Dois dos principais lançamentos de 2021 fizeram sua avant première nos últimos dias. A nova geração do Hyundai Creta teve preços, versões e motores anunciados, e, na sequência, a Jeep revelou o Commander, seu novo SUV de 7 lugares. Ambos têm em comum a busca por luxo na cabine, bem como por um requinte tecnológico, com novos recursos avançados que, até pouco tempo atrás, eram restritos aos carros de luxo.
São exemplos o controle de cruzeiro adaptativo (ACC) com função Stop and Go, que freia até a parada completa e acompanha o veículo que vai à frente. Outros exemplos são o assistente de permanência em faixa, que faz leves correções no volante para manter o veículo no centro da faixa da via em que trafega. Mas não é só. Os dois SUVs são conectados à internet.
Tanto Creta quanto Commander oferecem integração com aplicativos nos smartphones que permitem ver dados de bordo, receber alertas de segurança em tempo real (como uma possível tentativa de furto), ou mesmo enviar comandos, como ligar motor e o ar-condicionado. Há também como enviar um destino ao GPS da multimídia antes de chegar no veículo, ou ver o nível do tanque de combustível e a autonomia.
Mas ao mesmo tempo em que convergem em tecnologia, estamos falando de dois novos SUVs com boa diferença de preços. O Creta vai de R$ 107 mil até R$ 147 mil, enquanto o Commander parte de R$ 200 mil e chega a R$ 280 mil. Mas, mesmo com tamanha disparidade de preços, os SUVs chegam com listas parelhas. E isso vai mexer com o mercado.
Segmentos diferentes
Importante entender que os novos Creta e Commander são de segmentos distintos. O SUV compacto da Hyundai traz motores 1.0 turbo e 2.0 flexível, disputando vendas com modelos menores, como Chevrolet Tracker, Honda HR-V, Jeep Renegade e Volkswagen T-Cross. Já o Jeep pretende desafiar SUVs maiores de 7 lugares, como Caoa Chery Tiggo 8, VW Tiguan Allspace e até mesmo o Toyota SW4, que, hoje, é o mais vendido.
Isso explica a diferença de preços. O Jeep Commander traz em sua gama os motores 1.3 turbo flexível (4×2) de até 185 cv e 27,5 mkgf, e 2.0 turbodiesel (4×4) de 170 cv e 38,7 mkgf. Ou seja, é bem mais forte que o Creta com ambas as opções mecânicas. Entretanto, do lado da Hyundai, o objetivo não é o desempenho on e off-road, mas a oferta de conteúdos avançados.
Isso explica porque o novo Creta chega a salgados R$ 147 mil utilizando o motor 2.0 aspirado, que recebeu melhorias e, agora, entrega 167 cv e 20,4 mkgf de torque. Já o 1.0 turbo flexível de três cilindros é o mesmo da linha HB20, com até 120 cv e 17,5 mkgf a 1.500 rpm. É um motor que enche rápido, mas não entrega mais do que eficiência e baixo consumo.
Dessa forma, não há como comparar os dois novos SUVs, exceto pelos conteúdos tecnológicos. Por outro lado, quando observamos os modelos concorrentes, é possível dizer que Hyundai e Jeep dão um passo à frente das marcas rivais. No caso do Creta, falta motor ao modelo de topo. Mas o conteúdo supera, por exemplo, o Renault Captur 1.3 turbo.
Um novo padrão
Dito tudo isso, podemos dizer que os novos Hyundai Creta e Jeep Commander irão impor uma modernização aos concorrentes. Entre os SUVs compactos, por exemplo, até agora tinha-se já alguns recursos como câmera 360º, frenagem automática de emergência e alerta de ponto cego. Com o novo Creta, temos o ACC com o assistente de permanência em faixa.
Além destes dois recursos, o SUV da Hyundai é o primeiro da categoria a oferecer sistema de câmeras laterais, que projetam imagens no display do quadro de instrumentos quando a seta de conversão é acionada. Ou seja, sistema ainda mais seguro que o próprio alerta de ponto cego, que por padrão acende uma luz da região dos espelhos retrovisores.
O mesmo pode-se dizer do Jeep Commander com seu farto repertório eletrônico. O SUV é capaz de ler placas, tem faróis inteligentes Full LEDs, assim como um serviço de concierge dedicado aos clientes do modelo, que contam também com o botão SOS para emergências na cabine. Isso sem falar na multimídia de 10″ que conversa com o smartphone.
Aos amantes de tecnologia, o Commander pode incluir a assistente virtual Alexa, da Amazon. Assim, é possível dar comandos de voz por meio dela ao SUV, o que abre caminho para a integração completa do carro à “internet das coisas”. Nesse sentido, o Jeep também está um passo á frente dos rivais diretos, já que nenhum deles oferece tais recursos.
Multimídias avançadas
O SUV é capaz, ainda, de identificar de placas de trânsito, tem assistente de manobras, que faz a baliza de forma automática, e detector de fadiga do motorista. A lista de série traz, por fim, ajuste automático dos fachos alto e baixo dos faróis principais, bem como saídas de ar-condicionado e portas USB para os passageiros do banco traseiro.
Já o Creta tem câmeras 360º e a maior central multimídia da categoria, com 10,25″. O equipamento tem conexão com as plataformas Apple Carplay e Android Auto, e quadro de instrumentos com display colorido de 7″. E o seu sistema de frenagem automática de emergência reconhece outros veículos, assim como pedestres e ciclistas.
Fiat Pulse na mesma trilha
Outro SUV que está em reta final de lançamento no Brasil é o Fiat Pulse. E já sabemos que o modelo, que estreia em setembro, também vai apostar nas novas tecnologias. Para tanto, ganhou plataforma mais refinada que a do hatch Argo, que prevê até uma futura eletrificação. Não por menos, o Pulse terá vários dos recursos presentes no Creta e no Commander.
Ou seja, é nessa direção que o segmento caminha. E, nesse sentido, os carros nacionais começam a ficar no páreo com os feitos na Europa, EUA e Japão.