Eles representam a interseção de dois mundos. De um lado está o Corolla Altis, versão de topo do sedã médio mais vendido do País. Do outro, o A3 Sedan Attraction 1.4, opção de entrada para a gama do três-volumes premium “queridinho” do mercado. Em comum estão a faixa de preço e o porte da carroceria. Praticamente todo o resto difere o Toyota do Audi.
Por R$ 116.990, o Corolla Altis é muito bem equipado. Traz rodas de 17 polegadas, central multimídia, partida por botão, banco do motorista com ajustes elétricos e central multimídia com navegador GPS, entre outros. A R$ 115.190, o A3 leva pequena vantagem na tabela, mas faltam itens importantes no pacote básico (mas a lista de opcionais é ampla). Além disso, seguro e manutenção são mais caros no Audi. O A3 compensa essas desvantagens com o conjunto mecânico irrepreensível, o ótimo comportamento e o impecável acabamento, que lhe garantiram a vitória no comparativo.
Com isso, o Audi obteve revanche, pois havia perdido para o Corolla em um comparativo feito pelo Jornal do Carro há três anos. De lá parca cá, o A3, que vinha da Hungria, passou a ser feito em São José dos Pinhais (PR) e ganhou itens importantes – não havia sequer volante multifuncional. Além disso, a suspensão está mais bem acertada para encarar a buraqueira das vias do País.
O Corolla mantém o conjunto competente e, na linha 2018, ganhou controle eletrônico de estabilidade. Seu motor 2.0 combinado ao câmbio automático CVT, de relações continuamente variáveis, não é páreo para o 1.4 turbo do A3, acoplado à caixa automática de seis marchas.
Interior. A cabine do Corolla é bem acabada, com plásticos de qualidade e arremates corretos. Mas o Audi transparece mais luxo na combinação de revestimentos, como metal e plásticos lisos. Botões e comandos têm acionamento suave, enquanto no Corolla o aspecto é funcional e menos requintado que o do rival.
A3 esbanja desenvoltura em movimento. O motor do A3 tem potência pouco inferior à do 2.0 do Corolla (150 cv ante 153 cv do Toyota). Porém, o 1.4 do Audi se mostra mais ágil graças ao torque, que é superior e surge em sua plenitude a partir de baixas rotações. No A3, as reações ao pedal do acelerador são quase imediatas e, além de ser esperto, ele é gostoso de dirigir. A transmissão de seis velocidades tem funcionamento suave, trocas rápidas e escalonamento de marchas correto.
O Audi também se destaca pelo baixo consumo de combustível. Não é raro fazer médias superiores a 15 km/l de gasolina em rodovias, segundo o computador de bordo, números dignos de carros menores.
Já o Corolla tem no câmbio CVT um grande aliado. Seu 2.0 parece não se esforçar para movimentar o sedã, que pesa pouco mais de 1.300 kg, graças à transmissão, que eleva as rotações do motor somente o necessário para oferecer uma boa tocada, sem fazer o quatro-cilindros “gritar” à toa. Mas as respostas são bem mais plácidas que as do A3.
Nas curvas, o Audi também leva vantagem e transmite muita segurança ao motorista em qualquer situação. O A3, inclusive, instiga o motorista a guiar de modo mais esportivo, ritmo que o Corolla até tolera, mas não chega a animar muito quem está ao volante.
Opinião
O A3 e a evolução da classe média
Em 2014, o Corolla venceu o duelo contra o A3 Sedan por oferecer uma enxurrada de equipamentos extras ante um Audi que, à época, era um carro praticamente “pelado”. Afinal, por melhor que o A3 fosse, quem iria querer um sedã na casa dos R$ 100 mil sem itens que são básicos até em modelos não considerados “premium”?
Agora, o jogo virou, pois a Audi recheou melhor um produto mecanicamente impecável. O A3 perdeu o câmbio automatizado de dupla embreagem (que era ótimo em velocidade, mas devia suavidade em manobras) e passou a ter suspensão traseira mais simples. Mas o acerto do conjunto atual não faz esses itens deixarem saudade e o Audi ganhou “mimos” já na versão de entrada, mostrando boa evolução na abordagem do modelo ao mercado brasileiro. O Corolla manteve o bom conjunto, mas encareceu sem mudar muito, o que fez com que a excelência do Audi prevalecesse desta vez.
Toyota Corolla
Prós – espaço interno
Sedã acomoda bem quatro adultos e seu porta-malas, bastante amplo, tem 470
litros de capacidade.
Contras – dirigibilidade
Embora o motor e o câmbio sejam competentes, conjunto empolga bem menos que o do modelo concorrente.
Audi A3 Sedan
Prós – conjunto mecânico
Motor 1.4 turbo casa bem com o câmbio automático de seis marchas. Suspensão é firme, mas confortável.
Contras – equipamentos
Versão “básica” é enxuta e faltam itens como câmera na traseira e ar-condicionado automático (opcionais).