meio de botão e bancos de couro, como o rival.