DIEGO ORTIZ
Se este comparativo entre o novo Citroën C3 1.6 Exclusive, tabelado a R$ 49.990, e o Chevrolet Sonic 1.6 LTZ (R$ 48.700) fosse um jogo, o C3 certamente ficaria no time das meninas e o Sonic, no dos meninos. Os dois fazem parte do segmento nomeado pelas montadoras de “compacto premium” e ostentam desenho atraente, acabamento caprichado e boa lista de equipamentos de série. Diferentes na essência – o C3 é delicado e o Sonic, moderninho -, fizeram um duelo disputado roda a roda, mas no fim quem levou a melhor foi o hatch da Chevrolet.
(Confira a fan page do Jornal do Carro no Facebook: https://www.facebook.com/JornaldoCarro)
Um dos diferenciais do Sonic é seu amplo espaço interno. Como tem entre-eixos maior, de 2,52 metros, ante 2,46 metros do C3, e é mais comprido (10 cm maior, com 4,04 metros), o hatch importado da Coreia do Sul trata com mais carinho o motorista, o carona da frente e as três pessoas que viajam atrás.
Diferentemente do C3, o Sonic não tem o terceiro encosto de cabeça na traseira. Essa economia sem sentido prejudica a segurança de quem vai no meio.
Na posição de dirigir, o C3, que é fabricado em Porto Real, no Rio de Janeiro, é melhor. Os dois carros oferecem ajustes de altura e profundidade para volante e assentos, mas o banco mais acolhedor do modelo fluminense, em conjunto com a direção mais centralizada, cansam menos o motorista.
Em contrapartida, por ter painel muito inclinado o C3 perde para o Sonic na facilidade de se alcançar os botões dos comandos de ar-condicionado e som.
O Chevrolet, por sua vez, tem o bojo da ignição muito grande, o que atrapalha. A perna direita acaba batendo ali vez ou outra, o que incomoda o motorista.
Artigo interessante no C3 é a ótima visibilidade frontal, graças ao seu longo para-brisa. Algo que o Sonic tenta compensar encapsulando o motorista em um acabamento mais moderno.
O Citroën não vai mal neste quesito. Ao contrário: é bastante elegante. Mas para quem gosta de inovação, o painel com estilo de motocicleta do Sonic (similar ao do Cobalt) agrada mais.
Com 1,6 litro e tecnologia flexível, os motores de Sonic e C3 são similares. O do Chevrolet gera até 120 cv e o do Citroën rende até 122 cv com etanol. Os modelos avaliados têm câmbio manual de cinco marchas.
Opcionalmente há caixa automática de seis marchas para o Sonic e de quatro para o C3.
Maciez contra aspereza – Os motores de potência e faixa de giro similares, além do peso praticamente idêntico dos dois modelos (1.127 kg para o Sonic e 1.139 kg para o C3), fazem desses concorrentes uma espécie de gêmeos de desempenho. Mas há um detalhe na construção que faz toda a diferença e que é coerente com as propostas de cada um: a suspensão.
O conjunto mais mole do Citroën privilegia o conforto e o mais endurecido do Chevrolet, as curvas. Nenhum dos dois beira o extremo, mas a diferença é significativa ao passar em buracos e ou na hora de aventurar-se em contornos mais audaciosos.
O ideal seria poder ter as duas em um mesmo carro. Como isso não é possível, a do Sonic leva vantagem por oferecer mais prazer ao dirigir.
Os pneus 205/55 R16 do Chevrolet também mostram mais aderência que os 195/55 R16 do concorrente. A mesma toada é seguida pela direção, suave na assistência elétrica do Citroën e direta no Sonic. Em alta velocidade, o sistema oferecido no C3 “endurece” de forma bastante satisfatória.
A assistência aos freios do hatch fluminense é exagerada. Os do sul-coreano dão menos sensação de artificialidade e são melhores de dosar em uma entrada de curva, por exemplo.
Voltando ao desempenho, os motores de ambos sobram. São perfeitos para o anda e para do trânsito urbano e totalmente capazes de enfrentar longas estradas.
O câmbio com engates secos e longos do C3 agrada, assim como o do Sonic, que é mais “macio” e tem relações mais curtas. Isso dá uma certa vantagem ao Chevrolet nas arrancadas em semáforos, por exemplo, e acabam deixando o sul-coreano à frente do rival outra vez.