A Chevrolet fez mudanças importantes na linha 2017 do Cobalt. O sedã ganhou melhorias no motor 1.8, que ficou mais potente, com 111 cv (ganho de 3 cv) e econômico, e câmbio de seis marchas. Colocamos as novidades à prova em um embate entre a versão de entrada, LTZ, e o Voyage Comfortline, opção intermediária do sedã Volkswagen com motor 1.6 de 104 cv.
Ainda que o Cobalt seja notavelmente maior que o Voyage, sua vitória não foi por uma margem muito grande. O sedã da Chevrolet leva a melhor em espaço (cabine e porta-malas), conforto e acabamento. O Voyage se destaca pela dirigibilidade muito boa, mas isso não foi suficiente para superar o concorrente neste duelo.
O Volkswagen tem tabela inicial bem menor que a do Cobalt: R$ 52.350 ante R$ 60.890, mas na versão básica fica devendo vários itens de comodidade, como sensores de obstáculos atrás, rodas de liga leve e até mesmo a abertura interna do porta-malas, além da central multimídia, que são de série no Chevrolet. Com esses equipamentos (opcionais), o Voyage vai a R$ 58.691 – isso se o interessado quiser um carro branco, preto ou vermelho. Outras cores custam R$ 1.378 e fazem com que a fatura chegue a R$ 60.069, valor muito próximo ao Cobalt que participou deste comparativo.
Ainda que a Chevrolet cobre R$ 1.400 por qualquer cor que não seja a branca, o desembolso para levar o Cobalt para casa dá direito a um conjunto mais bem composto. Além disso, o carro é espaçoso e parece ser de categoria superior.
Ar-condicionado, direção assistida e trio elétrico são de série nos dois modelos, mas o acabamento superior faz a balança pender para o lado do Chevrolet. Mesmo tendo plástico rígido em excesso, a cabine do Cobalt é melhor que a do Voyage, que também foi renovado recentemente, mas ainda assim não esconde ser um dos modelos de entrada da marca.
O sistema de conectividade MyLink é simples de usar e mostra imagens captadas na traseira do Cobalt, recurso indisponível no Voyage. A central do VW é elegante e lembra a de modelos mais caros, mas tentar fazer com que o celular funcione pelas plataformas CarPlay, da Apple, e Android Auto é desnecessariamente complicado, ante a instantaneidade das respostas do dispositivo do rival.
Boas mudanças. Esqueça a falta de disposição do 1.8 do Cobalt vendido até meados deste ano. As melhorias não escondem a idade do quatro-cilindros, mas deram novo fôlego ao sedã.
O modelo deslancha com muito mais facilidade e os 17,7 mkgf de torque se mostram presentes já a 2.600 giros. Nos semáforos o sedã arranca com decisão e consegue manter bom ritmo de aceleração. O giro do motor ainda sobe devagar, mas é ajudado pelo também novo câmbio de seis marchas com engates precisos.
A referência nesse quesito, no entanto, é justamente a transmissão da VW, que, além de ter ótimos engates, traz escalonamento adequado ao 1.6 flexível de 104 cv. O Voyage também é ligeiramente mais esperto na cidade. O torque de 15,6 mkgf aparece a 2.500 rotações e o baixo peso, pouco mais de uma tonelada, ajuda bastante o sedãzinho.
Na estrada, a situação se inverte e o Cobalt mostra qualidades dignas de carros maiores. Silencioso e valente, é bom para longas distâncias e consegue levar a família com espaço e conforto. O Voyage vai bem, com boas respostas, mas o isolamento acústico é menos refinado e o rodar é ligeiramente mais “saltitante” que o concorrente, o que requer sutis correções na rota ao enfrentar ventos laterais em rodovias ou transitar em velocidades de cruzeiro acima dos 110 km/h.
O porta-malas do Cobalt tem capacidade de 563 litros, ante 480 litros do Voyage, e seu entre-eixos é 16 centímetros mais comprido que o do VW. Isso abre espaço para os ocupantes. E, embora o Voyage seja mais gostoso de guiar, não dá para ignorar o conteúdo do Cobalt.
Mesmo havendo equivalência em termos de equipamentos, só o sedã da Chevrolet oferece o prático sistema OnStar, de assistência em caso de emergência e até serviço de concierge – dá até para pedir o endereço da pizzaria pelo sistema, que é enviado para o navegador embutido no MyLink. Mesmo exibindo apenas setas, já que o sistema não tem mapas gravados, é suficiente para livrar a família de um sufoco no fim de semana.