Os veículos chineses vendidos no Brasil seguem uma fórmula básica de preço baixo e ampla lista de itens de série. O Chery S-18, que chega tabelado a R$ 31.990, não foge à regra e traz um diferencial de peso: é o primeiro carro feito na China a ter motor flexível – 1.3 de até 91 cv. Neste comparativo o estreante – que ainda nem tem cotação de seguro disponível – encara o Uno, um rival difícil de bater. Na versão Attractive, o Fiat com motor 1.4 (88 cv) parte de R$ 31.190 e, embora seja bem menos equipado, acabou vencendo o novato.
De série o S-18 traz ar-condicionado, direção hidráulica, espelhos, vidros e travas elétricos, ABS, air bags frontais, toca CD’s e MP3 com entrada USB, regulagem de altura de volante e faróis e rodas de liga de 14 polegadas. Não há opcionais.
Para ter o mesmo nível de equipamentos, o preço do Uno sobe para R$ 37.741. A diferença em relação ao rival chega a 21%.Nos quesitos preço e desenho, dois dos principais motivos que levam à compra de um automóvel, o Chery vai bem. Mas há atributos nos quais o chinês “derrapa” e não consegue alcançar o mineiro. A começar pelo motor.
O S-18 vem com o 1.3 Acteco bicombustível de até 13 mkgf de torque. No caso do 1.4 Evo do concorrente, por sua vez, a força máxima é de 12,5 mkgf.
Comparando apenas os números, mesmo sendo menor o propulsor do Chery parece ser mais promissor, porém seu torque só aparece 1.100 rpm depois e o carro pesa 114 kg a mais que o Fiat. Resultado: há leve vantagem para o Uno, que arranca melhor, retoma com mais vigor e enfrenta melhor as subidas.
O câmbio não é lá essas coisas em nenhum dos dois, mas o do Uno ganhou pela marcha a ré, que, como deveria, engrena sempre, ao contrário do que ocorre com a do S-18. Aliás, o pomo do câmbio do chinês avaliado não estava bem fixado e girava.
A posição de dirigir do Uno é mais agradável, seus bancos oferecem melhor acolhida e o acabamento interno é um dos mais bem feitos, embora não seja o ponto forte de nenhum dos dois hatches. No S-18 há algumas peças que aparentam fragilidade, como os botões de acionamento do ar-condicionado.
A suspensão do Fiat é mais adequada às ruas brasileiras e sua carroceria rola menos nas curvas. Por outro lado o Chery oferece mais estabilidade e é melhor para contornar curvas fechadas.
O espaço também é maior no Uno, principalmente para os passageiros de trás e bagagens. Seu compartimento de carga comporta 280 litros, ante 160 litros do porta-malas do S-18. O quesito espaço é definido a favor do Fiat também pelo entre-eixos 4 cm maior (2,37 metros).
O isolamento acústico do motor é melhor no chinês. Já o ruído de rodagem é ruim em ambos. Mas é na falta de um ajuste fino de produção que o S-18 acaba perdendo pontos importantes.
Com apenas 165 km rodados a unidade avaliada estava com a direção desalinhada para a direita. Em ruas esburacadas a tampa do porta-luvas fazia barulho, surgiram “grilos” no painel e bastava estacionar o Chery em ladeiras para surgir uma enorme dificuldade para acionar o alarme.
Um acabamento melhor nas alavancas de abertura interna do porta-malas e tanque de combustível também cairiam bem.