A Peugeot fez boas mudanças no 208, que ganhou motor 1.2 de três cilindros nas versões de entrada e preços mais competitivos. Com isso, o hatch pode brigar com as opções de topo do carro mais vendido do Brasil, o Chevrolet Onix. Aqui, o duelo é entre o 208 Allure e o Onix LTZ 1.4.
Mesmo ligeiramente mais caro, o Peugeot, com tabela de R$ 55.490, conquistou a vitória com boa margem sobre o Chevrolet, a R$ 54.240. A lista de itens de série, a concepção mais moderna da cabine e o bom comportamento dinâmico são destaques do 208 e o colocam em um patamar superior ao do Onix, que tem concepção simples e dificuldades para justificar o valor pedido pela versão de topo.
O 208 Allure, opção de topo com motor 1.2, traz de série itens como ar-condicionado digital com duas zonas de temperatura, teto solar panorâmico e air bags laterais. Sua central multimídia tem funcionalidades semelhantes às do sistema do Onix, com a vantagem de trazer as plataformas Android Auto e CarPlay, que reproduzem o conteúdo de alguns aplicativos do smartphone na tela central do carro.
O pacote recheado do 208 ainda vem embalado em uma carroceria com desenho mais bem elaborado, que recebeu reestilização leve na linha 2017. Feito em Porto Real (RJ), o modelo da marca francesa tem estilo mais sofisticado que o do compacto produzido em São Caetano do Sul (SP).
Na cabine, o principal senão do Onix é a posição de dirigir. Seu assento é muito alto e poderia ter mais regulagens.
Na parte mecânica, o pequeno 1.2 faz bom trabalho sob o capô do Peugeot, ainda que deixe a desejar em alguns aspectos (leia mais na próxima página). O 208 também merecia um câmbio mais macio, com engates mais precisos e menos ruidosos.
Já o 1.4 do Onix é um pouco “sonolento” em giros baixos, o que faz com que o motorista tenha de acelerar mais para extrair força do motor. Ao menos, o funcionamento do quatro cilindros é suave e, depois de embalado, o carro até que vai bem. As retomadas de velocidade são consistentes e o compacto mantém boa velocidade sem que haja sinais nítidos de cansaço.
O câmbio do Chevrolet tem ótimos engates. Mais precisos que o do Peugeot, permite manter uma boa tocada.
O Ônix tem várias qualidades. Bem construído, o carro passa sensação de robustez, é valente e o ótimo acerto da suspensão ignora buracos e valetas no asfalto.
Emboras seja ruidosa, a suspensão do Peugeot também agrada. No entanto, a parte inferior da dianteira raspa com facilidade na via.
Três-cilindros do 208 tem foco na economia de combustível
Até então só vista em motores 1.0 de modelos compactos de entrada, a configuração de três cilindros em linha com deslocamento maior foi adotada inicialmente pela Peugeot, no 208 – e está chegando agora ao Citroën C3. Com 1,2 litro, tem 3 cv a menos que o 1.5 que substitui. O torque também é ligeiramente menor: 13 mkgf, ante os 14,2 mkgf, sempre com 100% de etanol no tanque, mas essa força está disponível em rotações mais baixas.
O três-cilindros deixa o carro gostoso de acelerar, mas não esconde ter menos força. Diante do Onix, ele até se sai bem, mas deixará saudades em quem já dirigiu um 208 1.5. As retomadas são morosas e não adianta muito reduzir marchas. O torque máximo aparece aos 2.750 giros, e, abaixo dos 2 mil quase não há força, bem como quando o motor está acima das 4 mil rotações.
Nesse caso, aliás, o 1.2 faz mais barulho e vibra bastante. Isso sem fazer com que o carro, de fato, ganhe agilidade.
A principal vantagem desse motor é seu baixo consumo. O 208 1.2 é um dos carros mais econômico do País, segundo dados do Inmetro.
Com apenas um litro de gasolina o hatch é capaz de rodar 15 km na cidade e até 17 km na estrada. No caso do Onix, os números são de 12 km e 14 km respectivamente. Na rodovia, a autonomia do 208 é superior até mesmo à da versão híbrida do Ford Fusion.
Durante a avaliação, com o ar-condicionado ligado, os números do computador de bordo do 208 ficaram próximos dos divulgados. A média rodoviária foi de 16,2 km por litro.