Diego Ortiz
Dirigir picapes médias não é muito prazeroso. Por causa de aspectos como a suspensão, ajustada para o trabalho, elas pulam muito quando estão com a caçamba vazia e não são boas de curva. Com os utilitários-esportivos deveria ser diferente. Embora sejam grandalhões, eles podem (e devem) oferecer conforto, mas quando se comportam como os modelos dos quais derivam, põem a perder seu principal apelo: transportar famílias sem aperto. Neste comparativo entre versões de topo com motor turbodiesel e sete lugares, em que sobram preços altos e solavancos, o novato Chevrolet Trailblazer LTZ, tabelado a R$ 176.950, foi superado por apenas um ponto pelo veterano Toyota SW4, a R$ 181.910.
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Por ter projeto mais moderno, o Trailblazer vence com folga seu rival em espaço e visual interno – o SW4 é praticamente o mesmo desde 2005. Isso não quer dizer que o acabamento do Chevrolet seja melhor, mas é mais agradável à retina.
O sistema de acesso à terceira fileira de bancos é similar nos dois jipões, mas tem funcionamento mais suave no Traiblazer, que também é mais amplo. O nível de equipamentos também é equivalente e inclui quase tudo que carros que beiram os R$ 200 mil devem ter.
Após ligar a ignição, a distância entre os dois modelos começa a aumentar, com clara vantagem para o SW4. A posição de guiar agrada em ambos, mas a tarefa é menos árdua para o motorista do Toyota.
Mais esperto, apesar de ser menos potente, o SW4 acelera com mais vontade e faz curvas de maneira mais suave que o rival. O segredo está nos seus 2.020 quilos – são 137 quilos a menos que o concorrente.
Os 171 cv do 3.0 do Toyota surgem a 3.600 rpm, com o torque máximo chegando mais cedo ainda, a 1.400 rpm. Esse quatro-cilindros em conjunto com o câmbio automático de cinco velocidades, com relações curtas da primeira a terceira, proporciona bom desempenho tanto na cidade quanto na estrada.
No Trailblazer, por outro lado, é preciso reduzir bem a velocidade em curvas mais fechadas para que o modelo não passe sensação de insegurança. A culpa é da suspensão, que trabalha como a da S10, picape da qual o Trailblazer deriva. Muito molenga e permissiva em rolagens de carroceria, chega a incomodar ao trafegar em ruas esburacadas. O Toyota é firme, à mão e se comporta bem nos buracos das vias urbanas.
O quatro-cilindros do Chevrolet, embora tenha menor cilindrada, com 2.8 litros, oferece 9 cv a mais que o do rival: são 180. Seu torque é muito maior e surge a apenas 2.000 rpm.
Mas, como é pesado, o Trailblazer arranca com menos ímpeto. O câmbio automático de seis marchas, mais voltado ao conforto que ao desempenho, não colabora com o jipe. Entre a diversão e o conforto, venceu a primeira.